Renner explica autos de infração e nega anormalidade em bônus a executivos; ação fecha em queda | Empresas

A Lojas Renner foi perguntada por analistas, nesta sexta-feira, em teleconferência, sobre a informação de um auto de infração no valor de R$ 150 milhões, em janeiro. Ainda houve um segundo, de R$ 27 milhões no mês passado, na controlada Realize. O tema está em entre os chamados “eventos subsequentes” que constam das notas explicativas do balanço. A ação da empresa fechou em queda de 13,71%.

Em 6 de janeiro de 2025, foi lavrado auto de infração de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido por suposta exclusão indevida de subvenções para investimento, referente a incentivos fiscais de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) , diz a empresa nas notas das demonstrações financeiras divulgadas ontem.

O auto se refere aos anos de 2021 e 2022, no valor de R$ 150 milhões, já descontado de R$ 87 milhões relativo à alíquota de IRPJ/CSLL incidente sobre prejuízos fiscais de anos anteriores.

A empresa disse hoje aos analistas em teleconferência de resultados que os assessores jurídicos da rede classificaram a perda como “possível”, em especial pela adequação do procedimento realizado ao disposto pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento recente sobre subvenções, que mudou as regras de direito de uso de créditos de ICMS.

Ainda houve um auto de infração lavrado na controlada financeira Realize em 15 de janeiro de 2025, por suposta exclusão indevida das despesas de correspondente bancário da base de cálculo do PIS e Cofins cumulativos, dos anos de 2020 a 2024, no valor de R$ 27 milhões.

Os assessores classificaram a perda como “possível”, em especial pela inexistência de decisões definitivas desfavoráveis vinculantes, diz a nota explicativa.

Rede nega anormalidade em bônus a executivos

A Renner não sentiu “degradação de ambiente” ou deterioração em 2025, afirmou Fabio Faccio, presidente do grupo.

O comando foi questionado pelos analistas sobre menor diluição de despesas do que o esperado pelo mercado de outubro a dezembro e sobre pagamento de bônus a executivos.

A analista da XP, Danniela Eiger disse que o valor pago surpreendeu a equipe do banco.

Faccio disse que os pagamentos a executivos em 2023 ficaram abaixo da média, o que passa a percepção que em 2024 esse montante foi alto. Agora o patamar teria voltado ao nível normalizado.

O executivo afirmou ainda que a Renner implementou regras para remuneração variável no ano, e após a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, a provisão para isso caiu, e depois subiu novamente. A empresa não mencionou valores na teleconferência

A rede teve queda de 7,5% no lucro de outubro a dezembro.

Sobre remuneração dos administradores, incluindo opções de ações, foram de R$ 49,9 milhões em 2024, versus R$ 39,9 milhões em 2023.

A respeito das despesas, diversos analistas perguntaram sobre menor diluição frente a 2023, e a empresa disse que não havia nenhuma razão específica. Normalmente o fim de ano tem despesas com vendas maiores, segundo a empresa, e não há uma expectativa de extensão desse efeito em 2025.

As despesas operacionais totais subiram 21% de outubro a dezembro e a receita líquida do varejo subiu menos, 9,7%.

O executivos presentes à teleconferência mencionaram alguns pontos já informados no relatório de resultados do trimestre, como fluxo de caixa livre recorde de outubro a dezembro e os cinco trimestres consecutivos de alta nas vendas pelo volume maior de peças vendidas e de transações.

Eles ressaltaram que a Renner teve nível mais baixo de remarcação de preços num trimestre desde 2016 e que começou, em janeiro, a migração da operação on-line para o novo centro de distribuição, em Cabreúva (SP).

Esse processo termina no segundo semestre. A empresa ainda disse que aumentou a cobertura por meio de operações de hedge no ano.

Faccio voltou a lembrar que a Renner conclui investimento mais relevante da companhia em 2024, que envolve o centro de armazenagem.

A respeito das variações do papel da empresa em bolsa, ele afirmou que entende que o valor das ações não refletem os reais fundamentos do grupo.

Em 2024, a empresa teve R$ 1,2 bilhão em lucro líquido, alta de 22,6%, mas de outubro a dezembro, o valor caiu 7,5%, para R$ 487,2 milhões.

Para justificar o recuo, a empresa disse no balanço que a questão é que a base de 2023 foi alta, por isso, agora o lucro cai — o recuo ocorreu no período mais forte de vendas do ano, quando acontece Natal e Black Friday.

De outubro a dezembro, a receita líquida de varejo subiu 9,7%.

O grupo cita os juros sobre os créditos tributários recuperados no mesmo período de 2023 e as baixas de ativos fixos de R$ 133,5 milhões no fim de 2023, que não ocorreram em 2024.

“Em bases comparáveis, para melhor avaliação do desempenho operacional, este resultado cresceu 30%”, diz no material ao mercado.

Renner — Foto: Reprodução/Facebook
Renner — Foto: Reprodução/Facebook

Fonte: Valor

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