O Banco Central (BC) está construindo a sua agenda estratégica para o ciclo de quatro anos que começa em 2026. O secretário-executivo da instituição, Rogério Lucca, explicou que já houve um processo em que a Diretoria Colegiada levantou os principais desafios que ainda serão debatidos pelo corpo funcional do BC.
Em live promovida pelo BC sobre a agenda estratégica da instituição para os próximos quatro anos, Lucca explicou que 2025 é o último ano da agenda iniciada em 2019 e, a partir de 2026, começa uma nova estratégia para os quatro anos posteriores. Lucca apontou que a agenda está em construção ainda e ressaltou alguns pilares: política monetária, estabilidade financeira, comunicação e aprimoramento institucional.
O secretário-executivo do BC explicou que há um processo de diálogo interno para a construção do planejamento estratégico e que até o final do ano o BC terá definidas as ações que devem nortear a atuação da autoridade monetária a partir de 2026.
Na política monetária, Lucca comentou que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem falado da desobstrução dos canais de política monetária. “O desentupimento dos canais de política monetária tem surgido muito como potencial desafio para a gente encarar nesse próximo ciclo”, disse.
Lucca também explicou que, no âmbito da estabilidade financeira, existem duas faces, a solidez e a eficiência. O secretário-executivo disse que houve uma evolução “grande” da intermediação financeira de forma geral nos últimos anos. “Uma das coisas que a gente tem que parar para pensar neste momento é: o arcabouço institucional do Banco Central, de uma forma geral, conseguiu acompanhar essa evolução do sistema financeiro?”, indagou.
No caso da comunicação, o secretário-executivo disse que há uma demanda para se comunicar com a sociedade como um todo. “A gente precisa falar de política monetária para pessoas que não são economistas, que não são tão tecnicamente envolvidas com o assunto.”
Além disso, destacou que o BC provê outros serviços, como o Pix, que tem um público maior e demanda que a autoridade monetária consiga se comunicar com a sociedade.
Já na questão do aprimoramento institucional, o secretário-executivo apontou que a questão é garantir ao BC os recursos necessários para cumprir sua missão. “A gente tem que garantir que a gente tem os recursos necessários tanto para cumprir nossa missão quanto para poder continuar com a agenda de inovação”, disse.
Questionado sobre as prioridades legislativas do BC, Lucca apontou que há a discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/23, sobre autonomia financeira da instituição, e mencionou outros três projetos: um sobre alienação fiduciária, um segundo que atualiza a legislação para resolução bancária e o terceiro que trata das infraestruturas de mercado financeiro.
O secretário-executivo ainda apontou que há questões da atual agenda estratégica, iniciada em 2019, que ainda vão continuar neste ano. Na agenda de inovação, que deve seguir nos próximos anos, Lucca destacou a continuidade do desenvolvimento de novas funcionalidades do Pix, como o Pix Automático e Pix Parcelado, já anunciados para este ano.
Para a agenda do open finance, Lucca destacou que o Banco Central continuará trabalhando na questão da portabilidade de crédito. “Portabilidade de crédito já existe, só que a gente conversando com agentes do governo, com agentes de mercado, eles entendem que existe uma possibilidade que fazer a portabilidade por meio do open finance, ela se torne muito mais efetiva, muito mais fácil para o usuário”, disse.
O secretário-executivo também apontou uma prioridade, no open finance, em pensar em um modelo de padronização no ambiente de concessão de crédito. Lucca também destacou que outra prioridade é continuar estudando alternativas para melhorar a forma de concessão e fonte de financiamento de crédito imobiliário.
Ainda como tema para este ano, Lucca destacou a continuidade da agenda da duplicata escritural, que é um recebível do comerciante que pode utilizar como garantia de crédito. “Uma coisa que salta aos olhos desses quatro pontos que a gente priorizou [neste ano]. Você tem uma carga muito forte em medidas que têm potencial de melhorar a qualidade das operações de crédito e reduzir os riscos das operações de crédito.”
Fonte: Valor