As principais bolsas de Nova York engataram um segundo pregão seguido de forte valorização nesta quarta-feira (23), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter suavizado sua postura frente à guerra tarifária com a China e recuado em sua retórica contra o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. O republicano, no entanto, deve falar após o fechamento do mercado, às 18h (horário de Brasília), provavelmente sobre os últimos acontecimentos na política comercial do país.
No fechamento, o índice Dow Jones subiu 1,07%, aos 39.606,57 pontos, enquanto o S&P 500 teve alta de 1,67%, aos 5.375,82 pontos. Já o Nasdaq subiu 2,50%, aos 16.708,05 pontos, puxado pela alta no setor de tecnologia (2,92%) e de ações ligadas à China.
As ações da Tesla subiram 5,33%, mesmo após a divulgação de resultados trimestrais abaixo do esperado pelo mercado, devido à indicação de que Elon Musk está se afastando de seus papéis políticos para focar na empresa. A Apple, que tem grande parte de sua produção na China, teve alta de 2,38%. A Nvidia subiu 3,67%.
Os economistas do Charles Schwab atentam para uma possível desaceleração da economia americana e notam que os executivos de empresas de tecnologia podem ter pouca clareza até que a política comercial dos EUA se torne menos nebulosa. “A atividade econômica mais lenta pode significar menos vendas de itens físicos produzidos por empresas de tecnologia, incluindo celulares, chips, semicondutores e servidores”, disseram.
No campo político, Trump disse ontem que não tem a intenção de demitir Powell. “Nunca tive essa intenção”, afirmou a jornalistas. “A imprensa exagera tudo”, criticou o republicano, apesar do assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, ter dito textualmente que Trump e sua equipe estudavam a demissão do presidente do Fed.
O republicano também sinalizou avanços nos acordos comerciais com a China. “A tarifa sobre a China não será tão alta quanto 145%, não chegará nem perto. Mas também não será zero”, disse. Trump ainda disse que se a China não concordasse com um acordo comercial, os Estados Unidos iriam impor as condições.
“Parece que o presidente entendeu a mensagem — talvez dos mercados — de que guerras comerciais e ameaças de destituir o presidente do Fed não são boas ideias”, disse Kathy Jones, da Charles Schwab.
Em resposta aos EUA, a China disse nesta quarta que estaria aberta a negociar, mas não sob pressão. “A atitude da China em relação à guerra tarifária iniciada pelos EUA é bastante clara: não queremos lutar, mas não temos medo. Se lutarmos, será até o fim; se formos negociar, a porta está bem aberta”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun.
Fonte: Valor