Nos Estados Unidos, 2025 já é o ano da misoginia

Parece que todos os dias deste ano aparece alguma manchete sobre mulheres sendo menosprezadas, discriminadas ou perdendo direitos que conquistamos há décadas. Desde Mark Zuckerberg dizendo a Joe Rogan que as empresas precisam de mais “energia masculina” até as ordens executivas de Donald Trump desmantelando programas de diversidade e inclusão, além de movimentos preocupantes de parlamentares estaduais americanos para empurrar os limites dos direitos das mulheres, é quase demais para processar.

Mas estamos processando — e documentando. Abaixo, 10 momentos que exemplificam essa tendência preocupante apenas nas primeiras semanas de 2025, cada um deles impulsionado pelo crescimento da “homensfera” e pela eleição de Trump. Mas, desta vez, lamentar não é uma opção. Devemos nos manter engajadas, proteger nossa paz, doar para causas que nos importam, fazer diferença apoiando aqueles em nossas vidas e denunciar esse comportamento quando o virmos.

O fundador da Meta aparentemente tomou a eleição de Trump como um sinal para se transformar em um bajulador de homens. Zuck, que tem três filhas, caso você esteja se perguntando, começou 2025 com uma série de iniciativas “anti-woke”, incluindo uma reviravolta radical nos sistemas de checagem de fatos da empresa, o desmantelamento de programas de diversidade e a remoção de absorventes dos banheiros masculinos, que haviam sido disponibilizados para funcionários trans e não binários.

A implicação é que homens são fortes e mulheres são fracas. Energia masculina equivale a agressão, que equivale a força, que equivale a… sucesso corporativo? Mesmo que isso fosse verdade, não parece que a América corporativa está sofrendo com a falta de homens. As mulheres lideram apenas 8% das grandes empresas; de fato, até 2023, havia mais CEOs chamados John do que mulheres CEOs no total.

Um senador conservador está levando a guerra da direita contra o divórcio a um novo nível, introduzindo uma legislação que ofereceria um incentivo fiscal para casais que se casarem no regime “covenant marriage” – casamento de aliança, em tradução livre–, uma forma legal de casamento nos Estados Unidos que, segundo a lei americana, é um acordo onde o casal concorda que o casamento nunca vai terminar, se tornando muito mais difícil de dissolver.

O SB 225, de autoria do senador Dusty Deevers, supostamente pretende “fortalecer a instituição do casamento e promover a liberdade religiosa daqueles que desejam entrar em uma união matrimonial sob termos religiosos”. Ao entrar em um chamado “casamento de aliança”, um casal só poderia se divorciar legalmente se um dos cônjuges provasse abandono por pelo menos um ano, adultério ou abuso contra si ou contra seu filho. Se concordarem com esse tipo de casamento, o projeto propõe que recebam um incentivo fiscal de US$ 2.500 ao declararem juntos ou US$ 1.250 separadamente.

Essencialmente, o casamento de aliança não permitiria o divórcio sem culpa, que possibilita a separação sem necessidade de provar erro. O divórcio sem culpa, implementado nos anos 60, foi uma grande conquista para os direitos das mulheres, permitindo que saíssem mais facilmente de situações infelizes ou controladoras. Embora os casais em Oklahoma possam optar por esse tipo de casamento, críticos e defensores alertam que a parceria pode abrir espaço para abusos.

Pete Hegseth, ex-apresentador do Fox and Friends Weekend, está atualmente tentando ser confirmado como secretário de defesa de Trump. Sua nomeação gerou controvérsias por várias razões, mas a mais preocupante é sua longa lista de alegações de má conduta contra mulheres. Hegseth foi acusado de estupro em 2017, e a ex-mulher de seu irmão, Danielle Hegseth, declarou em um depoimento juramentado que ele foi abusivo com sua segunda esposa, Samantha Hegseth.

Legal, certo? Não tão rápido. Para se tornar a 28ª Emenda da Constituição, 38 dos 50 estados precisavam ratificá-la. Isso não aconteceu até 2020, quase 50 anos depois de ser proposta, e significava que perdeu os prazos estabelecidos pelo Congresso para ser ratificada todos esses anos atrás. E alguns dos estados que já a ratificaram naquela época, como Nebraska e Idaho, dizem agora que querem revogar seu apoio, complicando ainda mais uma questão já muito complicada.

“Eu gostaria que tivesse sido feito antes, porque é muito importante”, disse Christian F. Nunes, líder da Organização Nacional das Mulheres, à AP. “O fato de estar sendo feito agora é mais importante do que o fato de ter demorado tanto, mas não podemos continuar adiando as proteções e os direitos iguais das mulheres neste país.”

No primeiro dia de sua nova administração, Trump também assinou uma ação executiva devastadoramente cruel que visava os americanos trans. Sob o pretexto de “proteger as mulheres”, a ordem afirma que existem “dois sexos, masculino e feminino.” A ordem declara que esses sexos “significam uma pessoa pertencente, na concepção, ao sexo que produz a célula reprodutiva grande.”

De acordo com o New York Times, todas as unidades da Guarda Costeira foram informadas de que Fagan havia sido demitida na manhã seguinte à posse de Trump. Na mensagem, o secretário interino do Departamento de Segurança Interna, Benjamine C. Huffman, não deu razão para a demissão de Fagan, apenas mencionou que ela “teve uma carreira longa e ilustre.”

Embora seja difícil saber ao certo o que aconteceu aqui, o fato de Fagan, a primeira e única mulher a ocupar essa posição, ter sido demitida apenas um dia após a posse de Trump, e as razões abertamente políticas citadas, realmente fazem refletir sobre quanto da sua demissão foi motivada politicamente.

A ação de quarta-feira fez parte de um movimento maior contra a iniciativa de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) pela nova administração de Trump, que afirma querer devolver aos EUA uma meritocracia. No seu primeiro dia no cargo, Trump assinou outra ordem que acabou com programas de diversidade, equidade e inclusão destinados a garantir que mulheres, pessoas de cor e outros grupos marginalizados não enfrentassem discriminação dentro do governo federal.

Fonte: Glamour

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