Confiança do consumidor nos EUA cai ao menor nível em cinco anos | Mundo

A confiança do consumidor nos EUA caiu em abril para o menor nível em quase cinco anos, devido ao crescente pessimismo quanto às perspectivas para a economia e o mercado de trabalho devido às tarifas.

O indicador de confiança do Conference Board caiu quase 8 pontos, para 86, o menor nível desde maio de 2020, segundo dados divulgados nesta terça-feira (29). Marcou a quinta queda mensal consecutiva, o período mais longo desde 2008. A mediana das estimativas em uma pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para uma leitura de 88.

Os dados do Conference Board são consistentes com a pesquisa da Universidade de Michigan e ilustram a crescente apreensão dos consumidores de que tarifas mais altas sobre produtos importados vão prejudicar a economia e o mercado de trabalho, além de elevar os preços.

A parcela de consumidores que esperam que as condições dos negócios vão piorar daqui a seis meses atingiu o nível mais alto desde março de 2009, quando a economia estava em recessão. A parcela que prevê menos empregos no curto prazo também atingiu o maior nível em 16 anos.

Uma medida das expectativas do consumidor para os próximos seis meses caiu para o menor nível desde 2011, enquanto um indicador das condições atuais também caiu.

“Os três componentes da expectativa — condições de negócios, perspectivas de emprego e renda futura — deterioraram-se acentuadamente, refletindo um pessimismo generalizado em relação ao futuro”, afirmou Stephanie Guichard, economista sênior do Conference Board, em nota.

Executivos sinalizaram preocupações de que a recente queda na confiança se refletirá em uma demanda mais fraca, ao mesmo tempo em que alertaram que os consumidores podem esperar preços mais altos devido às tarifas.

A medida das expectativas de inflação do consumidor atingiu o maior nível desde novembro de 2022, de acordo com o relatório do Conference Board. A parcela que espera taxas de juros mais altas no próximo ano também aumentou.

A parcela de consumidores que afirmaram que há dificuldade para conseguir emprego aumentou para 16,6%, o maior nível desde outubro. Menos entrevistados disseram que havia abundância de empregos do que no mês anterior. A diferença entre esses dois indicadores — uma métrica acompanhada de perto por economistas para avaliar o mercado de trabalho — caiu para o menor nível desde setembro.

Dados separados divulgados nesta terça-feira (29) mostraram que o déficit comercial de mercadorias dos EUA aumentou inesperadamente em março, atingindo um recorde, uma vez que as empresas continuaram importando produtos para se antecipar às tarifas. Como as importações são contabilizadas no Produto Interno Bruto (PIB), os dados apontam para um cenário mais fraco quando o governo divulgar sua estimativa inicial do PIB nesta quarta-feira (30).

O número de vagas de empregos em aberto nos EUA caíram em março para o menor nível desde setembro, indicando uma demanda por mão de obra mais fraca, de acordo com outro relatório do Departamento do Trabalho. Mas o mercado de trabalho ainda está se mantendo razoavelmente bem, com o número de demissões no menor nível desde junho e as contratações permanecendo estáveis.

Embora os dados de sentimento, juntamente com outros indicadores, que incluem pesquisas com empresas, tenham sido pessimistas, a fraqueza ainda não se traduziu em uma retração notável nos gastos do consumidor. As vendas no varejo em março registraram o maior ganho em mais de dois anos, a inflação desacelerou em geral e as contratações aumentaram.

“Até agora, a guerra comercial global pesou principalmente sobre indicadores como de confiança e sentimento”, disse Bret Kenwell, analista de investimentos da eToro, em nota. “No entanto, há uma preocupação de que isso acabe afetando as vendas no varejo, a inflação e o mercado de trabalho.”

As expectativas para as finanças pessoais se deterioraram neste mês, com a maior parcela desde o início da pandemia prevendo uma queda na renda nos próximos seis meses.

Fonte: Valor

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