Ginette Moulin, proprietária do grupo Galeries Lafayette, morre aos 98 anos

Ginette Moulin, proprietária do grupo francês de grandes armazéns Galeries Lafayette, morreu no domingo aos 98 anos, confirmou o grupo à agência AFP na terça-feira, 11 de fevereiro.

Moulin era neta de Théophile Bader, que fundou a loja de departamentos com Alphonse Kahn em Paris, em 1894.

Com a sua família, Moulin ocupava o 34.º lugar na lista dos bilionários franceses da revista Challenges, com uma fortuna estimada em 4,05 bilhões de euros.

Em agosto de 2024, Moulin passou as rédeas da holding familiar Motier ao seu genro Philippe Houzé, assistido pelos seus netos Nicolas Houzé, Guillaume Houzé e Arthur Lemoine. O grupo declarou que a transferência tinha sido planejada “com bastante antecedência”.

Moulin é uma figura-chave na história familiar das Galerias Lafayette. Conheceu pessoalmente os membros das cinco gerações que sucessivamente assumiram o leme da emblemática loja parisiense, com a sua loja principal no Boulevard Haussmann.

Nasceu em 7 de fevereiro de 1927, filha de Max Heilbronn, um resistente deportado durante a Segunda Guerra Mundial para Buchenwald, na Alemanha, onde conheceu Etienne Moulin, o homem que mais tarde viria a casar com a sua filha.

Em janeiro de 2025, o grupo Galeries Lafayette explorava 57 sucursais em França, das quais 19 são detidas diretamente e 38 por parceiros franqueados.

Em janeiro, o grupo anunciou que fecharia até ao final de 2025, as suas duas sucursais de Marselha, que “registram prejuízos recorrentes há vários anos”, e comprometeu-se a “promover a realocação dos 145 trabalhadores”.

No final de 2023, o grupo vendeu uma outra grande loja de departamentos parisiense, o Bazar de l’Hotel de Ville (BHV), cedendo-o a uma pequena sociedade imobiliária denominada Société des Grands Magasins (SGM).

Acionista majoritário do Carrefour

Philippe Houzé, nomeado presidente do conselho de administração das Galerias Lafayette em 2005 e que sucederá a Moulin na presidência do Motier, é marido de Christiane, uma das três filhas do casal Moulin.

“Será encarregado de supervisionar o crescimento dos activos da família Moulin, que incluem o grupo Galeries Lafayette, [a varejista online francesa] La Redoute, e uma participação significativa no grupo Carrefour”, declarou a Galeries Lafayette em janeiro.

Os proprietários das Galeries Lafayette são acionistas de referência do gigante francês da distribuição de mercearias Carrefour desde 2014, embora não sejam o principal acionista a partir de março de 2024, quando o Carrefour comprou 25 milhões das suas ações à Galfa, uma empresa detida pela família Moulin.

Nesta qualidade, Philippe Houzé é vice-presidente do conselho de administração do Carrefour, que inclui também Patricia Moulin Lemoine, a filha mais velha de Ginette Moulin.

Três netos de Ginette Moulin, Nicolas Houzé, Guillaume Houzé e Arthur Lemoine, foram igualmente nomeados vice-presidentes da Motier.

Transferência planejada

Esta mudança de governação surge no final de um período caótico para o grupo Galeries Lafayette, que há vários anos tem sido afetado pelas consequências da pandemia de Covid-19 na sua atividade global.

A pandemia e as restrições de viagem que lhe estão associadas privaram o grupo de grande parte da sua clientela, e a atividade foi gravemente afetada pelos confinamentos em 2020 e 2021.

Em meados de dezembro, o sítio Web de vendas de eventos BazarChic, propriedade das Galerias Lafayette, iniciou um “processo de liquidação” que, segundo vários meios de comunicação social, ameaçaria cerca de 100 postos de trabalho, a menos que fosse encontrado um comprador.

Em junho passado, as Galerias Lafayette indicaram que em 2024 pretendiam recuperar o nível de receitas de 2019, equivalente a 3,85 bilhões de euros gerados pela cadeia no seu conjunto. As Galeries Lafayette, que celebraram o seu 130.º aniversário em 2024, registraram vendas no valor de 3,6 bilhões de euros pela cadeia em 2023, dos quais 1,9 bilhão de euros apenas pela filial do Boulevard Haussmann.