9 mulheres brasileiras que fazem (ou fizeram) diferença no mercado


O espaço também é delas! Estilistas, jornalistas e produtoras de conteúdo fazem parte das histórias cantada no novo espaço Os holofotes na moda parecem desviar, em um movimento estrutural, das mulheres. Quando olhamos para o mercado de luxo internacional, o desequilíbrio é ainda maior. Quantas grifes foram fundadas ou têm mulheres na direção criativa?
No Brasil, a história da moda é capitaneada por elas. Da costura aos desenhos, das ideias ao caminhar nas passarelas, as brasileiras ajudam a construir uma estética nacional vital para a autoestima da nossa sociedade e, consequentemente, atrativa para o mercado externo.
Os exemplos passam por Zuzu Angel interpretando o Brasil à sua maneira, Luana de Noailles, primeira modelo afro-brasileira a ter uma carreira internacional, e Day Molina, estilista que direcionou o olhar decolonial à moda. A seguir traçamos uma linha do tempo da moda brasileira com essas e outras pioneiras.

Zuzu Angel
Sem a mineira Zuleika de Souza Netto, a moda brasileira não teria essa associação rápida que fazemos à vivacidade. E não digo apenas em questão de estética, mas principalmente de ideia e ação. Considerada a primeira estilista do país, Zuzu, na verdade, se considerava costureira, ofício que aprendeu com a mãe. Entre os anos 1950 e 1970, a carreira deu uma guinada. As peças, que até então era feitas para as vizinhas, ganharam uma ateliê em Ipanema e depois conquistaram o mundo, especialmente os Estados Unidos, com uma moda genuinamente brasileira.
Zuzu Angel
Getty Images
Mais do que exportar as cores, a matéria-prima e a essência do país, Zuzu aproveitou o alcance internacional para fazer justiça pelo filho e por tantas outras vítimas da ditadura militar. Após o desaparecimento e morte do seu filho Stuart Angel, na década de 1970, a estilista fez um desfile histórico nos EUA com mensagens codificadas nas peças para alertar sobre a opressão instaurada no país e cobrar notícias sobre o paradeiro do filho. Personagens amordaçados, passarinhos dentro de gaiolas e aviões que carregavam presos políticos estamparam peças desfiladas no consulado brasileiro em Nova York. Em 14 de abril de 1976, Zuzu foi morta em um acidente de carro, que, como ela alertou, foi orquestrado pelos militares. “Se algo vier a acontecer comigo, se eu aparecer morta por acidente, assalto ou qualquer outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho”, disse a estilista em uma carta.
Luana de Noailles
Luana de Noailles
Glamour Brasil
Batizada de Simone Raimunda, Luana de Noailles ganhou essa nova identidade depois de ser escolhida para um desfile da Rhodia, em 1966. O trabalho, que foi pano de fundo para o início de uma amizade com Paco Rabanne, a instigou a cruzar o oceano para desbravar um mercado com estrutura racista ainda mais enraizada que nos dias de hoje. Sua aposta rendeu frutos: no portfólio, posou e desfilou para casas como Chanel, Christian Dior, Givenchy, Yves Saint Laurent e Valentino. Sua empreitada abriu caminhos para gerações futuras de modelos pretas, como Veluma, Emanuela de Paula, Laís Ribeiro, Pathy de Jesus e Stephane Kumm.
Costanza Pascolato
O ápice da elegância e do entendimento das relações mora na existência de Constanza, que nasceu na Itália, mas escolheu o Brasil como mar. Apelidada de “papisa da moda” por Joyce Pascowitch, a consultora de moda teve coluna em grandes veículos, sendo que a atual é na Vogue, e não se restringe à bagagem que adquiriu no passado. O olhar da expert para o novo está sempre atento, assim como seus questionamento que não passam batido.
Costanza Pascolato
Divulgação
Regina Guerreiro
