Xia Haijun, ex-CEO da China Evergrande, disse a um tribunal de Hong Kong que cumprir uma ordem de divulgação de seus bens poderia colocá-lo em “perigo extremo”. O juiz Russell Coleman decidiu, no mês passado, que Xia deveria cumprir as obrigações de divulgação até as 16h do dia 28 de março, ou seria impedido de apresentar uma defesa no caso.
Durante a audiência desta quinta-feira (17), o advogado de Xia argumentou que a divulgação de seus bens poderia levar ao vazamento de informações para reguladores chineses.
Coleman disse que Xia “certamente e deliberadamente” não obedeceu à ordem, afirmando: “Ele nem tentou”. Ele acrescentou que a localização de Xia permanece desconhecida.
A Evergrande, símbolo da crise imobiliária chinesa, que já dura anos, entrou em default em 2021. Xia renunciou no ano seguinte, após uma investigação revelar seu envolvimento na obtenção de garantias de empréstimos não divulgadas. A audiência desta quinta-feira fez parte de uma longa batalha judicial, enquanto os liquidatários tentam recuperar os restos de uma das maiores implosões corporativas do mundo.
O advogado dos liquidatários disse que os atrasos extremos os impediram de recuperar os ativos. Edward Middleton e Tiffany Wong, da Alvarez & Marsal Asia Ltd., foram nomeados liquidatários da Evergrande em janeiro de 2024, após um juiz de Hong Kong emitir uma ordem de liquidação contra a construtora. Eles buscaram recuperar US$ 6 bilhões em dividendos e remuneração de sete réus, incluindo Xia e outros.
Nesta quinta-feira, o tribunal reservou suas decisões sobre os recursos de Xia contra uma ordem de liminar sobre seus bens e os requisitos de divulgação, bem como um pedido dos liquidatários por novas medidas contra o ex-CEO, com decisões esperadas para 22 de abril.
Fonte: Valor