Princesas, cavaleiros de armadura e castelos medievais não são mais só material de conto de fadas, agora esses elementos saem dos livros e chegam a galope, invadindo a moda e até a decoração, com o medieval core conquistando os corações (e guarda-roupas) ao redor do mundo.
Todo dezembro, o Pinterest divulga previsões anuais para o ano seguinte, com base em dados coletados na plataforma. Para 2025, uma das principais apostas foi o castlecore, também chamado de medieval core. E desde então, cada vez mais evidências confirmam a tendência. A inspiração na Idade Média é a mais forte, mas não se limita a esse período. A estética é mais ampla, incorporando elementos do Renascimento e da Era Vitoriana de maneira mais sutil e atmosférica. O intuito não é uma reprodução exata da história, mas sim uma reinterpretação dos principais temas.

Foto: Nosferatu (Focus Feature)
Vale ressaltar que a fascinação com esse universo sempre teve fãs como a comunidade que pratica RPG, LARP e outras atividades mais nichadas de imersão. Para completar, o cinema e a literatura vêm alimentando ainda mais esse clima: filmes como Nosferatu e séries literárias como A Court of Thorns and Roses (ACOTAR) reacendem o imaginário coletivo com enredos envoltos em castelos sombrios, magia e tensão romântica.
Nos tempos atuais, considerados por muitos como sombrios, não faltam paralelos com a idade das trevas original: do lado fantástico, surge um escapismo — algo que, sejamos honestos, nunca foi tão necessário. Em meio ao caos, é quase terapêutico imaginar um mundo com castelos, feitiços e vestidos dramáticos, distraindo-se com histórias rebuscadas e reconectando-se com os contos que habitaram nossa infância. Do outro lado, Joana d’Arc, ícone de independência e resistência, segue servindo como fonte de inspiração na luta feminista. A ideia de vestir uma armadura traduz bem o anseio por poder e proteção que tanto buscamos. Além disso, o cansaço do quiet luxury e do minimalismo contribui para a crescente busca por algo mais autêntico, ousado e elaborado.

Foto: Versace (Alessandro Lucioni)
A presença do medieval core na moda vem de longe: os anos 60 e 70 beberam dessa fonte, assim como o gótico do fim dos anos 80 e início dos 90. Elementos românticos e rebuscados, além das silhuetas características, tiveram papel relevante, mas foram as armaduras, em particular, que desempenharam um papel crucial na fusão entre a moda e a Idade Média, se manifestando principalmente nas peças de malha de metal. Os looks de Paco Rabanne, criados nos anos 60, são um exemplo claro dessa conexão, onde o estilista, junto a outros designers da época, mesclaram o período medieval ao futurismo, tornando-se pioneiro e ícone dos looks em mesh. Já nos anos 80, Gianni Versace desenvolveu sua própria malha de metal, chamada de Oroton, que se tornou uma marca registrada da grife italiana e apareceu em praticamente todas as coleções desde então, incluindo a de Inverno 2025, a última assinada por Donatella Versace.

Foto: Chappell Roan (Reprodução/Instagram)
No tapete vermelho a ascensão de looks inspirados no castlecore é inegável com nomes como Zendaya, Millie Bobby Brown, Anya Taylor Joy e Natalie Portman aderindo. Mas a maior representante, sem dúvida, é Chappell Roan. A cantora é fã número 1 do visual inspirado na estética medieval, com um toque de Joana d’Arc. Ela já apareceu em várias ocasiões alinhada à temática, confirmando seu amor pela vibe.

Foto: Annie’s Ibiza (Reprodução/Instagram)
Nas passarelas de Inverno 2025, diversas marcas apresentaram suas próprias versões da tendência. Enquanto algumas preferem trazer o medieval core de forma mais literal, outras apostam na fusão com tendências mais atuais, através de tecidos tecnológicos ou cortes minimalistas, criando uma versão repaginada e contemporânea da era.
Em Londres, a Annie’s Ibiza apostou em uma abordagem sexy e escultural do medieval, com peças em tons metalizados, malha de metal, capuzes e até contou com uma armadura estilizada para fechar o desfile.

Crédito: Alberta Ferretti

Crédito: Calvin Klein Collection

Crédito: Dilara Findikoglu
Já outras grifes exploraram a estética de forma mais sutil, com referências a armaduras aplicadas em contextos contemporâneos. O lado feiticeira, mais místico, por exemplo, foi explorado por Dilara Findikoglu.

Foto: Christian Dior (Vogue Runway)
Menos óbvias, as referências aos bobos da corte, com suas golas elaboradas, também se adequam bem e foram febre da temporada. Maria Grazia Chiuri, na Dior, é uma das maiores entusiastas da vibe medieval, sempre aliada a um toque de romance ou feminilidade.

Crédito: Ludmilla

Crédito: Rabanne
Julien Dossena continua honrando os códigos da Rabanne e traz de volta as referências medievais, inclusive Ludmilla usou looks sob medida no carnaval. Já o mix com couro deixa o resultado mais contemporâneo, mas igualmente impactante.

Crédito: Rokh

Crédito: Marni
Mas, apesar de armaduras e peças prontas para a batalha serem pilares do vestuário medieval, existe um lado menos comentado, composto por muito veludo, corselets e acessórios que remetem à realeza. Nos desfiles, as silhuetas românticas e a riqueza dos materiais utilizados reforçam o mood, mas trazem update para os dias de hoje.

Foto: Molly Blutstein (Reprodução/Instagram)
como aderir ao medieval core na prática?
Se jogue nos acessórios com gargantilhas, peças de malha de metal, cintos trabalhados com aplicações misturados a detalhes mais femininos.

Crédito: Lisa

Crédito: María Bernad

Crédito: Paloma Elsesser
Peças em malha de metal são infalíveis para incorporar o mood, sem jamais esquecer dos acessórios de cabeça, que evocam um clima teatral.

Crédito: Katarzyna

Crédito: Amber Strickland

Crédito: Mina Le
Silhuetas românticas, renda, cintura marcada e vestidos com volume fazem parte da estética, assim como tons terrosos, casacos de veludo e detalhes de babados têm tudo a ver com o clima, especialmente quando usados com saias maxi e corpetes.

Foto: @tishweinstock (Reprodução/Instagram)
Por fim, um certo drama é indissociável da Idade Média. A gola alta e a manga bufante com ombros marcados são uma forma de trazer o romantismo do período para a vida real.
Seja com armadura para encarar a vida, romantismo de princesa para escapar dos perrengues ou um toque de bobo da corte para rir da realidade, o medieval core está aí, cheio de opções para quem quer fugir ou enfrentar o agora.
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Fonte: Steal the Look