Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
11 de março de 2025
As mulheres revelam-se em toda a sua força e esplendor na Paris Fashion Week (PFW). As coleções de prêt-à-porter femininas para o outono-inverno 2025/26 expressam o seu espírito livre e conquistador através de looks tão fortes quanto refinados. Em particular, os desfiles de segunda-feira, 10 de março, de Chitose Abe para a Sacai, Marine Serre e Gabriela Hearst. Três estilistas talentosas ao serviço de mulheres simultaneamente poderosas e sedutoras.
A Sacai criou uma coleção deslumbrante. A silhueta poderosa e escultural, na qual os materiais mais díspares se misturam naturalmente, é reinventada por golpes de tesoura hábeis.
Os xales de tweed com franjas contornam o corpo, transformando-se em capa curta, terno, casaco, colete e saia com painéis, por vezes ladeados por elementos vibrantes, como grandes lantejoulas pretas ou rubis (tops sem alças, calças de ganga) ou um véu de tule vermelho que em um terno escuro.
Este movimento em espiral repete-se na maioria dos looks. Em particular, nos vestidos poncho de lã. A malha gira em torno do corpo em várias camadas, com a sua borda franjada enfeitada com grinaldas. O mesmo princípio é aplicado aos edredons sobrepostos diagonalmente a um casaco de penas, ou às peles viradas ao contrário, usadas como capa, xale, casaco e vestido. Ou vestidos de malha com nervuras finas que se fundem com pullovers de malha grossa, abraçando a parte superior do corpo em écharpe e pèlerine.
O pêlo é omnipresente, injetando volume e calor extra no conjunto, enxertando-se nas mangas de um casaco de cabedal, tomando conta de um vestido curto, estendendo uma luva ou um pulso em um cachecol chique, ou cobrindo bailarinas com cabelo encaracolado flutuante. Outros destaques são os casacos e blusas que se dividem em dois e os conjuntos com estampas noturnas. Uma coleção repleta de criações únicas.
Marine Serre também se destaca com uma coleção que combina poder e sensualidade. O cenário perfeito é a Monnaie de Paris, onde as escadas e o corredor, com os seus azulejos pretos e brancos e as suas longas cortinas de veludo vermelho, fazem lembrar o “Quarto Vermelho” da série Twin Peaks. De David Lynch a Irma Vep, a famosa assaltante de bancos de terno preto criada por Louis Feuillade e celebrizada por Olivier Assayas, o designer prestou homenagem ao cinema e às suas misteriosas personagens femininas.
Logo na abertura do desfile, o tom foi dado com uma série de looks totais em pele. Um macacão estilo mulher-gato, um casaco e vestidos, alguns cortados a partir de casacos e calças de motard, eram acentuados com reforços acolchoados nos ombros e nas laterais e seios marcados com cones.
“Aos 33 anos, atingi um novo nível como designer e para a minha marca. Há uma certa maturidade e isso sente-se na coleção. Quis redefinir a arquitetura das roupas e a silhueta Marine Serre em torno de linhas dos anos 50 e 80, que lhe dão força”, explica a criadora.
A marca está abandonando a sua manta de retalhos de estampados em forma de lua crescente e a subir de gama com designs mais chiques e simples. A emblemática lua crescente invertida, que caracteriza a marca desde a sua criação, mantém-se, mas agora mais discreta, em joias, desenhadas no interior de botões com rebordo dourado ou como laço e pérola para fechar um casaco ou a gola de um vestido sereia em jersey recortado.
O novo guarda-roupa de Marine Serre inclui fatos de negócios, belos casacos pretos e maxi casacos, pequenos vestidos com golas de marinheiro ou em popelina de algodão com mangas atadas ao pescoço ou à cintura, e camisas de noite justas em nylon ou jersey acetinado, por vezes embelezadas com rendas. As peças eram “simples mas elegantes”, com a ideia de “vender sonhos, que são realistas, com vestidos que se podem comprar e, sobretudo, vestir”, sublinhou a estilista.
O desfile encerrou com uma série de peças únicas e soberbas feitas a partir de materiais reciclados. Entre elas, um casaco feito de caudas e pele de raposa, gabardinas revisitadas e usadas duas vezes, um incrível minivestido metálico feito com centenas de braceletes de relógios antigos e um vestido sem alças feito com o mesmo número de medalhas de ouro a tilintar na ponta de uma fita vermelha. O look final é um impressionante vestido de baile, que parece cortado de uma colcha acolchoada.
Gabriela Hearst também tem empatia com as mulheres, com peças importantes mas fáceis de usar. De volta às passarelas parisienses desde setembro passado, a estilista uruguaia, defensora do luxo eco responsável, atraiu multidões na segunda-feira com um desfile poderoso.
Mais uma vez, centrou-se nas deusas, nomeadamente das civilizações neolíticas, cujos símbolos e desenhos utilizou em algumas das suas criações.
A moda de Gabriela Hearst é concebida para as mulheres e favorece todas as formas do corpo, incutindo bem-estar e confiança através de peças importantes e imponentes que nunca se sobrepõem à personalidade de quem as usa. Para o próximo inverno, a ênfase é colocada nos looks monocromáticos e nos materiais estrela como a lã, o pêlo e o couro.
Grandes casacos e conjuntos de efeito plush são feitos de fios de seda, enquanto uma saia de pelo comprido é feita de caxemira. Em outras partes, a criadora recupera tiras de Vison que recompõe sob a forma de Intarsia em casacos e blusões cintilantes. Também propõe uma série de belas peças em napa.
Copyright © 2025 FashionNetwork.com. Todos os direitos reservados.
Fonte: Fashion Network