A Chanel revelou a Nevold, uma plataforma business-to-business (B2B) totalmente independente dedicada ao desenvolvimento e produção em escala industrial de materiais circulares — incluindo tweed, couro e tecidos naturais reciclados. Criada para enfrentar o desafio do descarte dos produtos ao final de seu ciclo de vida, a Nevold representa um novo pilar na estratégia de sustentabilidade da maison, que já investiu entre 50 e 80 milhões de euros no projeto, conforme reportado pela Business of Fashion.

Foto: Street Style Chanel (Reprodução/InStyle)
qual o objetivo da nevold?
Liderada por Sophie Brocart, ex-CEO da Patou, a Nevold atua de forma autônoma para colaborar com outras marcas e setores, ampliando a reutilização de materiais não apenas na moda de luxo, mas também em segmentos como vestuário esportivo e uniformes de hospitalidade. O nome da plataforma remete à ideia de “nunca velho” (“never old”), enfatizando a renovação dos tecidos por meio da mistura de fibras recicladas e virgens, em especial cashmere, algodão, seda, lã e couro — que hoje contam com até 50% de componentes reciclados.
Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, destacou que o objetivo da Nevold é alcançar escala e viabilidade econômica para tornar os materiais circulares uma alternativa real no mercado: “O desafio é conseguir atingir uma escala para tentar tornar esses novos materiais viáveis e, se possível, economicamente rentáveis”.

Foto: Chanel F/W 2025 (Reprodução/Vogue Runway)
“Começamos nos perguntando o que acontece com os materiais que não chegam ao produto final, ou aqueles que chegam ao fim de sua primeira vida útil”, explicou Pavlovsky à Vogue Business. “Na Chanel, não destruímos produtos não vendidos. Mas também não tínhamos um sistema real para entender todo o seu potencial. A Nevold é esse sistema.”
Para o executivo, o projeto não busca retorno financeiro imediato, tampouco pretende transformar a identidade criativa da Chanel — que seguirá priorizando o sonho e a inovação estética. “Não se trata de dizer que 50% dos nossos materiais serão reciclados amanhã”, afirmou. “O que é obrigatório na Chanel é criar um sonho. A Nevold nos dá a capacidade de continuar fazendo isso, porque se não tentarmos agora, nunca estaremos prontos para o que vem a seguir.”

Foto: Chanel F/W 2025 (Reprodução/Vogue Runway)
A Chanel, no entanto, não foi a primeira grande companhia a apostar nesse segmento. A LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior, investiu €200 mil em sistemas de reciclagem em circuito fechado, com planos de ampliar esse valor para €300 mil em 2025. A Kering, por sua vez, apostou na empresa de reciclagem Revalorem e na plataforma de revenda Vestiaire Collective, indicando que o luxo como conhecemos está sendo reescrito, fibra por fibra.
Em meio à corrida das gigantes do luxo por soluções mais sustentáveis, a Nevold se apresenta como um novo player estratégico — mas será isso suficiente para mudar as engrenagens de uma indústria ainda movida por excessos? A disputa por materiais reciclados, rastreáveis e em escala é real, mas esbarra em interesses, lucros e um mercado que ainda vende exclusividade como sinônimo de novidade. No fim das contas, não se trata só de criar tecidos mais verdes, mas de repensar o modelo inteiro. E a pergunta que fica é: o luxo está realmente pronto para isso — ou só tentando se manter palatável em um mundo que já começou a cobrar outras prioridades?
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Fonte: Steal the Look