Os número de vagas para empregos dos setores de linha de frente, como trabalhadores rurais e braçais, motoristas de serviços de entrega e profissionais de tecnologia devem ser os que mais vão crescer até 2030, apontou o Fórum Econômico Mundial no relatório Futuro dos Empregos 2025. É esperado que, nos próximos cinco anos, o mercado de trabalho mundial crie 170 milhões de novos postos de trabalho, enquanto outros 92 milhões deixarão de existir.
As principais razões para a expectativa de aumento nestas áreas estão no aumento de acesso à Internet pela população mundial, aumento do custo de vida e também nas adaptações climáticas.
Algumas áreas específicas, como Educação (professores) e Saúde (enfermagem e profissionais ligados a cuidados pessoais) são afetadas também por tendências demográficas. Os avanços tecnológicos impulsionam as carreiras ligadas à tecnologia em geral — inclusive aplicativos de entrega, como é o caso para entregadores e motoristas. Outra vertente entre as profissões que devem crescer é as que têm pouca probabilidade de serem substituídas pela IA, como trabalhadores rurais, braçais e manuais.
Veja abaixo o ranking completo
Profissões que mais devem crescer até 2030
1 | Trabalhadores rurais, braçais e outros trabalhadores agrícolas |
2 | Motoristas de caminhonete ou serviços de entrega |
3 | Desenvolvedores de software e aplicativos |
4 | Carpinteiros, azulejistas e profissionais semelhantes |
5 | Vendedores de loja |
6 | Trabalhadores de processamento de alimentos e profissões relacionadas |
7 | Motoristas de carro, van e motocicleta |
8 | Profissionais de enfermagem |
9 | Trabalhadores que servem comidas e bebidas |
10 | Gerentes gerais e de operações |
11 | Profissionais de assistência social e acolhimento |
12 | Gestores de projetos |
13 | Professores de universidade e educação superior |
14 | Professores de segundo grau |
15 | Profissionais ligados a cuidados pessoais |
O relatório aponta uma aparente contradição no setor de transportes: enquanto é esperado um aumento no número de vagas para motoristas de caminhonetes, serviços de entrega, carros, vans e motocicletas – impulsionado pelo acesso à internet, aumento do custo de vida e adaptação climática –, também se projeta um rápido crescimento na demanda por especialistas em veículos autônomos e elétricos até 2030.
Essa contradição, no entanto, é explicada pelo fato de que a categoria de especialistas em veículos autônomos ainda é nichada e está em fase de consolidação no mercado mundial, enquanto a necessidade de motoristas reflete demandas imediatas do mercado tradicional de transporte.
Para o Brasil, é previsto o crescimento de demanda por profissionais de transformação digital, especialistas em IA, machine learning e em cadeias de suprimento e logística.
Profissões que devem diminuir a demanda até 2030
Por outro lado e pelas mesmas razões que as citadas para as profissões que devem ver a demanda crescer, categorias de trabalhadores de escritório e secretariado, incluindo cargos como caixas, bilheteiros, zeladores, faxineiros e governantas, devem apresentar o principal declínio em números absolutos nos próximos cinco anos, segundo o relatório. Veja abaixo o ranking completo:
Profissões que mais devem diminuir até 2030
1 | Caixas e bilheteiros |
2 | Assistentes administrativos e secretários executivas |
3 | Zeladores, faxineiros e governantas |
4 | Assistentes de controle de materiais e estoquistas |
5 | Trabalhadores de impressão e profissões relacionadas |
6 | Assistentes de contabilidade, escrituração e folha de pagamento |
7 | Contadores e auditores |
8 | Atendentes de transporte e condutores |
9 | Guardas de segurança |
10 | Caixas e auxiliares bancários |
11 | Auxiliares de entrada de dados |
12 | Trabalhadores de atendimento e informação ao cliente |
13 | Designers gráficos |
14 | Gerente de serviços empresariais e administração |
15 | Reguladores, examinadores e investigadores de sinistros |
Já no Brasil, as maiores reduções de postos de trabalho previstas são nos cargos de assistente administrativo, secretário executivo e funções que atuam em linhas de produção e fábricas.
Inteligência artificial impacta profissões
Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria Robert Half para a América do Sul, ressalta que as transformações tecnológicas não vão substituir trabalhos que exigem conhecimentos específicos: “A inteligência artificial, por exemplo, conseguiria escrever um livro melhor do que eu, mas ela não conseguiria escrever melhor do que Jorge Amado ou outro grande escritor”.
A demanda é o principal elemento a ser considerado ao analisar as tendências do mercado de trabalho. O Fórum Econômico Mundial destaca que, em países mais ricos, por conta da alta expectativa de vida e do envelhecimento da população, haverá maior demanda na área de saúde; já nas nações mais pobres, em educação.
Lucas Oggiam, diretor-executivo na Michael Page, explica que a evolução do mercado de trabalho, numa perspectiva histórica, sempre veio acompanhada de novos empregos, mas que isso “não significa que será o mesmo de dez, vinte anos antes. Esse é o desafio: evoluir como nós fazemos as coisas e nos prepararmos para desempenhar tarefas diferentes”.
A ponderação se uma função poderá ou não ser substituída por inteligência artificial é também um fator a se considerar. Por conta disso, motoristas, carpinteiros, azulejistas e vendedores de loja são algumas das funções que devem se expandir até 2030.
“O serviço de carpintaria, por exemplo, não é algo que uma máquina consegue fazer a custo viável neste momento” diz Mantovani, que destaca que valorização do profissional de alta performance ocorre independentemente do panorama geral: “É como a metáfora do Jorge Amado. Se você for um profissional com talento, a empresa vai querer segurar a todo custo. Por mais ‘substituível’ que sua função possa ser, o talento exponencial não pode ser substituído por IA”.
Fonte: Valor