Por
Reuters
Publicado em
2 de outubro de 2025
A Europa tem de agir rapidamente para reforçar o papel global do euro, sob pena de a janela de oportunidade se fechar em breve. Para isso, o bloco deve procurar estreitar laços com as nações mais afetadas pelas tarifas dos EUA, afirmou o governador do Banco de França.

A política econômica errática dos EUA abalou a confiança dos investidores no dólar este ano, mas a Europa tem, até agora, tido dificuldades em capitalizar essa oportunidade, avançando com mudanças demasiado lentamente devido à indecisão, à discórdia e à burocracia.
Apresentando um conjunto de possíveis linhas de ação, François Villeroy de Galhau afirmou que o tempo é um fator crítico e que é essencial que a Europa fixe um prazo, por exemplo, 1 de janeiro de 2028, para implementar alterações.
“Se não reagirmos rapidamente, corremos o sério risco de que a janela de oportunidade se feche”, disse Villeroy num discurso no Luxemburgo.
A moeda poderá ganhar maior proeminência se o bloco passar a faturar uma parcela maior do seu comércio externo em euros, e há oportunidade para o fazer com países particularmente penalizados pela política comercial dos EUA.
“Poderíamos tirar partido das negociações da UE com parceiros comerciais que foram duramente atingidos pelas novas medidas protecionistas dos Estados Unidos, por exemplo, a Índia, a Suíça, a Indonésia”, disse Villeroy.
Para sustentar esse comércio, o BCE poderia alargar ainda mais a disponibilidade de linhas de liquidez em euros aos bancos centrais de países não pertencentes à zona euro.
Esse processo poderia ser ainda mais reforçado se o BCE conseguisse finalmente emitir uma moeda digital e se alargasse o seu sistema de pagamentos grossistas TARGET para aceitar moedas de países como a Índia, a Suíça, o Reino Unido, o Canadá ou o Brasil, disse Villeroy.
Outra questão crítica que trava o euro é a relativa escassez de um ativo seguro e líquido. A Europa poderia enfrentá-la fundindo a dívida supranacional existente e transformando a atual dívida soberana em genuínos títulos de dívida soberana europeia, sugeriu.
Outras medidas para reforçar o euro poderão incluir o reforço do capital de risco, a criação de um quadro europeu de supervisão para os fundos de investimento e a criação de um novo regime jurídico e regulamentar pan-europeu ao qual as empresas possam aderir, substituindo os pesados e fragmentados regimes nacionais, afirmou.
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Fonte: Fashion Network