Afonso Motta nega envolvimento com suposto esquema de desvio de emenda | Política

Após reunião com presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado Afonso Motta (PDT-RS) afirmou nesta quinta-feira (13) não ter envolvimento com o suposto desvio de recursos de emendas parlamentares que desencadeou em uma operação da Polícia Federal contra seu assessor Lino Rogério da Silva Furtado. A investigação aponta que o assessor do pedetista recebia 6% sobre emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery.

“É uma circunstância lamentável. Estava fora de Brasília e fiz questão de retornar hoje para ter uma conversa com o presidente Hugo Motta, onde tivemos a oportunidade de conversar sobre a ocorrência que determinou o afastamento do meu secretário de gabinete, Lino Furtado. Em momento algum, eu apareço como investigado, mas claro que isso não diminui a nossa preocupação com a circunstância, com o nosso trabalho, com a forma de proceder que sempre tivemos de fazer a destinação de emendas com critérios, cumprindo as formalidades”, disse Afonso a jornalistas.

Durante a entrevista, o gaúcho indicou que pode demitir o funcionário, mas ponderou que Furtado é alvo de uma investigação, mas ainda não foi condenado. “Ele já está afastado do meu gabinete por decisão judicial”.

Segundo o parlamentar do PDT, Motta manifestou solidariedade a ele por causa da operação contra seu gabinete e demonstrou preocupação porque as emendas parlamentares são um tema que estão na ordem do dia. Parte dos recursos está bloqueado desde o ano passado após decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), em função da ausência de transparência e rastreabilidade das verbas. Há uma audiência de conciliação entre os Poderes, prevista para 27 de fevereiro, para tentar chegar a uma solução para destravar o pagamento das emendas.

“Queira ou não queira é um tema que está na pauta, está na ordem do dia o tema das emendas parlamentares, da transparência, das emendas de comissão. Trocamos ideia sobre isso. Ele manifestou que está junto conosco para que essa investigação continue, para que se chegue a um bom resultado no sentido de apuração. Não estamos aqui para negar a possibilidade de que temas dessa natureza sejam investigados e sejam apuradas as responsabilidades”, explicou Afonso.

Segundo ele, está sendo investigada uma situação onde um intermediário que busca emendas parlamentares tem uma relação de remuneração pelo fato de uma emenda ser indicada. “De maneira nenhuma, eu nunca tive nenhuma relação que tivesse essa natureza. Os documentos que estão nos autos é um documento de prestação de serviços entre esse intermediário e o Hospital Ana Nery. Não tenha nada que envolva o nosso gabinete ou o próprio Lino Furtado”.

O pedetista afirmou não acreditar que o episódio pode contaminar a audiência entre os Poderes para resolver o imbróglio das emendas parlamentares.

O deputado classificou o episódio como inadmissível e avaliou que a circunstância atinge o seu mandato. “É um mandato que fica limitado, recebe uma espécie de uma censura, uma crítica. Isso é muito importante para quem está aqui por princípio, idealismo, que acredita no processo do Parlamento.”

Deputado Afonso Motta (PDT-RS) — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Deputado Afonso Motta (PDT-RS) — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Fonte: Valor

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