“Pretty hurts”, disse Beyoncé em seu álbum homônimo, lançado em 2013. Desde o surgimento daquilo que conhecemos como moda, no século XVI, a imobilidade é sinônimo de status social. A moda sempre foi ferramenta para a nobreza se diferenciar da burguesia, e estar restrito a movimentos era considerado o auge da pirâmide social. Precisar da ajuda de criados para se vestir e andar pela cidade era um reflexo da moda e da indumentária. Mas, será que essa busca pelo look perfeito a qualquer custo ainda é aceitável nos dias atuais?

Foto: Marina Ruy Barbosa (Reprodução/Instagram)
Nos últimos dias, dois episódios chamaram atenção nas redes sociais. Durante o Festival de Cannes, Marina Ruy Barbosa surgiu com os braços visivelmente arroxeados. O motivo? O vestido Balmain que usava pesava cerca de 15 kg e estava comprometendo sua circulação. Na mesma semana, SZA precisou de ajuda para subir as escadas e receber um prêmio no American Music Awards, pois seu look, da designer Ellie Misnera, simplesmente impedia movimentos básicos.
Apesar de alarmantes, essas situações estão longe de ser novidade. Elas apenas reforçam um padrão antigo que ainda se repete nos bastidores dos tapetes vermelhos. O look perfeito, muitas vezes, cobra um preço alto — e o corpo feminino segue como a moeda de troca.
Nomes como Kim Kardashian, Tyla, Zendaya, Anne Hathaway e Dua Lipa já relataram desconfortos semelhantes: vestidos que deixam marcas na pele, roupas que impedem de sentar, sapatos que causam dormência, espartilhos que comprometem a respiração. Em 2019, Elle Fanning chegou a desmaiar durante um jantar em Cannes por conta de um vestido vintage Prada apertado demais. Se o glamour e o look perfeito exigem esse tipo de sacrifício, precisamos perguntar: qual é o real custo da moda e da beleza?
Enquanto grande parte das casas de luxo ainda são comandadas por homens — corpos que muitas vezes não experienciam o feminino —, o conforto e a saúde das mulheres seguem sendo deixados de lado. Até que ponto esses estilistas conhecem (ou se importam com) a anatomia do corpo feminino? E mais: o desconforto e a imobilidade feminina são uma consequência ou uma imposição?
No fim das contas, o que está em jogo não é só estilo ou o look perfeito — mas o direito de existir confortavelmente dentro da própria roupa. E como bem disse Coco Chanel: “Luxury must be comfortable, otherwise it is not luxury.” Ou seja: se machuca, não é luxo. É opressão disfarçada de estética.
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Fonte: Steal the Look