O pregão desta quinta-feira será agitado nos mercados globais com a divulgação de uma série de indicadores, um dia após as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. O Comitê de Política Monetária (Copom) não surpreendeu na alta de um ponto percentual na Selic para 13,25% ao ano, tampouco na indicação de mais um ponto na reunião de março, mas o tom do comunicado foi lido como mais suave por alguns participantes do mercado. Já o Federal Reserve (Fed) manteve os juros inalterados e admitiu cautela diante da incerteza em relação às políticas prometidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Na primeira reunião do Copom sob o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o colegiado reformulou o balanço de riscos e, embora tenha apontado que “persiste” uma assimetria altista, passou a incluir como um dos riscos de baixa a chance de uma desaceleração da atividade econômica doméstica. Além disso, o Copom aumentou suas projeções para a inflação deste ano de 4,5% para 5,2%, enquanto a do horizonte relevante, que passou a ser o terceiro trimestre de 2026, ficou em 4%, mesmo ao se considerar uma trajetória de juros bem mais altos, com a taxa em 15% no Focus.
As sinalizações de uma possível desaceleração mais forte da atividade econômica deram a sensação a economistas ouvidos pelo Valor que o BC suavizou a sua comunicação na decisão de juros. “Dada a desaconragem das expectativas, acho perigoso o BC correr o risco de ser lido como ‘dovish’ [suave] e ele tomou esse risco. Não é um comunicado que parece que vai contribuir para desacelerar essa desancoragem”, afirmou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Enquanto a comunicação do Copom deve repercutir hoje nos ativos domésticos, principalmente na curva dos juros futuros, a decisão do Fed já gerou alguma volatilidade no comportamento dos mercados locais nesta quarta-feira. Os agentes reagiram, principalmente, à retirada da menção ao progresso de um processo desinflacionário nos EUA, o que acelerou os ganhos do dólar. Mesmo assim, a divisa americana terminou o dia praticamente estável frente ao real, ao passo que os juros futuros aceleraram e o Ibovespa recuou.
Na agenda doméstica de hoje, serão anunciados o resultado primário do Governo Central e os números do Caged de dezembro e de 2024. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista à Rede TV!, que vai ao ar às 23h45.
No exterior, o Banco Central Europeu (BCE) anuncia sua decisão de política monetária e os Estados Unidos publicam a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2024 e os números semanais de seguro-desemprego, em um momento no qual o Fed se mantém dependente de dados.
Fonte: Valor