Publicado em
8 de outubro de 2025
As numerosas estreias ao leme criativo das principais casas de moda marcam uma temporada de transição, na qual as grandes tendências das últimas estações se afirmam. Ainda assim, o panorama evolui, atravessado por uma nova energia e um sopro de otimismo, a julgar pelas coleções para a primavera-verão 2026 apresentadas nas passerelles de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, de 11 de setembro a 7 de outubro de 2024. A silhueta da working girl suaviza-se, adotando uma atitude mais moderna e jovem, com uma ponta de ousadia nos looks, onde sobreposições, grandes volumes, transparências, brilho e fluidez assumem lugar de destaque.
1 O tailleur
Peça incontornável do guarda-roupa feminino e da power woman, o tailleur é revisitado num espírito mais fresco, quase desdramatizado. À imagem da Chanel, que encurta o casaco cruzado e o combina com uma saia-envelope de bordos crus. Na Dior, o célebre casaco Bar encurta-se e surge , por sua vez, associado a uma minissaia plissada. Na Max Mara, o casaco também é encurtado e fechado por um cordão elástico. A saia usa-se de cintura baixa, deixando muitas vezes ver a roupa interior, num espírito Gen Z totalmente desinibido.
2. O corte ampulheta
Em muitas coleções, casacos, sobretudos e vestidos adotam a linha ampulheta, em versão redingote, como na Mugler. A silhueta cintada fica idealmente sublinhada, ao mesmo tempo que acentua ancas e ombros através de volumes arredondados. Entre as diferentes variações, a Loewe aplica-a a casacos de couro. A Anrealage chega ao ponto de apresentar um polo gigante com essa forma. Com os vestidos com paniers, também vistos em vários desfiles, confirma-se o entusiasmo pelo passado e pela moda de época do século XVIII.
3 A saia em godés
A tradicional saia em godés, com o seu movimento ondulante, ganha nova vida. Surge em várias versões, com grandes volutas de tecido, justa e depois a abrir em corola ondulante, ou mais curta, em estilo patinadora. De um modo geral, as saias estão por todo o lado: lápis, com folhos, em formato balão, slim, fendidas ou em painéis. Muitas surgem com padrões fantasia ou em cores vivas, esculturais, com franjas recicladas, como na Bottega Veneta.
4 Maxi e Mini
A tendência maximalista da estação passada, com os seus detalhes e acessórios XXL, prossegue, agora combinada com a vertente oposta: peças minúsculas numa cascata de casacos e blusas reduzidos a boleros e crop tops, ou mesmo soutiens, com fortes referências às décadas de 1980 e 1990. Sem esquecer as saias e calções ultra-mini que dominaram as passerelles, da Prada à Versace, sublinhando um espírito estival e desinibido. No mesmo look, a Balenciaga encolhe uma t-shirt e aumenta a saia em grande. A cintura desce inexoravelmente para deixar ver o umbigo em todas as circunstâncias.
5 A fivela de cinto XXL
Na mesma linha, a fivela do cinto torna-se gigante em marcas como Zomer, Rabanne ou Vaquera. O cinto continua a obcecar os estilistas como nunca. Está presente em todos os conjuntos e usa-se bem à vista, de preferência marcando a cintura bem baixa, redesenhando a silhueta. Os criadores divertem-se a subvertê-lo: na Acne Studios, o cinto bordeia as calças ao longo das pernas, enquanto a saia cintada está prestes a tornar-se o must do próximo verão.
6 O soutien
Depois de se terem focado nas cuecas na estação passada, os criadores viram agora os holofotes para o soutien, erigido em peça-chave para o próximo verão. Surge associado ao biquíni, proposto em versão lingerie ou como um top de pleno direito, declinado em todos os materiais, incluindo couro ou pelo sintético, como ousa a Givenchy, enquanto a Hermès o adorna com um lenço. Em suma, está omnipresente no guarda-roupa.
7 A pequena camisola sobre os ombros
A pequena camisola (de preferência cinzenta) será o acessório indispensável do próximo verão. Regressa, atirada sobre os ombros, ressuscitada dos anos 1980 com o seu lado preppy deliciosamente “old-fashioned“, como se viu na Bottega Veneta. O jogo consiste em subverter o gesto e atualizá-lo. Na Loewe, serve para cobrir o peito, substituindo o top. A Acne Studios fixa-a ao pescoço através de aberturas em forma de vigia nas mangas. A N°21 reduz a peça a um par de mangas que se enrolam à volta do pescoço em écharpe. Na MSGM, fica apenas presa ao primeiro botão. Na Versace, a camisola ata-se à cintura e, na Tom Ford, enrola-se ao pescoço, muito chique, tom sobre tom, sobre um fato branco.
8 O “nude”
Enquanto uma explosão de cores invadiu as passerelles, uma paleta neutra e reconfortante fez, em paralelo, a sua incursão, com o nude a impor-se no guarda-roupa do próximo verão. Não há coleção sem alguns looks em bege, rosa-pó ou tom de pele. Este tom apaziguante, inspirado tanto pela cosmética e pelo universo boudoir como pelos materiais brutos, tornou-se, com a sua simplicidade autêntica, sinónimo de requinte. O camel deixou de ser apanágio do trench-coat. Desdobra-se agora em todas as peças, incluindo sumptuosos vestidos de noite, nas mais diversas matérias, da musselina ao látex.
9 O polo às riscas
O polo, às riscas finas ou largas e multicoloridas, revela-se a pequena peça prática que vai fazer furor no próximo verão. Um básico de fantasia, de que não nos cansamos, perfeito tanto para a praia como para a cidade. Na Lacoste, de que é peça emblemática, surge em corte largo. Issey Miyake confere-lhe um intrigante volume inflado e enrugado. Na Rabanne, veste-se sobre uma minissaia em chapa dourada.
10 Frente e verso
Os costureiros adoram efeitos de surpresa. Nesta estação, em particular, as costas são objeto de uma atenção quase obsessiva. São subitamente desnudadas, parcialmente reveladas ou então servem para dar uma segunda identidade às peças, como na Vetements, onde todos os looks se revelam do avesso, na maioria das vezes reduzidos ao estrito essencial (roupa interior e collants). Na Niccolò Pasqualetti, uma t-shirt metamorfoseia-se em casaco, na McQueen as costas revelam-se por meio de recortes inesperados e, na Courrèges, as saias são curtas à frente e maxi atrás.
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Fonte: Fashion Network
