Nas últimas semanas, centenas de consumidores descobriram que compraram discos rígidos usados como se fossem novos. O escândalo envolve HDs de linhas como Exos, da Seagate. Os casos foram registrados em vários países, mas todos as unidades fraudulentas parecem vir de um único lugar: a China.
O assunto veio à tona depois que o site alemão Heise relatou o caso de um consumidor que comprou dois HDs Seagate Exos de 14 TB vendidos como novos, mas que tinham pequenos sinais de desgaste na parte externa.
Ao conferir o SMART (Self-Monitoring, Analysis, and Reporting Technology), tecnologia nativa que monitora a unidade, os dados indicavam que aqueles discos rígidos eram realmente novos.
Ainda desconfiado, esse consumidor fez uma checagem mais aprofundada usando os registros do FARM (Field Access Reliability Metrics), outro recurso nativo dos HDs Seagate. Foi aí que a fraude foi descoberta.
O FARM indicava que um dos HDs tinha cerca de 10 mil horas de uso. O segundo, 15 mil horas. O consumidor devolveu os discos rígidos e comprou outras unidades Seagate Exos, estas de 16 TB, em outra loja. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir que essas unidades também estava adulteradas? Cada uma registrava 22 mil horas de uso.
Depois que esse caso se tornou público, dezenas de leitores do Heise relataram ter passado por experiências similares. Há mais de 200 casos relatados em várias regiões do mundo, como Austrália, Europa, Japão e Tailândia. Alguns compradores afirmam ter comprado discos rígidos vendidos como novos que registravam mais de 50 mil horas de uso.
De onde vieram os HDs fraudulentos?
Uma investigação mais recente do Heise sugere que as unidades adulteradas vieram da China, provavelmente de fazendas de mineração de uma criptomoeda chamada Chia (XCH). Depois que o “boom” dessa criptomoeda passou, muitas dessas fazendas de mineração teriam sido fechadas.
Os responsáveis por essas fazendas estariam então tentando se livrar dos HDs empregados na atividade. Mas, como muita gente evita comprar discos rígidos usados pelo risco de algum de seus componentes mecânicos terem sofrido desgaste, as unidades teriam sido colocadas no mercado como se fossem novas.
Não está claro, porém, quantos HDs estariam envolvidos nesse esquema. Também não se sabe se unidades fraudadas chegaram ao Brasil.
O que diz a Seagate sobre os HDs fraudulentos?
Procurada pelo Heise, a Seagate informou que não vendeu ou distribuiu os discos rígidos em questão para seus revendedores oficiais. A companhia afirma que só distribui unidades genuínas, e complementou:
Acreditamos que em algum ponto na cadeia de suprimentos do mercado de usados, as unidades foram remarcadas e revendidas como novas.
(…) Os processos da Seagate estão em andamento para investigar casos como esses, com equipes trabalhando proativamente com nossos revendedores para tomar medidas corretivas quando necessário.
A Seagate também divulgou o e-mail [email protected] para consumidores que quiserem contribuir para as investigações. Mas, para aqueles que precisam trocar um HD problemático, a recomendação da empresa é a de que a pessoa entre em contato com a loja responsável pela venda do produto.
Na Alemanha, pelo menos, os lojistas envolvidos no caso têm efetuado a troca do produto ou a devolução do dinheiro pago por ele.
Para quem quiser fazer uma checagem, é possível conferir os parâmetros do FARM por meio da ferramenta de diagnóstico SeaTools, da própria Seagate.
Fonte: Tecnoblog
