Quando a Louis Vuitton anunciou sua entrada oficial no universo da beleza com a linha La Beauté Louis Vuitton, assinada pela lendária Pat McGrath, a expectativa era alta. Afinal, estamos falando de uma marca lendária ao lado da maquiadora mais influente do mundo segundo a Vogue.
A coleção nasce grandiosa: são 55 tons de batom LV Rouge, entre versões matte e acetinadas, 10 cores de balm com acabamento translúcido e oito quartetos de sombra, todos embalados em cases magnéticos de design escultural, criados pelo alemão Konstantin Grcic.

Foto: LA BEAUTÉ LOUIS VUITTON (Divulgação)
Detalhes como o fecho que imita o clique de um baú Louis Vuitton e a icônica flor de quatro pontas estampada no estojo transformam cada embalagem de batom em um item de luxo. Até o aroma foi trabalhado por Jacques Cavallier Belletrud, perfumista da maison, que criou fragrâncias que vão do floral de rosas e jasmins ao frescor de framboesa e menta.
Mas, apesar de todo esse cuidado, o que realmente chocou a todos foram os preços. Para se ter uma ideia, um batom da Hermès gira em torno de 72 dólares, enquanto Dior e Chanel ficam na faixa de 40 a 50 dólares. O da Louis Vuitton? 160 dólares, que dá em torno de 870 reais — mais do que o dobro da Hermès e três vezes o valor das outras maisons.
Mas por que um valor tão alto quando Louis Vuitton é considerada por muitos uma porta de entrada para o mundo dos luxury goods?
O primeiro ponto é que a Louis Vuitton nunca se posicionou como uma marca de “entrada” no luxo e, talvez, para se afastar dessa ideia, traga um price point tão alto. Se Dior Beauty e Chanel Beauty funcionam como portas de entrada acessíveis ao universo da moda de luxo, a Louis Vuitton escolhe o caminho oposto.
O batom aqui não é só maquiagem: é uma afirmação de pertencimento a um círculo cultural e estético mais restrito. Talvez o batom de 160 dólares não tenha sido criado para volume de vendas, mas sim para ser um statement piece, que reforça a exclusividade e gera repercussão cultural. Nesse sentido, o produto cumpre um papel maior do que gerar receita: ele posiciona a Louis Vuitton dentro da disputa da beleza de luxo com um gesto de autoridade.

Foto: LA BEAUTÉ LOUIS VUITTON (Divulgação)
Outro fator é o momento cultural. Hoje, um batom ou um lip balm deixaram de ser itens discretos da nécessaire para se tornarem símbolos de status. Marcas como Rhode, de Hailey Bieber, ou Summer Fridays, transformaram o lip balm em “it-accessory”, algo que se exibe quase como se fosse uma bolsa miniatura. A Louis Vuitton apenas leva esse raciocínio ao extremo: o batom como objeto de luxo, feito para ser mostrado, clicado e motivo de conversa.
Mas será que o consumidor está disposto a pagar? Pauline Brown, ex-chairwoman da LVMH na América do Norte, explica que até os consumidores que desembolsam 200 dólares por um creme La Mer podem hesitar em pagar mais de 50 dólares em um batom. O motivo não é financeiro, mas perceptivo: o creme é visto como investimento em tratamento, enquanto o batom carrega uma ideia de “produto simples”, facilmente substituível.
No fim, o batom da Louis Vuitton não é sobre cor, fórmula ou duração nos lábios. É sobre o que ele representa. E, nesse sentido, ele pode sim se tornar um novo “objeto de desejo cultural”, tão fotografado quanto uma Speedy.
Afinal, em um mundo onde até um balm pode ser tratado como acessório de moda, a Louis Vuitton vê na maquiagem a possibilidade de transformar um gesto cotidiano em status visível.
E você, pagaria quase mil reais em um batom?
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Fonte: Steal the Look