“Todo ano, quando abril chega — o mês em que Girls estreou (em 2012) — fico meio contemplativa, até um pouco melancólica. Todos nós temos essas datas, boas ou ruins, que nos empurram para dentro da memória. Às vezes, basta a luz do sol batendo de um jeito específico na cortina para me lançar numa viagem nostálgica, tipo foguete da Blue Origin. Para mim, abril sempre será o mês em que tudo mudou — de formas mágicas (olha eu aqui, ainda viva, criando coisas!) e também desconcertantes”, começou.
“Aos 25 anos, a gente não tem ideia do quanto ainda é criança (se você tem 25 e está lendo isso: sinto muito, mas você ainda é muito jovem!). Eu achava que sabia muito bem o que estava fazendo, mas, na real, era como um filhote de cervo, cambaleando, tentando não escorregar no chão gelado da floresta. E o que eu ouvia — ou melhor, o que eu conseguia escutar — era sobre todas as formas como meu corpo jovem era considerado ‘errado'”, continuou.
Lena reforçou que travava uma verdadeira batalha com a própria imagem. “Por um lado, foi um pesadelo, porque parecia confirmar tudo o que meus fantasmas da sétima série já cochichavam na minha cabeça. Mas, por outro, me obrigou a aceitar, rápido e com certa gratidão, que viver num corpo é estar em constante embate com nossos medos coletivos: o medo da falha, da mortalidade, da imperfeição. Nada assusta mais do que encarar a verdade sobre nossos corpos — essa verdade de que, mesmo com toda a tecnologia moderna, muita coisa está fora do nosso controle.”
Na época, a artista disse não fazer ideia de como acabaria sendo grata por tudo isso. “Graças aos anos mergulhando em seções de comentários e lidando com as mudanças do meu corpo — envelhecimento, doenças, cicatrizes —, nada disso me abalou como poderia ter abalado. Esse corpo já tinha sido alvo de críticas, então o resto do caminho pareceu até mais suave”, escreveu.
“Se aquela menina da foto provocou tanta raiva, ficou claro para mim que era uma batalha perdida. E a partir daí eu parei de acreditar que ser mais magra, mais alta ou mais bronzeada me salvaria. Nenhuma máscara capilar ou cinta modeladora ia entrar em cena para me defender. A única proteção real estava em coisas como a nossa voz, nossa arte, nossos sonhos e nossos vínculos. Feliz aniversário, garotinha — estou tão orgulhosa de você, sua maluca, estranha e sábia. Vai ficar tudo bem. Aliás, já está”, finalizou.
Fonte: Glamour