Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do general Estevam Theophilo negou que o ex-comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter) tenha participado de uma trama golpista com o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Ele foi um dos 34 denunciados por atuar na tentativa de golpe pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a acusação, o general teria concordado em “coordenar o emprego das forças terrestres” em 2022 para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os advogados apontaram supostas contradições nos depoimentos dados pelo tenente-coronel Mauro Cid, em seu acordo de colaboração premiada. Segundo a defesa, em agosto de 2023, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro classificou Theophilo como integrante do grupo “moderado”, que entendia que nada poderia ser feito para mudar o resultado das eleições.
Segundo Mauro Cid, o general era próximo ao então comandante, Freire Gomes, e estava no grupo “jamais iria romper o círculo de legalidade”.
Já em um depoimento de 15 de março de 2024, Mauro Cid teria dito à Polícia Federal (PF) que Theophilo “inexplicavelmente” teria aceito cumprir o suposto “decreto” de ruptura democrática, caso Bolsonaro assinasse a ordem. Para a defesa, essas declarações romperam “com qualquer lógica, coerência ou plausibilidade”.
A defesa também citou testemunhos escritos e enviados ao STF antes da denúncia de integrantes da cúpula do Exército, entre eles de Freire Gomes, apontado como um dos militares que impediu o golpe. No depoimento, ele afirmou que Theophilo era de sua “total confiança”.
Essa também foi a linha adotada pelos advogados do tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, também denunciado pela PGR. Eles afirmaram que o militar, que integrava o Coter, não teve envolvimento na trama golpista.
Para a defesa, a acusação foi alicerçada em “encaminhamento de mensagens sobre sua opinião acerca do cenário político brasileiro, ganhando destaque face a sua posição como militar e formação em Operações Psicológicas, não trazendo pois comprovação de contato com os demais acusados apresentados no núcleo ao qual foi incluído”.
Uma dessas mensagens foi encaminhada a Mauro Cid e link original da live no canal “La Derecha Diario”, do influenciado argentino Fernado Cerimedo, que também foi investigado por espalhar “fake news” sobre as urnas. A defesa, no entanto, argumentou que as mensagens “não foram se quer abertas, tão pouco respondidas, não podendo, ser consideradas trocas de mensagens”.
Fonte: Valor