Regina Guerreiro é a homenageada na SPFW N58
Instagram
Quando começou no jornalismo, Regina Guerreiro se enveredava pelas notícias policiais, que ganhavam as páginas do tradicional Jornal do Brasil. A moda apareceu depois de uma passada em um editorial e, a partir disso, foi amor à primeira vista. Como diretora de moda de grandes veículos do país, Regina traduziu coleções, desfiles e movimentos do mercado com honestidade e muitas certezas da sua interpretação, o que gerava um certo receio de que tom iria a resenha da jornalista. Em 2024, a crítica foi tema da exposição “As Joias da Rainha” no SPFW N58, que conectou contemporâneos de Regina e uma geração mais incipiente ao legado desta personalidade.
Gisele Bundchen
A magnitude que Gisele Bundchen alcançou no mercado da moda é algo sem precedentes, independente do recorte de nacionalidade. No alto dos seus 1,80 m, a supermodelo de Horizontina, no Rio Grande do Sul, faz parte da geração de tops brasileiras que dominaram as passarelas entre os anos 1990 e os 2000. Ao longo dessas décadas, Gisele estampou mais 1000 revistas e foi a modelo mais bem paga por 15 anos. Se um dos primeiros desfiles já foi apoteótico – em 1996, ela desfilou para Alexander McQueen, enquanto a despedida do SPFW aconteceu em 2016 na coleção de verão da Colcci. Hoje, Gisele se dedica mais a campanhas e, claro, aos três filhos: Vivian Lake e Benjamin Rein.
Gisele Bündchen
Reprodução/Instagram
Day Molina
Nascida em Niterói, mas com raízes das etinias Aymara e Fulniô, em Pernambuco, a estilista consolidou sua marca com uma moda pautada por manualidade, matéria-prima natural e simbolismo ancestral. “Quero honrar todos os ancestrais que puderam estar aqui antes de mim, percorrendo caminhos desafiadores, porque eles também prepararam a estrada para que eu estivesse aqui”, disse a estilista no Geração Glamour 2024. Desenvolvendo a moda nacional de forma transversal, ou seja, nas passarelas, na academia e até na literatura, Dayana Molina é fundadora e diretora criativo da marca de moda Nalimo.
Day Molina, fundadora e diretora criativa da Nalimo
Divulgação
Isa Silva
Com o mantra “Acredite No Seu Axé”, Isa Silva tem deixado a moda nacional cada vez menos engessada. Quem já assistiu aos desfiles da estilista à frente da Isa Isaac Silva, sabe do que estou falando. As coleção são apresentadas em performances e as peças bebem na origem baiana da diretora criativa, mas também em suas referências, como a Marcia Pantera e o axé music. É impossível ficar parado e não sair com mais conhecimento após cada desfile da marca.
Isa Isaac Silva
Luciana Prezia/Glamour Brasil
Rita Carreira
Rita Carreira
glamour
Em 2019, Rita Carreira era apontada aqui na Glamour como aposta da temporada, o que se consagrou. Além de SPFW, a modelo já desfilou para a Carolina Herrera, no Rio de Janeiro, e também na Paris Fashion Week. A vivência enquanto uma mulher negra e gorda ainda é refletida nas redes sociais.
Rafaella Caniello
Rafaella Caniello
Divulgação
“É uma honra sem tamanho estar aqui. Fazer roupa é um ato coletivo. Costumo dizer que eu não sou estilista, sou canalizadora de todos os talentos que tenho ao redor de mim”, disse Rafaella Caniello ao receber o prêmio de “Estilista do Ano” no Geração Glamour 2023. Orquestrando a badalada e fresh Neriage, a estilista tem atualizado códigos do guarda-roupa feminino com autenticidade, que atrai desde de estrelas dos audiovisual à primeira-dama. Rafaella também costuma recorrer à arte, à literatura e à sua própria poesia para dar vida a roupas que contam e devem contar mais histórias.
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Fonte: Glamour

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