‘Thunderbolts*’ apresenta uma Marvel que você nunca viu – e que já ama

O longa gira em torno de Yelena (Florence Pugh), tentando achar uma razão para a sua vida depois da morte de sua irmã, Natasha (Scarlett Johansson). E isso é claro: o luto consome a personagem de forma quase que palpável, e é difícil não se botar no papel de alguém que perdeu alguém tão importante na vida. Quem também lida com a dor da perda é seu pai, Alexei Shostakov (David Harbour), o Guardião Vermelho, um super soldado que serviu a União Soviética no seu auge, quase que um Capitão América deles.

Entre missões consideradas tediantes por Yelena, seu caminho se cruza com outros que vivem a mesma dor dela: John Walker (Wyatt Russell), apresentado na série “Falcão e o Soldado Invernal”, Ava (Hannah John-Kamen ), a Fantasma de “Homem Formiga e A Vespa” e Antonia Dreykov (Olga Kurylenko), de “Viúva Negra”. Juntos, eles precisam se livrar de uma enrrascada criada por Valentina de Fontaine (Julia Lewis Dreyfus), ao lado de um personagem curioso: Bob (Lewis Pullman). E é com a ajuda de Bucky Barnes (Sebastian Stan) que o grupo de fato se forma.

Entre tudo que um longa de super-heróis pode ser, “Thunderbolts*” é tudo que não se imagina: um filme cru, verdadeiro, que mostra personagens que talvez não se encaixem tanto dentro do universo fantástico já dominado por Steve Rogers e Tony Stark. Diferente da imagem perfeita que os personagens anteriores passam dentro do Universo Marvel, a turma de deslocados lida com dores reais, baseadas em situações, de fato, vividas: seja o luto, as dores por todas as mortes que causaram, a dissolução de uma família… O tema terapia não é novo e já tinha sido abordado em “Falcão e o Soldado Invernal”, quando o próprio Bucky (Stan) passa por longas sessões, mas é a primeira vez que o tema sai das telinhas e ganha o cinema.

No filme, todos têm problemas reais que não deveriam caber a heróis, mas cabem: afinal, todos ali são humanos. E a química entre esses atores é tão gritante, que parece mesmo que você está vendo uma grande amizade florescer.

Mais do que um filme de ação, “Thunderbolts*” caminha – e caminha muito bem – entre a corda bamba que é falar de saúde mental sem parecer estereotipado. É nele que temas como depressão e até terapia são abordados de forma magistral. Quem já imaginou um vilão bipolar? Ele existe no longa. Vácuo talvez tenha o poder que todos mais temem: o de te obrigar a lidar com suas maiores dores.

Entre as ótimas cenas citadas acima, o filme mostra uma visão real que faltava para a Marvel. Aproximar os personagens de pessoas reais é a melhor forma de trazer um público que vai além dos fãs antigos, que acompanham este universo desde 2008, criando um ambiente acolhedor, refrescante e real. Uma mudança bem-vinda.

Ah, e antes que você se perguntem: são duas cenas pós-créditos.

“Thunderbolts*” estreia dia 1 de maio nos cinemas. A Glamour já assistiu.