O que Jesus diria em uma entrevista dias antes da sua morte? É evidente que o Bem Paraná não tem a resposta verdadeira. No entanto, quase como uma tentativa de voltar ao passado, o ator Anderson Ombrellino, que interpreta Jesus adulto nas peças do Grupo Lanteri em Curitiba, contou um pouco de como é encenar a história da Páscoa Cristã.
Anderson, ou Ander, como é conhecido, está no Grupo Lanteri desde os 11 anos. Curiosamente, o ator – que na vida real é músico e professor – contou que interpretar Jesus nunca foi uma grande ambição. Na verdade, seus últimos personagens eram bem diferentes. Chegou a interpretar João Batista, Herodes, Caifás e as “tentações”.
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“Nunca passou pela minha cabeça interpretar Jesus. Sempre achei que era algo inalcançável, que eu não poderia fazer, que já tinha passado da época. E, na verdade, os personagens malvados sempre chamaram mais a minha atenção. Jesus é muito bom e eu achava que eu não ia dar conta”, disse.
No entanto, participando todos os anos e indo aos ensaios, Anderson chamou atenção e foi convidado para encenar Jesus. Ele conta que não aceitou de primeira, porque fazer o personagem principal, com certeza, não era uma tarefa simples. Mas, depois de pensar, ele começou a se preparar para o papel.


“Não é simplesmente chegar e fazer, tem que ter toda uma entrega, né? Ninguém sabe dizer exatamente como Jesus era, mas a gente personifica, idealiza algo. Quando o Márcio [diretor da peça] me fez o convite, ele pediu: eu não quero um Jesus hollywoodiano, aquele Jesus bonito, de olho azul, que as pessoas não chegam perto dele. Eu quero algo mais humanizado. Então tem aquilo de você se imaginar recebendo um pouquinho do sofrimento que Jesus passou por nós.”
Quando entrou no grupo, Anderson não levou a atuação como uma profissão, mas se apaixonou por fazer parte das peças. Muitos voluntários, aliás, estão há anos participando. Hoje, para se ter noção, o Grupo Lanteri conta com cerca de 500 voluntários para fazer a “Paixão de Cristo”. É a segunda maior encenação da Páscoa Cristã no Brasil.
Jesus, uma figura amada
Sendo o personagem principal, é claro que Anderson já passou por alguns momentos de emoção com quem assiste à peça. No fim das encenações, os espectadores podem falar com quem está atuando. E, em um desses momentos, Anderson foi surpreendido pelo carinho de uma criança.
“As pessoas vieram me dar oi no fim e uma família me chamou. O rapaz me chamou. Eu fui até subir no palco para encontrá-los, estavam em uma roda e no meio da roda tinha uma menina sentadinha no chão. Quando ela me viu todo machucado, manchado de sangue e tudo, ela olhou, abriu um sorriso e falou: é o Jesus. E puxou e esticou para me dar um abraço. Ali eu desabei para chorar. É um carinho realmente muito legal”, relatou.
Pessoalmente, Anderson é um praticamente da fé cristã, assim como vários dos voluntários da peça. Por isso, a encenação tem um significado muito maior. Para cristãos, a Páscoa é a comemoração da morte e ressurreição de Jesus ao terceiro dia – o que simboliza a vitória sobre o pecado e a graça derramada sobre todos os que têm fé em Deus.
Questionado sobre como, afinal, seria uma entrevista com Jesus dias antes da sua morte, Anderson não hesitou em responder. “Eu acho que Jesus não perderia a esperança na humanidade. Não foi à toa que ele morreu pra nos salvar. Então eu acho que se ele tivesse essa oportunidade de fazer isso novamente, ele faria. Porque ele ainda acredita na humanidade. A humanidade ainda pode ser melhor, depende da gente”, finalizou.
Agora, para explicar o título, vale a ressalva. Na tradição cristã, Jesus é conhecido como ‘de Nazaré’ porque foi onde ele viveu com seus pais, José e Maria – embora, segundo a história, ele tenha nascido em Belém. Na época, as pessoas não tinham sobrenomes, por isso era comum que fossem chamadas conforme a profissão ou locais em que viviam. Por isso, Jesus, o nazareno. E, no caso da reportagem, Jesus, o curitibano.
Paixão de Cristo do Grupo Lanteri
Ao longo de sua trajetória, o Grupo Lanteri já realizou 57 edições do espetáculo e outras 17 produções teatrais, impactando mais de 1,4 milhão de espectadores. No total, já foram 740 apresentações em mais de 100 localidades, incluindo Curitiba, diversas cidades do Paraná e outros estados brasileiros.
A Paixão de Cristo deste ano terá 34 cenas e 212 personagens, envolvendo 500 atores, 146 profissionais na equipe técnica e 198 postos de trabalho de infraestrutura. O espetáculo dura 2 horas e a entrada é gratuita.
Serviço
Dia: 18 de abril (Sexta-Feira Santa)
Horário: 19h
Local: Espaço Lanteri (Rua Amadeu Piotto, 590 – Orleans)
Ingresso: Entrada Gratuita (Opcional: 1kg de alimento não perecível)
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Fonte:Bem Paraná