O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que acordos feitos por ele definem a pauta do plenário da Casa, ao ser indagado se partidos de oposição não reclamarão do acordo selado pelo paraibano com a deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP) e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), para que o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) encerrasse sua greve de fome, iniciada na semana passada, após ter a cassação de seu mandato aprovada no Conselho de Ética.
Ontem, Glauber anunciou o fim da greve de fome e citou o acordo fechado com Motta que prevê que o presidente da Câmara não pautará a representação no plenário pelo menos 60 dias após a conclusão da análise do recurso que ele apresentará à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima terça-feira.
A decisão poderia incomodar parlamentares da oposição que têm defendido que o psolista seja cassado. Esses deputados poderiam destinar críticas a Motta por causa do acordo fechado nesta quinta-feira. O paraibano minimiza a eventual reação desse grupo.
“Acordo do Presidente que define a pauta do plenário”, disse Motta ao Valor após o anúncio de Glauber.
Nos bastidores, aliados de Motta compartilham o sentimento de que o deputado do Republicanos decidiu selar o acordo para mostrar para os pares “quem manda na Casa”.
Isso porque, de acordo com fontes, o paraibano teria ficado irritado com as insinuações de que ele segurou a ordem do dia do plenário da Câmara para que o Conselho de Ética concluísse a análise do parecer que recomendava a cassação de Glauber atendendo a um pedido do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), desafeto do parlamentar do Psol.
Na semana passada, a ordem do dia do plenário da Casa começou após as 19h, registrando um atraso incomum comparado às outras sessões que ocorreram neste ano.
Com a iniciativa de fechar um acordo com Sâmia e Lindbergh, o chefe do Legislativo tenta diminuir as críticas que apontam que ele ainda atua sob a influência do antecessor no cargo.
Também contribuiu para a disposição de Motta de fechar o acordo a preocupação com a saúde de Glauber e como a greve de fome poderia impactar negativamente na imagem do Legislativo diante da repercussão que o episódio alcançou.
Fonte: Valor