Springs Global divulga resultados atrasados e auditor nega dar opinião | Empresas

A companhia do setor têxtil Springs Global divulgou na manhã de sábado (25) resultados atrasados do quarto trimestre de 2023 e do acumulado deste ano. A empresa, em recuperação judicial, volta a abrir seus números financeiros após a divulgação dos resultados do segundo e terceiro trimestre em setembro do ano passado.

Entre outubro de dezembro de 2023, a companhia teve prejuízo de R$ 224,8 milhões, queda de 2,2% ao prejuízo de R$ 230 milhões no quarto trimestre de 2022. As receitas, por outro lado, caíram 31,5% no comparativo anual entre trimestres, a R$ 223,9 milhões.

No acumulado de 2023, a empresa teve prejuízo de R$ 1,06 bilhão, uma piora de 68,9%. As receitas recuaram 43,6%, para R$ 686,4 milhões.

Em agosto de 2024, a Springs Global teve seu registro suspenso pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por conta no atraso na divulgação de documentos periódicos. Ela ainda não mostrou resultados de quaisquer trimestres de 2024.

A controladora da Coteminas tinha uma dívida líquida de R$ 1,05 bilhão ao final de dezembro de 2023, ante uma dívida de R$ 996,7 milhões apresentada ao final de setembro.

Em 26 de setembro de 2024, a companhia e demais empresas do grupo apresentaram seu plano de recuperação judicial. Entre as medidas principais previstas no plano estão a reestruturação do passivo das companhias; alienação de bens e constituição de unidades produtivas isoladas; distribuição aos credores de parte dos resultados líquidos da venda de ativos e das unidades isoladas; possibilidade de captação de novos recursos pelas companhias para a implementação da retomada operacional; e criação de um fundo de investimento imobiliário para pagamento das cotas para parte dos credores.

A Springs Global afirmou que comunicado que acompanhou o balanço que vem avançando nas negociações com seus credores e providenciando os documentos relacionados ao seu plano recuperação judicial no intuito de possivelmente realizar uma assembleia geral de credores em 2025.

A auditoria externa contratada para analisar os números da companhia deu negativa de opinião para as informações do quarto trimestre e do ano de 2023, alegando que o plano de recuperação judicial traz incerteza relevante de continuidade operacional.

“Não nos foi possível obter evidência apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião de auditoria sobre essas demonstrações, individuais e consolidadas”, comenta o auditor Paulo Sérgio Tufani, da BDO.

Tufani destaca que a empresa ainda aguarda a homologação do seu plano de recuperação judicial, para ser então apreciado pela assembleia geral de credores.

“No contexto de incerteza relevante de continuidade operacional… a pervasividade dos reflexos da recuperação judicial no contexto da elaboração das demonstrações financeiras, individuais e consolidadas, do exercício findo em 31 de dezembro de 2023, o cenário de múltiplas incertezas decorrentes desses assuntos, e considerando que a companhia está avaliando os possíveis impactos, se houver, do plano, não nos foi possível concluir, nem por meio de procedimentos alternativos, sobre as demonstrações financeiras, individuais e consolidadas, da companhia, quando do futuro reconhecimento dos efeitos do plano de recuperação judicial”, comentou em relatório.

Demonstrações financeiras — Foto: Pixabay
Demonstrações financeiras — Foto: Pixabay

Fonte: Valor

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