Brasil tem oportunidade para diversificar exportações do agro à China | Summit Valor Brazil China 2025

O Brasil e a China têm a possibilidade de ampliar a sua relação comercial no agronegócio, com a comercialização tanto de commodities, como de produtos processados. Embora o país asiático seja o maior parceiro comercial brasileiro na atualidade, a avaliação é de que existem oportunidades de diversificação das exportações brasileiras e o ingresso principalmente de pequenos produtores nacionais na lista de fornecedores de produtos para o mercado chinês.

Segundo Fernanda Maciel, diretora-adjunta de relações institucionais do Serviço de Aprendizagem Rural da Confederação Nacional da Agricultura (CNA/Senar), o Brasil possui 5 milhões de produtores rurais, dos quais 97% são de pequeno porte. “Podemos exportar qualquer produto que a China precisar para garantir a sua segurança alimentar”, ressalta, acrescentando que um dos desafios, entretanto, consiste em aumentar a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas de cultivo. Maciel defende o desenvolvimento conjunto de novos cultivares.

As oportunidades de incrementos das relações comerciais entre os dois países surgem não apenas por meio da agricultura, mas também da transição energética, acredita Larissa Wachholz, coordenadora do programa de China do Centro Brasileiro de Relações Institucionais (Cebri). “As empresas de navegação marítima chinesas precisam descarbonizar a frota de navios. Qual combustível de baixa emissão de carbono elas irão utilizar?”, indaga.

O Brasil pode fazer parte dessa cadeia de fornecimento, já que, além da expertise na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, “tem feito muitos avanços na produção de etanol a partir de milho, commodity agrícola em que o país é bastante competitivo”, ressalta Larissa.

Outra possibilidade na área de combustível sustentável está relacionada ao biodiesel obtido da soja. Uma das vantagens é que os projetos nessa área podem ser desenvolvidos sem a necessidade de desmatamento. Segundo Larissa, o Brasil dispõe de aproximadamente 40 milhões de hectares de áreas degradadas que poderiam ser facilmente convertidas para produção.

O cenário das relações comerciais entre os dois países cria possibilidades também para a ampliação dos investimentos de empresas e instituições financeiras chinesas na agricultura nacional, seja para colocar produtos in natura no mercado chinês, seja para fortalecer o suprimento de itens com maior valor agregado.

A agenda de sustentabilidade da China amplia ainda as oportunidades de negócios para o Brasil na área de celulose.

A Suzano, uma das gigantes brasileiras no setor, tem no mercado do país asiático o principal destino de suas exportações de bioprodutos. “A China continua sendo o mercado que cresce com maior velocidade”, acrescenta Pablo Gimenez Machado, presidente da companhia para Ásia.

O executivo destaca o pioneirismo brasileiro no desenvolvimento do plantio florestal clonal – uma técnica que utiliza clones de árvores geneticamente superiores –, que aumenta a produtividade da floresta plantada, gerando mais biomassa com menos área de cultivo. “A China tem um histórico de parcerias importantes na área florestal e de biometais e a Suzano faz parte dessa história”, ressalta.

O Summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio master de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, Governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.

 — Foto: Heka Producciones/Divulgação Valor
— Foto: Heka Producciones/Divulgação Valor

Fonte: Valor

Compartilhar esta notícia