Priscilla Chan, copresidente da Chan Zuckerberg Initiative (CZI), levou, no sexto dia do South By Southwest (SXSW), festival de tecnologia, cinema e música que ocorre em Austin, no Texas (EUA), uma visão futurista para a medicina com o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) na biologia.
A mulher de Mark Zuckerberg, fundador e presidente da Meta, introduziu o conceito de célula virtual, que seria uma simulação do funcionamento das células humanas.
“E se você mostrasse a um modelo de IA imagens 3D do coração humano em um nível atômico? E se você ensinasse a ele o código molecular em todas as estruturas dentro de cada um de vocês? O que você obteria é uma simulação poderosa de como a célula humana funciona”, afirmou Priscilla.
Ela afirmou que os grandes modelos de linguagem poderiam ajudar no entendimento dos dados recolhidos. “Existem trilhões e trilhões de células. É realmente difícil estudar esses componentes individuais da célula, e é quase impossível entender como esses componentes se juntam para formar um sistema funcional”, disse Priscilla. “Então, precisamos do grande modelo de linguagem e dessas simulações digitais para entender como a menor unidade da vida realmente se junta.”
Priscilla reconheceu, contudo, que a IA pode cometer erros. “Esses [grandes] modelos [de linguagem] vão cometer erros. Eles não vão ser perfeitos. Eles vão nos dar ideias que não são reais e não funcionam em um sistema biológico.”
Apesar disso, Priscilla afirmou que, a partir dessa ferramenta, cientistas poderiam personalizar tratamentos e prevenções.
“Se construirmos os dados e modelos de IA corretos, podemos entender melhor o que, especificamente, mantém cada um de nós saudável e o que deixa cada um de nós doente”, disse. “Meu médico iria querer isso, eu iria querer isso.”
Para Priscilla, o modelo de célula virtual poderia acelerar a descoberta de novos tratamentos, permitindo testar milhões de terapias em software, antes de levá-las para o laboratório. Isso reduziria custos e aumentaria a eficácia. “Em vez de testar moléculas candidatas uma por uma no laboratório, se você puder modelar a doença no software, você pode testar um milhão de terapias potenciais.”
Outra proposta feita por Priscilla é o uso da IA para projetar células imunológicas capazes de detectar e combater doenças, como tumores, em estágios iniciais.
“E se pudéssemos usar [esta tecnologia] para projetar um novo tipo de célula? Você poderia dizer: ‘Preciso de uma célula que possa vagar pelo meu corpo e detectar se há sinais de um certo tipo de tumor”, afirmou. “Essa tecnologia, na verdade, já existe, só precisamos construí-la de forma direcionada”, disse.
O jornalista viajou para o SXSW a convite do Itaú Unibanco
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Fonte: Valor