A Ilha do Mel, localizada no litoral do Paraná, é hoje um dos principais pontos turísticos paranaenses, recebendo visitantes das mais diversas regiões do estado, do Brasil e até do mundo. Mas quem vê o que é hoje a Ilha nem imagina como era o local há 44 anos, em 1981, quando uma mulher chamada Maria Helena Bueno Terhaag chegou naquelas terras para causar uma verdadeira revolução. Foi ela quem inaugurou uma das primeiras pousadas e também um dos primeiros restaurantes da região. Além disso, também foi ela quem conseguiu, na Justiça, uma importante decisão que acabou sendo uma alavanca para o crescimento do turismo no local.
Hoje proprietária de duas pousadas na Ilha do Mel, a Pousada Trilha do Farol e o Restaurante e Pousada Recanto Tropical, Dona Maria, como é conhecida, recorda que quando ela chegou na área tudo era muito diferente. “Só tinha uma pousada e um hotel aqui. Aí eu fiz uma pousadinha, que eu mesma fui arquiteta. Fiz do meu jeito, uma pousadinha com seis quartos e um restaurante. E dali comecei”, conta ela.
Naqueles tempos, só havia energia elétrica na Ilha em alguns períodos do dia e o acesso ao local era difícil, com a travessia feita com bateiras. “Só tinha uma empresa que tinha um ou dois barcos. A gente trazia a comida de Paranaguá, de barco. Atravessava com tudo dentro de caixas de isopor cheias de gelo e não tinha energia aqui na Ilha, né? O que tinha era um gerador da Marinha, que funcionava das 10 da manhã às 10 da noite. Às vezes até às duas da tarde. No começo era duas da tarde e já desligava”, explica a empresária, recordando ainda que para retirar os mantimentos da embarcação o pessoal tinha que entrar na água e retirar as mercadorias nas costas. “Era caixa de cerveja, refrigerante, gás… Tudo a gente tinha que puxar nas costas para sair do barco e não molhar.”
O começo de uma revolução…
Hoje, já há muito mais pousadas na Ilha do Mel. O turismo na região cresceu exponencialmente, com cada vez mais turistas estrangeiros, inclusive, visitando o local. E Dona Maria teve participação direta nesse processo.
É que quando ela construiu sua primeira pousada, que tinha seis quartos, ela resolveu fazer um quarto em cada banheiro. E aí a obra para construção do empreendimento acabou sendo embargada, porque até então só era permitido um banheiro por lote. A empresária, então, teve de brigar na Justiça, para permitir que os imóveis na região pudessem ter mais banheiros. Ou seja, é graças a ela que foi possível o nascimento e crescimento de outras pousadas que hoje habitam a Ilha do Mel.
Além disso, Dona Maria também foi uma das precursoras do turismo internacional na Ilha. “Ela pegava o carrinho dela, ia lá pra Curitiba e trazia o povo para cá. Era uma coisa que ninguém fazia e até hoje ninguém faz igual a ela, para trazer turistas estrangeiros pra cá. Funciona numa base assim: ela traz as pessoas, que saem daqui e contam lá fora para mais gente sobre a Ilha do Meu. Aí as pessoas já começaram a vir do estrangeiro com destino definido, vinham visitar a Ilha. E quando ela chegou aqui não tinha nada, quase comércio nenhum. O povo vivia da pesca, só da pesca”, comenta Thiago, que é funcionário das pousadas de Maria. “Até então, o que tinha aqui na ilha era camping. O pessoal vinha muito pra cá usar droga. Ela já lutou na Justiça pra poder ter outras coisas, fazer outras coisas”, emenda.
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Dona Maria tem hoje duas pousadas na Ilha do Mel (Foto: Franklin de Freitas) -
A famosa caipirosca faz sucesso com os gringos que visitam a Ilha do Mel (Foto: Franklin de Freitas) -
Dona Maria tem hoje duas pousadas na Ilha do Mel (Foto: Franklin de Freitas)
… E a Ilha do Mel hoje em dia
Hoje, comenta Dona Maria, tudo melhorou na Ilha do Mel. O fluxo de pessoas, principalmente, é maior. E o número de estrangeiros também não para de crescer. “Antigamente não vinha muita gente de fora, só japoneses. Depois que os japoneses começaram a frequentar passaram a vir os americanos, os franceses… E hoje também vem gente de todo o Brasil. Vem muito turista do Mato Grosso, do Pará… Vem gente de todo lugar, né?”, comenta a empresária.
Para quem visitar o lugar, uma pedida obrigatória é a famosa caipirosca. “Os gringos, tendo caipirosca, pra eles têm tudo. É o que eles mais procuram, porque a gente faz a tradizionalzinha da gente, do jeito da gente.”
Ainda segundo ela, o turismo na Ilha acabou sofrendo um baque no pós-pandemia, com queda no movimento, mas agora está se recuperando. “A gente está sentindo que o povo está vindo. E também tem muita influência por causa do trapiche, que melhorou, né? O fato de ter luz o dia inteiro, que antigamente nós tinha luz só das dez até às dez da noite, hoje temos a noite inteira, o dia inteiro, né? Então, água nós temos também direto, não falta mais, graças a Deus.”
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Fonte:Bem Paraná