A declaração de amor da Chanel para a Itália no desfile Cruise no Lago de Como

A Chanel deu início à temporada internacional de desfiles Cruise na noite de terça-feira, 29 de abril, na Villa D’Este com uma apresentação elegantemente encenada que refletiu o amor de longa data da fundadora Coco Chanel pela Itália.

O desfile fez específicamente referência à grande amizade de Coco com o grande cineasta Luchino Visconti, cuja família nobre foi outrora proprietária da vizinha Villa Erba. A estrela dos filmes de Visconti, Romy Schneider, foi o fio condutor do desfile, com várias modelos exibindo o emblemático penteado da atriz austríaca.

No final, o penteado da modelo, exibindo um longo vestido de cetim branco com uma racha lateral, imitou o estilo excêntrico de Schneider na antologia “Boccaccio 70”, onde, sob a direção de Visconti, interpretou uma dona de casa enganada pelo seu marido aristocrático, o que a levou a exigir com sucesso que o seu cônjuge pagasse as suas relações sexuais.

A Chanel vestiu Romy Schneider nesse filme, e esta coleção recuperou a blusa rosa amarrotada, os vestidos de lamê azul e dourado e a lingerie de lamê prateado criados por Coco para “Boccaccio 70”.

O glamour das estrelas de cinema italianas foi onipresente durante todo o desfile, que contou na primeira fila com Keira Knightley, Anna Mouglalis, Lupita Nyong’o, Margaret Qualley, Caroline de Maigret, Anamaria Vartolomei e Carlotta Gamba. As estrelas estavam sentadas em volta de mesas de metal, assim como Sofia Coppola, antiga estagiária e amiga de longa data da maison, que dirigiu um teaser deslumbrante no qual se via a modelo Ida Heiner subindo e descendo escadarias de mármore ou em terraços ensolarados de hotéis lendários, vestida com shorts de cintura alta e um simples maiô.

Esta coleção Cruise 2025 será a penúltima criada pelo estúdio de design altamente profissional da Chanel, que também supervisionará a próxima coleção de alta-costura da maison em julho, em Paris. Tal como anunciado, a Chanel nomeou Matthieu Blazy como diretor artístico. O antigo designer da Bottega Veneta juntou-se à maison no início de abril e apresentará a sua primeira coleção para a Chanel em Paris, em outubro.

Apresentada ao pôr-do-sol diante da Villa d’Este, um palácio do século 16 construído para um cardeal renascentista, a coleção foi igualmente uma demonstração artística do ecossistema de fábricas italianas de alta qualidade que fornecem a Chanel, três das quais localizadas perto de Como. Assim como os clássicos scarpins bicolores da Chanel ou as elegantes mules de salto pirâmide adornadas com o duplo logotipo “CC” dourado, confeccionadas pela Roveda em Parabiago. Uma das primeiras instalações italianas adquiridas pela Chanel em 2000, a Roveda emprega atualmente 380 artesãos e sapateiros qualificados, entre homens e mulheres.

Acompanhados pela mais recente trilha sonora do especialista do gênero Michel Gaubert, que mistura remixes electro-samba de faixas de Dean Martin e Michael Jackson, as modelos apresentaram os looks a um público de 400 jornalistas, atores e membros do VIC, em dois desfiles, ao meio-dia e às 18h.

O desfile abriu com um quinteto todo em branco pérola, ao estilo femme fatale dos anos 50, usando vestidos peignoir, vestidos de noite com detalhes metálicos e mini-blazers de malha. Os ternos clássicos, embora mais curtos, em lã bouclée, eram esplêndidos, também de produção local. Eram provenientes da Vimar 1991, célebre pela fabricação de fios especializados e tecidos bouclées que incorporam couro, caxemira, papel e até penas.

Outras passagens do desfile apresentaram deslumbrantes vestidos de noite em couro metalizado ou vestidos cocktail em camurça perfeitamente ajustados, com bolsos de pele sintética adornados com strass. Muitos looks foram complementados com magníficos lenços estampados Mantero, sem dúvida o fabricante de seda mais famoso de Como, no qual a Chanel anunciou recentemente ter adquirido uma participação de 35%.

Depois das queixas nas redes sociais sobre os aumentos de preços da Chanel no ano passado, esta foi uma oportunidade para a marca recordar os seus fãs e os mais atentos da qualidade única dos seus produtos.

Antes do desfile, os hidroaviões do Aero Club Como sobrevoaram o terraço do hotel, com os seus motores integrando a habitual trilha sonora do esplêndido lago. Após o desfile, os corvos-marinhos, as gaivotas e os patos-reais levantaram voo, enquanto o Lago Como regressava à calmaria noturna, antes de um DJ local entrar em ação e as modelos irem para a pista de dança.