Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
14 de março de 2025
Lançada em 2019, a Vegan Fashion Week reinventou-se como “Ethical Luxury Summit”. O evento de dois dias terminou com um “Golden Hour Fashion Show” dedicado à sustentabilidade e aos jovens designers.

“O Ethical Luxury Summit marca uma grande evolução da Vegan Fashion Week”, explicou Rienda. “Há seis anos, ninguém falava realmente sobre tecidos veganos ou sustentabilidade. O meu percurso pessoal, os meus encontros com designers emergentes e as nossas conversas sobre a utilização de tecidos animais reciclados e materiais produzidos de forma ética ajudaram o nosso evento a evoluir. Hoje, estamos expandindo o nosso evento para incluir moda ética. Esta nova abordagem está agora recebendo mais atenção de grifes de moda e marcas de luxo, e abrindo novas portas”.
O ponto alto do evento, o “Golden Hour Fashion Show”, reuniu uma série de convidados, incluindo o podcaster e autor de bestsellers Jay Shetty; a atriz Richa Moorjani; o príncipe e xamã norueguês Durek Verrett; o ator e artista francês Romain Brau; e o estilista Philippe Uter.
A famosa escola parisiense École Duperré abriu o desfile com a apresentação de coleções de dois jovens designers da escola. “A nossa participação está ligada à nossa curiosidade e também ao nosso foco na moda sustentável, que está no nosso DNA”, explicou Mathieu Buard, diretor de Estudos de Moda e Imagem da École Duperré.
“A escola trabalha com tecidos reciclados há muito tempo, mesmo antes de começarmos a falar sobre ecologia e sustentabilidade.”

Assistidas por 400 convidados, as silhuetas mutantes do designer Victor Clavelly, encantaram um público de Los Angeles sempre apaixonado por histórias de alienígenas. Famosa há alguns meses pela sua colaboração com Rick Owens em torno de umas extraordinárias botas de penas, Clavelly apresentou vestidos curtos e lamé com ombreiras pontiagudas, tops pixelizados e macacões com padrões vegetais pontuados por mãos longas que lembram a anatomia alienígena.
Seguiu-se outro talento, Guy Chassaing, também formado pela École Duperré, e hoje parte da etiqueta Alaïa. “Oito silhuetas volumosas inspiradas na minha vontade de reciclar e na minha avó, que usava trapos, farrapos e lenços para montar looks e mais looks“, disse Chassaing.
“Este é o ponto de partida da minha coleção, que é criada a partir de retalhos de lã costurados um a um em organza de seda.”
A segunda parte do desfile apresentou o coletivo de moda marroquino Label Oued em uma coleção ultra colorida repleta de referências a Marrocos e à Califórnia. Uma coleção manifesto cocriada por quatro designers – Mina Binebine, Nadia Chellaoui, Youssef Drissi e Angeline Dangelser – e produzida em colaboração com a Balmain, fornecedora dos tecidos.

“Desde 2023 que o Label Oued reúne designers marroquinos e ajuda-os a brilhar internacionalmente”, explicou Dangelser, antigo designer de grifes de luxo parisienses, agora radicado em Casablanca.
“Para além do savoir-faire tradicional, os encorajamos a se interessarem pelas inovações têxteis e a oferecerem uma alternativa à fast fashion. A colaboração com a Balmain e fabricantes têxteis como a Subliwear deu origem a esta coleção original, que tanto sequestra os símbolos marroquinos como brinca com os códigos californianos.”
Paralelamente ao desfile, o Ethical Luxury Summit organizou também seis mesas redondas e conferências explorando a relação entre o luxo e a moda ética. Entre os temas discutidos estiveram “Será a moda ética o novo luxo?”; “IA, tecnologia da moda e transparência nos bens de luxo”; e “O papel do artesanato e do patrimônio cultural no luxo moderno”.
O evento convidou também cerca de 20 marcas internacionais e designers éticos para apresentarem as suas coleções e histórias na sua galeria de designers. Entre elas estavam marcas locais e fabricadas em Los Angeles, como a Tanaka, uma marca de upcycling fundada pela designer britânica Ana Tanaka; e bolsas feitas de fibras de cactus ou maçã por Carter Wade.

Representado pela assessoria de imprensa Maison Privée, com sede em Los Angeles, De Florencio revelou a marca “rockstar, streetwear e futurista” fundada por Nino Cutraro e feita inteiramente de estoques mortos em Los Angeles. Uma marca adorada pelos Tik-Tokers e influenciadores que acorreram ao Melrose Trading Post, onde esta apresenta regularmente as suas coleções.
Por sua vez, o atelier de alta-costura parisiense Atelier 7474 e a sua fundadora Audrey Geschwind apresentaram as suas criações supra VIP. Habituada a colaborar com as grandes maisons de luxo, da Balmain à Loewe, criando figurinos para a Ópera de Paris, e para grandes estrelas internacionais como Rihanna, Ariana Grande e Lady Gaga, a estilista apresentou em Los Angeles as suas criações revisitando os tradicionais tutus.
“Acabamos de voltar de Las Vegas, onde apresentamos looks exclusivos no certame Magic. Uma espécie de tutu invertido para homem, cada peça exigindo mais de 100 horas de trabalho manual”, disse Geschwind. “Como o mercado americano é crucial para a nossa empresa, também aproveitamos o Ethical Luxury Summit para apresentar a minha coleção de vestidos modulares de joalheria, feitos a partir de estoques mortos”.

A poucos passos do Atelier 7474, a marca italiana de calçado Zingales revelou os seus modelos veganos Richelieus e Derby. “O mercado americano é crucial para o nosso desenvolvimento e está particularmente aberto ao calçado vegano”, explicou o fundador da marca e vegetariano, Vincenzo Zingales. “Os nossos sapatos são feitos de uma camurça alternativa do futuro, fabricada a partir de ultra microfibras sem PVC. Até a sola Vibram é feita com 90% de ingredientes não petroquímicos, até à cor feita com pigmentos naturais”.
A primeira edição do Ethical Luxury Summit, organizada com o apoio do grupo MMGNET, terminou com uma gala de angariação de fundos no rooftop do California Market Center, onde coquetéis e lanches veganos do chef pasteleiro francês François Daubinet foram apreciados pelo público.
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Fonte: Fashion Network