Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
13 de junho de 2025
A moda, desde a produção em massa até ao prestígio, passou por uns 12 meses bem ruins. No entanto, isso não é sentrdo em Dubai, onde a Zegna apresentou um desfile impressionante esta semana, mesmo ao lado da sua mais movimentada loja do planeta.

Cotada publicamente em Nova York, embora detida maioritariamente pelos descendentes do fundador Ermenegildo Zegna, todo o sentido de narrativa da marca parecia encaixar precisamente na cidade-estado que é Dubai.
Tal como Dubai – desprovida de petróleo ou gás natural, ao contrário dos vizinhos como a Arábia Saudita e o Catar – teve de se reinventar como centro financeiro e destino turístico. Também Ermenegildo Zegna e os seus descendentes desenvolveram um dos maiores recursos de tecidos e de fabricação de moda, apesar de a maior parte dos materiais serem adquiridos longe da Itália.
Na quarta-feira, 11 de junho, Zegna apresentou seu primeiro desfile fora da Itália, em Dubai, com o apoio do departamento de Economia e Turismo do Dubai. Com várias dezenas de jornalistas transportados pela Emirates, a maior companhia aérea do mundo. Os anúncios nas telas dos aviões anunciavam os arranha-céus de luxo como grandes oportunidades de investimento – com edifícios com nomes de marcas de luxo como Bulgari, Bugatti e Mercedes Benz.
O desfile da Zegna aconteceu entre o sempre movimentado Dubai Mall e o Burj Al Khalifa, o edifício mais alto do mundo, onde Giorgio Armani abriu o seu primeiro hotel há mais de uma década.
“Abrimos em Dubai no início da década de 2000. Fomos uma das primeiras marcas a acreditar no Dubai Mall. Agora, mais de 25 anos depois, a nossa loja número um está dentro desse centro comercial. Temos sido pioneiros. Primeiro, fizemos franchising e depois assumimos o controle. Custou-me uma fortuna comprá-la de volta! Agora temos uma empresa comum com a Al Tayer, embora tenhamos a maioria. Estamos muito satisfeitos com o acordo. E nós gerimos o negócio, mas eles apoiam-nos”, explicou-nos Gildo Zegna, diretor executivo e neto do fundador Ermenegildo Zegna.
A Zegna tem agora quatro lojas em Dubai; duas na Arábia Saudita – em Jeddah e Riade – com mais três em andamento. E ainda lojas no Catar, Doha e Bahrein. “Estamos bastante bem estabelecidos, com cerca de 15 portas, e estamos abrindo mais cinco”, observa Gildo.
Durante a sua estadia em Dubai, a marca do norte de Itália também apresentou a sua mais recente Villa Zegna, uma pop-up ultra luxuosa com produtos únicos, uma instalação que explica a história da marca e a fundação da Oasi Zegna. Uma montanha de 100 quilômetros quadrados nos Alpes inferiores, que Ermenegildo adquiriu em 1910, onde a família plantou 500.000 árvores.
“Esta é uma semana muito importante para nós. Trata-se de partilhar visões”, disse o filho de Gildo, Edoardo, CMDSO da marca, num jantar de boas-vindas nas margens do Golfo, no Four Seasons Jumeirah Hotel: “A visão da família de que faço parte. A visão que o meu bisavô teve com o Oasi. E a visão do Dubai, de ter construído um sítio tão único. Em muitos aspectos, a capital do mundo”.
Issam Kazim, diretor executivo da Dubai Corporation for Tourism and Commerce Marketing, acrescentou: “Fiquei fascinado ao ouvir como o Oasi Zegna começou, com a sua história e visão. E a forma como uma marca pode ter um peso superior. E nós queríamos promover isso, para que o mundo inteiro veja o que o Dubai é – assim como a Zegna – uma visão empreendedora!”
“Atualmente, 90% da população do Dubai é estrangeira, e esse número continua a crescer”, observou Kazim. “Outra razão pela qual o Estado estava tão empenhado em apoiar a presença da Zegna aqui esta semana”.
O irmão mais novo de Edoardo, Angelo, é o responsável pela região EMEA, com um papel mais organizacional, dirigindo as vendas, varejo e experiência do novo cliente, essenciais para um retalhista moderno.
“Temos 150 VICs aqui esta semana, que levamos através de uma experiência única e personalizada, vendo produtos que não se veem em nenhuma loja. É preciso lembrar que este é um centro internacional incrível. Estamos a falar de 30 nacionalidades diferentes que fazem compras nas lojas Zegna no Dubai, todos os dias!”, entusiasmou-se a afirmar Gildo.
“O turismo é uma chave essencial para a economia dos Emirados. Há 200 nacionalidades diferentes a viver no Dubai. E mais de 100 milhões de visitantes visitam este país todos os anos”, lembrou Gildo.
“É mais do que Nova York, mais do que Londres, mais do que Paris. Faz-nos perceber que este é o novo centro do mundo. E entender porque é que se está aqui”, sublinhou.
O sucesso da marca é impulsionado pela estética do designer Alessandro Sartori – alfaiataria desconstruída, tecidos mais leves e look mais descontraído funcionam. Ideal para esta região, com o seu clima intenso.
“Sim, o estilo e a estética de Ale adequam-se a esta região. Mas isso também é verdade para o sul dos Estados Unidos ou para o sudeste asiático. O mundo, quer queiramos quer não, está a ficar mais quente, e penso que a sua moda “sem estação” funciona muito bem. Temos linho no inverno e caxemira no verão e vendemos ambos ao longo do ano. Materiais rastreáveis, todos eles extremamente leves. São concebidos especialmente para estes países, em cores que seriam difíceis de vender na Europa”, continuou Gildo.
Contrariando uma tendência global, Gildo continua a acreditar muito no seu negócio de varejo. Algo que tem sido frutífero. Apesar da recessão da alta costura a nível internacional, o Gruppo Ermenegildo Zegna – que também inclui a Tom Ford e a Thom Browne – registrou lucro de 184 milhões de euros, obtido com um aumento de 2% nas receitas para 1,945 bilhão de euros em 2025, onde a Zegna representa 69% das receitas e 85% dos lucros.
“Neste momento, a nossa relação entre varejo e comércio eletrónico é de 85/15 e transformamos a maior parte do nosso negócio atacadista em um modelo de concessão – começando nos Estados Unidos. Assim, controlamos o nosso negócio, quer estejamos em Selfridges, Harrods, Rinascente, Bergdorf, Saks ou Nordstrom. Existe uma boutique Zegna controlada por nós. Compramos a mercadoria e concebemos e gerimos cada loja. Assim, temos uma relação direta com o cliente. Isso é vital, uma vez que o cliente é muito fluido. Hoje está aqui e amanhã vai para outra marca. Por isso, é preciso oferecer-lhe um serviço impecável, o que tentamos fazer com todo o empenho”, concluiu o CEO.
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Fonte: Fashion Network