DJ alemã se apresenta neste sábado (12) no icônico festival — consolidando de vez seu lugar não só entre os nomes mais excêntricos da cena eletrônica atual, mas também entre os mais intrigantes. No meio do deserto da Califórnia, no calor do Coachella, uma figura inusitada atrai olhares curiosos, celulares erguidos e uma multidão pronta para dançar. De máscara marrom com um coração branco entre os olhos e trejeitos que mais lembram um animal de fazenda do que uma artista da música eletrônica, a alemã Horsegiirl se apresenta neste sábado (12) no icônico festival — consolidando de vez seu lugar não só entre os nomes mais excêntricos da cena eletrônica atual, mas também entre os mais intrigantes.
Stella Stallion, como se apresenta, evita a todo custo revelar detalhes da vida pessoal. Ao invés disso, construiu uma personagem que parece ter saído de um universo alternativo: uma híbrida de humana com cavalo, famosa “no reino animal” antes mesmo de viralizar entre os humanos. Segundo ela, sua carreira musical começou muito antes de ser descoberta por uma popstar chamada “Whitney Horseton” durante um festival de colheita — uma narrativa que, embora lúdica, é levada a sério por sua base fiel de fãs.
A identidade oculta por trás da máscara faz parte da performance, mas não diminui o impacto de seu som nas pistas. Com batidas que flertam com o hardcore, trance e eurodance, Horsegiirl começou a ganhar projeção em 2022, quando seu single My Barn My Rules explodiu nas redes sociais, especialmente no TikTok. Desde então, a DJ já se apresentou em clubes lendários como o Berghain, em Berlim, e no Electric Daisy Carnival, em Las Vegas.
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Horsegiirl
Reprodução/Instagram
Sua estética brinca com o bizarro e o kitsch. Para além da máscara, seus figurinos e atitudes no palco parecem saídos de um sonho maluco envolvendo pistas de dança, contos de fadas e um estábulo. Mas há método no delírio: Horsegiirl quer resgatar o lado divertido da música eletrônica, muitas vezes marcada por uma atmosfera sisuda e elitista. “Cresci no campo, cercada por natureza e animais. A natureza é barulhenta, musical. Isso sempre me encantou”, disse em entrevista à People.
Um universo além dos humanos
Apesar de parecer única, Horsegiirl não é a única pessoa a flertar com a ideia de se identificar com um animal — ainda que ela o faça com humor e performance artística. Nas redes sociais, cresce um movimento real de pessoas que dizem se sentir, em essência, como outras espécies. São os chamados therians.
Esse grupo reúne indivíduos que afirmam possuir uma identidade não humana — geralmente ligada a animais como lobos, cães, gatos, aves e felinos selvagens. A identificação, segundo eles, não é fantasia ou cosplay, mas uma forma profunda de conexão espiritual, emocional ou até psicológica com determinada espécie. Vídeos de therians latindo, uivando ou se movimentando como animais têm viralizado, principalmente no TikTok e YouTube, gerando curiosidade e também críticas.
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Um caso recente na Holanda chamou atenção ao mostrar pessoas mascaradas, imitando cachorros em uma espécie de competição, com comportamentos caninos meticulosamente performados. A cena provocou espanto em muitos, mas para quem vive essa realidade, é uma forma legítima de expressão.
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Segundo um estudo de 2020 da International Anthropomorphic Research Project, cerca de 5% dos 2.500 entrevistados se identificaram como therians. A maioria relatou ter desenvolvido essa identidade ainda na infância ou adolescência. Já uma pesquisa publicada em 2022 no Journal of Social Psychology indicou que 55% desse grupo enfrentam dificuldades emocionais como ansiedade e depressão, muitas vezes associadas à rejeição social. Por outro lado, 85% afirmaram se sentir mais mentalmente equilibrados ao fazer parte de comunidades online onde encontram acolhimento e identificação.
De animal pop ao estrelato no Coachella
Se Horsegiirl compartilha algo com esse movimento, é a liberdade de ser quem quiser — ou o que quiser. A artista, que cita como inspirações figuras como Lady Gaga, Charli XCX, Kesha e até personagens animados como Crazy Frog e Hampton the Hamster, abraça a bizarrice como uma forma de expressão sem limites.
Em janeiro deste ano, ela lançou o primeiro EP, v.i.p — very important pony (“pônei muito importante”), reafirmando o humor debochado que é sua marca registrada. O trabalho mistura sintetizadores intensos, vocais distorcidos e letras divertidas — tudo com a pegada dançante que conquistou mais de 570 mil ouvintes mensais no Spotify.
Horsegiirl
Reprodução/Instagram
A aparição no Brit Awards 2025, ao lado de nomes como Chappell Roan e Charli XCX, confirmou seu status de queridinha da música alternativa — mesmo que boa parte do público ainda esteja tentando entender quem ou o que é Horsegiirl. E ela parece gostar assim: misteriosa, livre, com um pé no mundo humano e outro nas pradarias da imaginação.
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Fonte: Glamour
