Entre tantos tabus que rondam o nosso universo, fertilidade feminina é, com certeza, um dos maiores. Parece que falar sobre as dificuldades ainda é visto como fraqueza — quando, na verdade, nossas histórias poderiam encorajar ou confortar tantas outras mulheres que estão passando pela mesma coisa.
Resolvi escrever esse relato pessoal depois de ouvir e acompanhar inúmeras histórias de amigas próximas que passaram (ou estão passando) por jornadas muito mais desafiadoras do que a minha. Mas entre todas elas eu percebia algo em comum: o constrangimento ao falar sobre o assunto.
Hoje, com uma bebê de 11 meses no colo e grávida de 7 meses do meu segundo filho, sem pretensão nenhuma além de ajudar quem esteja nessa caminhada para a maternidade, deixo aqui o meu depoimento.
tudo sobre a minha jornada com a fertilidade feminina

Foto: Manuela Bordasch (Reprodução)
o início da jornada: parar o anticoncepcional e as primeiras descobertas
2018 – acne, DIU de cobre e um diagnóstico inesperado de mioma
Depois de mais de 12 anos tomando anticoncepcional, resolvi parar. Queria entender como meu corpo funcionava sem hormônios e também porque estava com um melasma que só piorava. Foi então que cometi o meu primeiro erro: parar de tomar anticoncepcional sem acompanhamento médico. Resultado: acne adulta (nunca tinha tido na vida!) e autoestima lá embaixo — contei até por aqui na época.
O segundo erro foi decidir sozinha que queria o DIU de cobre, simplesmente por ler dicas sobre ele na internet e sem nem entender se fazia sentido para o meu caso. Depois da decisão, fui em uma médica que sequer me questionou, só colocou e pronto. E aí veio a surpresa: um exame pós-colocação para ver se o DIU estava no lugar revelou um mioma de 2,5cm no meu útero — justamente um quadro em que o DIU de cobre não seria a melhor recomendação por diversos motivos, entre eles porque o DIU hormonal costuma ser o mais indicado, já que, muitas vezes, ele pode ajudar no processo de diminuir a velocidade do crescimento do mioma.
Leia mais: Parei o anticoncepcional e tive acne adulta
mioma em crescimento e o impacto de opiniões médicas divergentes
2019 – a cirurgia de emergência e a descoberta da endometriose
Seis meses depois, o mioma já estava perto de 8cm. Procurei outra opinião e disseram que realmente a escolha do DIU foi errada para o meu caso. Na sequência, mais um médico levantou a hipótese de cirurgia com risco de perder o útero, inclusive. Entrei em pânico.
Fui atrás de uma terceira opinião e… o mioma já tinha 13cm. Até que cheguei ao quarto médico — o Dr. Sérgio Conti Ribeiro. Nessa altura, já estava com 16cm. Passei por uma cirurgia de urgência e, para minha surpresa, além do mioma, ele também descobriu uma endometriose, que tem relação direta com a fertilidade. A cirurgia foi um sucesso e por algum tempo deixei de me preocupar com o tema maternidade e voltei a focar 100% na minha carreira.
congelamento de óvulos: como foi a experiência na prática
2020 – quantos óvulos congelei, por que não fiz mais ciclos e o que eu teria feito diferente
Com 32 pra 33 anos anos, um término de namoro de quase 10 anos e zero desejo de ser mãe naquele momento, resolvi congelar óvulos.
O processo em si foi tranquilo, porém dos 18 óvulos retirados, apenas 6 estavam saudáveis para o congelamento. Por estar no meio da pandemia, pelo momento de vida e pela condição financeira na época, não segui com outros ciclos. Torcendo para que se um dia eu precisasse, os 6 fossem suficientes. Depois disso entendi que eu poderia ter me preparado muito melhor para o congelamento. Não só em relação ao meu estilo de vida na época, mas fazendo mais exames que pudessem ter me auxiliado a uma suplementação correta. Por isso, hoje, quando escuto qualquer amiga falar sobre o tema, sempre sugiro que esse preparo comece muito antes do congelamento.
Leia mais: Tudo que você precisa saber sobre congelar óvulos

Foto: Originare (Reprodução)
pré-concepção consciente: o papel da medicina integrativa
2022 – o acompanhamento que mudou tudo antes da gravidez
Comecei a namorar, fiquei noiva e marcamos o casamento pra 2023. Já sabíamos que queríamos tentar engravidar logo. Eu teria 36 anos, então resolvemos nos preparar. Foi aí que encontrei a Dra. Michele, médica integrativa que me acompanhou em toda a pré-concepção, na gestação, no pós-parto e também agora, na segunda gravidez (que aconteceu só 4 meses depois do parto da minha filha). Foi nesse momento que entendi a importância de sermos proativas quando o assunto é fertilidade e de um acompanhamento apropriado antes mesmo de começar a tentar de fato a engravidar (o que, como mencionei, inclusive poderia ter me auxiliado a congelar um maior número de óvulos se eu tivesse feito um acompanhamento apropriado pré-congelamento).

Foto: Reprodução (Manuela Bordasch)
segunda gestação precoce e julgamentos: o poder de uma rede médica de apoio
2025 – estar bem acompanhada fez toda a diferença
Quando revelei a segunda gravidez, muita gente me atacou dizendo que era cedo demais, que eu estava colocando minha bebê em segundo plano (me pergunto: e quem tem gêmeos?) e que meu útero não teria se recuperado. Por alguns instantes, fiquei preocupada. Mas foi aí que fez toda a diferença ter uma rede de médicos de confiança. Conversei com todos eles — Dr. Sérgio, a Dra. Michele e o meu obstetra, Dr. Gustavo Stable — e em absolutamente todos os momentos me senti segura.
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reflexões sobre maternidade, escolha e confiança no próprio corpo
Foram anos de altos e baixos sem nem saber se eu queria mesmo ser mãe. Mas, toda vez que eu me deparava com a possibilidade de não poder, me dava um choque. Porque mais do que querer ou não, eu queria ter a escolha.
Por isso, se eu puder deixar só um conselho é esse: fale sobre o assunto. Fertilidade não pode ser tabu. Cada história pode ser o respiro de esperança que alguém precisa.
E o mais importante: se cerque de médicos em quem você confia de olhos fechados e não siga apenas dicas que você vê na internet (nem mesmo esse post, pois cada história é única). Isso muda tudo. Hoje, sei que só cheguei até aqui porque tive ao meu lado profissionais incríveis que me guiaram, me acalmaram e me deram segurança em cada decisão.
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Fonte: Steal the Look