Entenda como a infeccção pelo vírus se relaciona às doenças com malignidade e como preveni-las A modelo Aline Campos veio à público nesta sexta-feira (7) para contar que passou por uma cirurgia para a remoção de uma lesão no colo do útero causada pelo vírus HPV. “Mês passado eu precisei fazer uma cirurgia para remover uma lesão pré-cancerígena no colo do meu útero e tudo isso por causa de um vírus que até então tava silencioso no meu corpo, o HPV”, declarou em vídeo.
A criadora de conteúdo de 37 anos postou o vídeo como uma forma de conscientizar suas seguidoras e criar um alerta no mês que é chamado de Março Lilás, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer de colo do útero, criada pelo Ministério da Saúde. “Você sabia que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas vão ter contato com ele em algum momento da vida? Muitas nem imaginam que tão infectadas porque na maioria das vezes ele não apresenta sintomas como foi comigo”, alerta. “O problema é que alguns tipos do HPV podem causar lesões graves, como foi o meu caso e podem até evoluir para um câncer de colo do útero.”
Aline segue consicentizando suas seguidoras sobre as formas de cuidados e prevenção do vírus, que tem vacina disponível no SUS para uma faixa da população: “Existem várias formas de se proteger. O uso do preservativo, é claro, a vacinação contra o HPV, exames de rotina como papanicolau e a colposcopia. Se eu tivesse me atentado a essa prevenção antes, talvez eu não precisaria passar por essa cirurgia. Se cuide, se informe, faça os exames e compartilhe esse vídeo com quem você ama, porque essa informação pode sim salvar vidas.”
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Assista o relato:
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De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas. Também há evidências científicas que relacionam o HPV com cânceres do ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe. A seguir, os ginecologistas João Bosco Borges e Silvia Jau tiram todas as dúvidas sobre o assunto.
Qual é a relação do câncer com o HPV?
Segundo a a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, de 85 a 90% dos casos de câncer de colo de útero se referem ao carcinoma epidermoide, que acomete o epitélio escamoso. Já o adenocarcinoma é o tipo mais raro e atinge o epitélio glandular, em aproximadamente de 10% dos casos. Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV). O Instituto Oncoguia também dá conta de que a maioria dos cânceres de ânus espinocelulares parece estar associada ao HPV.
O HPV é um grupo de mais de 150 vírus relacionados. Certos tipos são denominados de alto risco porque estão fortemente relacionados a cânceres. Outras variações, de baixo risco, causam outros sintomas, como verrugas genitais.
É possível preveni-lo?
Sim. Uma vez que está estabelecida a relação de certos tipos de câncer com a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), a prevenção é possível. Em primeiro lugar, em relação ao contágio pelo vírus, que se dá pelo contato sexual. Além do sexo com preservativos, há outras medidas, como a vacinação contra o HPV e a realização anual do papanicolau a partir dos 20 anos ou início da vida sexual. Os hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e abandono do tabagismo são algumas das dicas para prevenir este e outros tipos de câncer.
Como funciona a vacinação contra o HPV?
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina quadrivalente contra o HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres transplantados, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, pessoas vivendo com HIV ou Aids e vítimas de violência sexual.
Na rede privada, há ainda a disponibilidade da vacina nonavalente, que protege contra os nove tipos mais comuns de HPV e oferece 90% de proteção contra o câncer de colo de útero. O custo é de cerca de R$ 1 mil por dose e pode ser tomada, inclusive, por quem já teve contato com o vírus.
A vacinação no Brasil
A cobertura vacinal contra o HPV no Brasil está abaixo dos 80% desejados pelo Ministério da Saúde. Para efeito de comparação, países da Europa conseguiram zerar os casos de câncer de colo de útero causados pelo vírus. Especialistas creditam a pouca adesão à desinformação (de fake news sobre efeitos colaterais até falta de educação sexual), ao alto custo no sistema privado e ao fato de que nem todo mundo volta para a segunda dose.
Fonte: Glamour