Algumas transformações chegam de mansinho. Sem estardalhaço, mas com um poder quase revolucionário. A gente muda o jeito de ouvir música, de pensar, de viver. Mas tem uma transformação que, para mim, é das mais simbólicas: a estética. Aquele momento em que você para de seguir um roteiro e escolhe, enfim, viver como você realmente é. Sem filtro, sem fantasia.
Estéticas que dizem em silêncio: “agora sou eu, de verdade.”
Esses dias, andando por Londres — cidade que mistura o novo e o nostálgico em cada esquina — essa ideia ficou ainda mais viva para mim. Tem algo acontecendo, especialmente entre nós, mulheres que já passamos dos 50. Tem um movimento discreto e lindo de liberdade: a escolha de deixar os cabelos naturais, grisalhos, florescerem. Foi aí que iniciei minha transição para cabelo grisalho, um processo cheio de significado e autoconhecimento.
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Foto: Symone B. Rech (Reprodução)
assumir quem se é — sem precisar explicar demais
Por muito tempo, parece que a gente vestiu um uniforme invisível. Um jeito de ser, parecer, se apresentar para o mundo. Tudo para ser levada a sério, para ser aceita, elogiada. Mas os tempos estão mudando — e, com eles, o convite: quem você quer ser agora, com tudo o que viveu?
Quando decidi parar de pintar o cabelo e encarar minha transição para cabelo grisalho, confesso: veio um frio na barriga. Era como se eu estivesse tirando uma máscara que usei por tanto tempo. No começo, assusta. Mas logo a insegurança dá lugar a algo muito maior: liberdade.

Foto: Symone B. Rech (Reprodução)
estética também é uma forma de contar história
Ver outras mulheres abraçando sua estética com verdade, depois de tanto tempo seguindo um script alheio, me emociona. Porque é isso que a gente está fazendo, né? Rompendo com o figurino. Soltando o personagem.
Estilo, afinal, é expressão. Não obediência.
Assumir os fios brancos é, sim, um ato revolucionário. Especialmente em uma sociedade que ainda insiste em associar valor à juventude. Mas não é sobre desafiar o mundo aos gritos — é sobre fazer sentido para si mesma. E, olha… nunca fez tanto

Foto: Symone B. Rech (Reprodução)
o novo visual que nasce do velho eu
Hoje, ao me olhar no espelho, enxergo uma nova versão de mim — mas que, curiosamente, carrega todas as outras. Os fios grisalhos não contam apenas o tempo. Eles narram coragem, leveza e a generosidade de se aceitar.
Entre muros grafitados e memórias em Londres, pensei: estilo não tem a ver com tendência, mas com tempo — o momento de dizer “essa sou eu agora.”

Foto: Symone B. Rech (Reprodução)
cabelos e a liberdade de envelhecer com verdade
Deixar o cabelo natural foi, para mim, mais do que uma mudança estética. Foi um símbolo. Um lembrete diário de que a gente não precisa mais se encaixar para existir. E o mais bonito disso tudo? É perceber que não estou sozinha.
Estamos nos reconhecendo umas nas outras. Nos espelhos, nas conversas, nas raízes livres. Mulheres que, com seus próprios ritmos, estão fazendo da estética uma escolha — e, da escolha, um manifesto silencioso.
Algumas anotações que escrevi para mim mesma durante a transição para cabelo grisalho — e que talvez te ajudem também:
Vai bater insegurança, sim. E está tudo certo. O olhar dos outros pesa no início. Depois, o seu próprio olhar fica mais leve, mais generoso.
A fase “meio do caminho” é a mais desafiadora. Mas também é onde nasce a nova identidade.
Busque referências reais. Seguir outras mulheres nesse processo ajuda a lembrar que você não está sozinha.
Cuidar continua sendo um gesto de amor. Hidratar, cortar e manter o brilho — isso tudo também é autocuidado.
Você não deve explicações a ninguém. Seu cabelo, sua história. Sua liberdade.
Leia também: Desmistificando os cabelos grisalhos: tudo o que você ainda não sabia

Foto: Symone B. Rech (Reprodução)
5 aprendizados valiosos para quem vive a transição para cabelo grisalho
E, se estiver pensando em deixar o cabelo natural, aqui vão 5 coisas que aprendi na prática e levo comigo até hoje:
1. Shampoo roxo é seu aliado
Grisalho é lindo, mas precisa de um toque a mais para manter o brilho e evitar o amarelado. Nada de frescura — é carinho mesmo.
2. Sol? Só com proteção
Cabelo branco sente tudo. Então, protetor solar capilar virou item indispensável. Principalmente se, como eu, você ama um dia de praia.
Leia também: O que comprar para cuidar do seu cabelo grisalho
3. Um bom profissional muda tudo
Alguém que escute, que entenda a sua escolha e não queira te convencer a voltar atrás na primeira dúvida. Escolha alguém que acolha, não que pressione.
4. Hidratação é mais importante que coloração
O toque muda, sim. Mas isso não é perda — é transformação. Cuidar dos fios é um jeito de cuidar da nova versão de si mesma.
5. Você não precisa provar nada pra ninguém
Se alguém disser que o grisalho “envelhece”, talvez seja porque ele revela o que há de mais verdadeiro: você.
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Fonte: Steal the Look