Publicado em
6 de junho de 2025
Se você já viu nas redes sociais os pequenos bonecos de olhos arregalados, pelúcia desgrenhada e sorriso travesso — o chamado Labubu — e pensou se tratar de mais uma moda passageira, talvez precise olhar com outros olhos. Para Symone Rech, especialista em negócios de moda e fundadora da plataforma New & Now, o Labubu é, na verdade, um reflexo do que ela chama de “futurismo afetivo”: um fenômeno que une estética, memória e emoção para traduzir o agora com olhar para o amanhã.

Symone detalha por que essa estética lúdica, ligeiramente desconfortável e profundamente nostálgica não é apenas uma febre passageira — e sim, um novo vetor de comportamento no consumo de moda e cultura visual.
A febre do Labubu vai passar?
“Não é moda no sentido tradicional da palavra. Labubu, assim como os Sonny Angels, representa um novo tipo de conexão emocional com o objeto. É o retrô reimaginado, é o lúdico com ruído. A estética Labubu fala diretamente com um público que busca aconchego e estranhamento ao mesmo tempo — e essa combinação é poderosa demais para ser descartada como modismo.”
Mas como isso se traduz na prática da moda?
Symone explica que o futurismo afetivo já tem uma linguagem visual própria que invade vitrines e feeds: “É uma mistura do nostálgico com o deslocado. Camisetas com frases icônicas, mas tingidas ou desgastadas. Corsets históricos em tecidos tecnológicos. Saias vitorianas com tênis retrô. Há sempre um elemento de memória e um elemento de ruído que desestabiliza o óbvio. É assim que a moda comunica o agora.”
O que é a estética Labubu, afinal?
“É aquele visual que remete à infância, mas com uma pontada de esquisitice. Plush, volumes exagerados, texturas fofas com um toque sombrio. É como um boneco saído de um sonho meio distorcido, algo que você reconhece, mas que te provoca também. Esse visual está nas roupas, mas também na forma como as pessoas consomem cultura pop.”
E quem está aplicando isso no alto escalão da moda?
“Temos exemplos fortes como a Dior com suas camisetas ‘J’adore’ com cara de peça perdida num brechó dos anos 2000. A Chloé trouxe boho, vitoriano e balletcore tudo junto, num contraste suave. E nas redes, o TikTok é um desfile à parte, onde colecionadores de toys como Labubu misturam Y2K com gorpcore.”
Como vestir esse conceito no dia a dia?
Symone dá dois exemplos de looks que traduzem bem o futurismo afetivo:
Camiseta vintage + corset embutido + saia rodada de gaze + tênis retrô. Um mix entre século XVIII e anos 90 — com leveza e ruído.
Vestido fluido com babados + bomber acolchoada + sapatilha ballet flat. Doçura, contraste e conforto, como uma boneca modernista.
“Na dúvida, combine o que te emociona com o que te desloca. O resultado pode ser exatamente o que o agora está pedindo.”
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Fonte: Fashion Network