É dito que a L’Oréal só se interessa no segmento de beleza da Armani

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Bloomberg

Publicado em



22 de setembro de 2025

A L’Oréal SA, apontada por Giorgio Armani como potencial investidora na empresa homônima do falecido magnata da moda italiano, estaria interessada apenas em sua lucrativa divisão de beleza, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.

Armani

O gigante francês da beleza foi um dos três compradores preferenciais mencionados no testamento de Armani para uma venda inicial de uma participação de 15% na Giorgio Armani SpA, que os herdeiros foram incumbidos de concluir no prazo de 18 meses. Os outros eram a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE e a EssilorLuxottica SA, tendo Armani também indicado que o comprador teria a oportunidade de elevar a participação a uma posição majoritária ao fim de três anos.

A morte de Armani este mês, aos 91 anos, desencadeou intensa especulação e análise sobre qual a empresa que faria mais sentido como compradora. Criou um vasto império que vai do pronto-a-vestir à alta-costura e à decoração de interiores, bem como à área de óculos, em parceria com a EssilorLuxottica. Os relógios com o nome do fundador são também vendidos através do Fossil Group Inc.

A L’Oréal, que detém uma licença com a Armani para comercializar as suas fragrâncias, maquiagem e cuidados de pele até 2050, avaliará o processo de venda da Armani, mas se manterá fiel à sua estratégia centrada na beleza, disse a pessoa sob condição de anonimato.

Os representantes da Armani e da L’Oréal não responderam de imediato a pedidos de comentário.

A licença de beleza da Armani terá gerado 1,5 bilhões de euros (1,8 bilhões de dólares) em receitas no ano passado, disseram, numa nota, analistas do HSBC liderados por Jeremy Fialko. Isso representaria cerca de 10% da divisão de luxo da L’Oréal e 3,45% das vendas totais do grupo.

O acordo de licenciamento de óculos com a EssilorLuxottica terá gerado cerca de 500 milhões de euros em vendas, segundo os analistas do HSBC.

Não seria invulgar que a L’Oréal se envolvesse na venda da Armani. Este ano, adquiriu uma participação minoritária na Jacquemus, a marca de Simon Porte Jacquemus, para desenvolver os produtos de beleza da casa de moda.

Os analistas da Berenberg avaliam a Armani em até 7 bilhões de euros. A empresa registrou receitas consolidadas de 2,3 bilhões de euros em 2024, uma queda de 5% face ao ano anterior, a taxas de câmbio constantes. Pessoas familiarizadas com as contas da empresa disseram que as receitas foram essencialmente geradas pelas linhas de moda e de decoração de interiores, e não incluíram os royalties do negócio de beleza.

A maior parte dos lucros da Armani antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, que caíram quase um quarto para 398 milhões de euros, adveio dos royalties do acordo de licenciamento com a L’Oréal, segundo as mesmas fontes.

Ao nomear tanto a L’Oréal como a LVMH como compradores preferenciais, Armani escolheu efetivamente dois rivais que disputam os mesmos clientes: a LVMH também vende cosméticos e fragrâncias de alta gama, incluindo Parfums Christian Dior e Guerlain. A sua principal marca, Louis Vuitton, acrescentou recentemente maquiagem à sua oferta de beleza e está agora a vender batons a 140 euros.

Ainda assim, a LVMH pode não ser a escolha certa, porque a categoria de pronto-a-vestir da Armani é complexa e pouco relevante em termos de escala para o conglomerado francês, afirmaram os analistas do HSBC. Acrescentaram que a LVMH está também numa fase de “gerir menos, mas melhores, marcas” em vez de aumentar o seu portfólio.

A LVMH não quis comentar.

De acordo com o HSBC, a L’Oréal poderia optar por licenciar o segmento de moda da Armani caso fosse a principal compradora, de forma semelhante ao que a Estée Lauder Cos Inc fez quando comprou a Tom Ford para assumir a titularidade de uma valiosa licença de beleza, tendo se associado à Ermenegildo Zegna NV para gerir a linha de moda. Manteve também a licença de óculos da Tom Ford com a Marcolin SpA.

Entretanto, o HSBC não excluiu a possibilidade de a EssilorLuxottica ser a compradora da Armani, depois de o gigante franco-italiano dos óculos ter adquirido a marca de streetwear Supreme. “Pensamos que esta empresa pode voltar a surpreender”, escreveram os analistas.

Um porta-voz da EssilorLuxottica recusou comentar. Depois de o testamento de Armani ter sido revelado este mês, a empresa afirmou que iria analisar cuidadosamente aquilo a que chamou “esta perspectiva evolutiva”.

Fonte: Fashion Network

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