Pode até parecer que esse post é um déjà-vu, mas não. O assunto não é sobre Brazilcore novamente — pelo menos não só sobre isso. Além de elementos da cultura periférica transformados em tendência, o lifestyle brasileiro como um todo tem ocupado o centro dos holofotes em todo o mundo. Mas o que será que despertou esse interesse pelo Brasil? E, mais importante: o que realmente ganhamos quando a nossa cultura vira produto no exterior?
Você já deve ter notado: o Brasil tem sido cenário de inúmeros projetos de empresas internacionais. De Jacquemus a Rabanne, passando por colaborações entre grifes estrangeiras e gigantes brasileiras, até chegar a marcas como a Sol de Janeiro — que com o Brasil no DNA e no nome se tornou a marca mais vendida da Sephora em 2024.
Todas essas iniciativas fazem parte de estratégias globais de comunicação e branding, em que nosso país se torna o centro de campanhas com impacto internacional.

Foto: Victoria Monét (Reprodução/Instagram)
Além disso, o país também virou destino frequente de celebridades e influenciadores. Seja para férias, como foi o caso de Idris Elba e Cruz Beckham, para ações sociais, como a visita de Angelina Jolie ao Parque Indígena do Xingu, ou para se conectar com o público, como Victoria Monét ao celebrar o réveillon no Brasil.
E essa afinidade das celebridades internacionais com o Brasil vai além da presença física. Nosso público é citado em entrevistas, homenageado em palcos e lembrado com carinho por seu engajamento. Aliás, essa conexão de celebs com os fãs do Brasil é tão grande, que ícones estrangeiros têm estrelado campanhas voltadas para o país, como Terry Crews na propaganda para a Shopee Brasil ou o Matt LeBlanc para o Nubank.

Foto: P. Andrade (Reprodução/Instagram)
Mas esse movimento também se inverte. Artistas, criadores e marcas brasileiras têm ocupado cada vez mais espaço lá fora, seja em editoriais de moda, campanhas, premiações ou popularizando seus produtos. Marcas como Havaianas, Melissa e Farm têm crescido de forma expressiva na Europa, enquanto nomes autorais como P. Andrade (presença confirmada na Paris Fashion Week) e Misci ampliam seu alcance com propostas autênticas e que valorizam a identidade brasileira.
Um aspecto importante da nossa cultura que tem ganhado destaque globalmente é a música, mais especificamente, o funk brasileiro. O gênero, que surgiu nas periferias e por muito tempo foi marginalizado, hoje ganha o mundo. As batidas envolventes do funk estão presentes nas trends gringas do TikTok, em trilhas sonoras de desfiles internacionais, em campanhas publicitárias e até em álbuns de grandes artistas globais — como Beyoncé, que incorporou o gênero em uma das faixas do álbum “Cowboy Carter”.

Foto: Jessi Regina (Reprodução/Instagram)
o que todo esse movimento nos mostra?
O Brasil é uma potência estética e cultural. Sempre fomos admirados por nossa intensidade, paixão, criatividade, humor e, é claro, pelo engajamento do nosso público. Isso tem sido cada vez mais reconhecido mundo afora: da página oficial do Globo de Ouro a estrelas populares por aqui, nosso potencial é visto, ouvido e sentido.
Mas é justamente por esse poder todo que devemos olhar com atenção para o tipo de protagonismo que estamos recebendo. Há uma linha tênue entre a valorização da nossa cultura e a apropriação que esvazia nossa história. A estética brasileira tem muito a oferecer, mas precisa ser acompanhada de respeito ao contexto e à origem. Quando símbolos, histórias e modos de vida viram tendência, mas não geram visibilidade ou retorno para quem os vive e constrói, há o risco de reforçar estereótipos — e não de romper com eles.
Quando feito em colaboração com artistas locais e com retorno para suas comunidades, isso pode ser um caminho de reconhecimento legítimo. Afinal, estar na moda pode, sim, ser motivo de orgulho, mas que seja com consciência, com representatividade real e com espaço para quem está, de fato, contando essa história todos os dias.
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Fonte: Steal the Look