Cris Vianna celebra 20 anos de carreira e reflete sobre seu papel na construção da representatividade


“Ao longo da minha trajetória, precisei me impor e conquistar meu espaço, com muito trabalho” Há 4 dias atrás, Cris Vianna completou os seus 48 anos de vida, mas não foi apenas esse o motivo para comemorar neste ano de 2025. Ainda no começo do mês, ela celebrou 20 anos de carreira como modelo e atriz.
O marco em sua história veio regado de reconhecimento: Cris recebeu em março o Prêmio Dandara, concedido pela Assembléia legislativa do Rio de Janeiro, e essa honraria foi concedida pr sua trajetória, e também pelo impacto de sua personagem Maíra, na série “Arcanjo Renegado”, do Globoplay.
“Para mim, isso reafirma a importância de contar histórias com diversidade, de trazer personagens que sejam fortes, complexas e reais. Espero que esse reconhecimento sirva como um lembrete de que nossos espaços são legítimos, que nossas narrativas merecem ser contadas e que temos o direito de ocupar qualquer lugar que quisermos, inclusive os lugares de alta gestão”, disse, entrevista exclusiva à Glamour Brasil.

Maíra, interpretada por Cris Vianna, é presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e uma mulher forte, potente e sem medo de enfrentar os desafios de sua profissão em busca de justiça.
“A Maíra me conecta com minha própria força e determinação. Assim como ela, ao longo da minha trajetória, precisei me impor e conquistar meu espaço, com muito trabalho. Sua inteligência, estratégia e coragem refletem valores que eu também carrego. Interpretá-la tem sido transformador, pois me faz acessar emoções profundas e reforçar a importância da representatividade de mulheres negras em papéis fortes e complexos”, conta.
Leia a entrevista completa:
Gla: De toda sua trajetória da TV, qual foi a personagem mais marcante que você interpretou?
Olhando para os personagens que vivi até aqui, é difícil destacar um marco porque acredito que todas têm uma importância na minha trajetória. Interpretei muitas mulheres incríveis, como a Maíra da série “Arcanjo Renegado”, do Globoplay, a Marisa, do filme “Última parada 174”, a Dagmar, da novela “Fina Estampa”, a Marta, da série “A História Delas”, Julinha da novela “Império” da TV Globo, são só algumas. Falando da mais recente, a Maíra tem um significado marcante por se tratar de uma mulher que chegou a presidência da Alerj, cargo nunca ocupado por uma pessoa negra fora da ficção, com sua dedicação, competência e determinação.
Cris Vianna
Foto: Lucas Mennezes
Cada personagem que vivi trouxe desafios únicos e oportunidades de aprendizado, mas, a Maíra ocupa um lugar especial no meu coração. Ela é uma mulher forte, poderosa, estratégica, que precisa se afirmar o tempo todo em um ambiente dominado por homens, e faz isso com muita inteligência, firmeza e dignidade. Interpretá-la me fez acessar emoções profundas, pensar sobre as estruturas de poder e refletir sobre o quanto é simbólico ver uma mulher como ela ocupando esse lugar.
A representatividade importa demais. Já vivi personagens em contextos históricos muito duros, como a escravidão, ou retratando a maternidade sob diferentes prismas – mesmo sem ter vivido essas realidades, me entreguei para entender essas mulheres. E isso tudo me transforma como artista e como pessoa. O ofício da atuação é intenso, é entrega, é escuta. Eu sou completamente apaixonada por esse processo. Me sinto honrada em poder contar histórias que dão visibilidade à força das mulheres pretas, e mais do que isso, histórias que tocam, que provocam e que representam.
Gla: você é uma artista multifacetada, e desde muito nova transita em diferentes setores da arte. Como você enxerga a questão da representatividade de mulheres negras nesses espaços ao longo dos anos?
“Tenho visto avanços importantes na representatividade de mulheres negras na arte, mas ainda há muito a conquistar. Quando comecei, os espaços eram mais limitados, os papéis muitas vezes estereotipados, e a luta para ocupar posições de destaque era ainda mais desafiadora. Hoje, há uma mudança em curso, com mais protagonismo, histórias que refletem nossa diversidade e oportunidades que antes pareciam distantes. Porém, a representatividade não pode ser passageira ou pontual, ela precisa ser contínua, estruturada e real. Estamos avançando”.
Cris Vianna
Foto: Lucas Mennezes
Gla: Como foi pra você explorar esse lado mais cômico e divertido com a Lulu Mancini?
“Viver a Lulu em “Família é Tudo” foi uma experiência muito especial. Sempre tive vontade de explorar algo dentro da comédia e essa personagem me permitiu mergulhar nesse universo de uma forma divertida. Caminhei de coração e o retorno do público foi bem bacana”.
Gla: Nesses mais de 20 anos de carreira, quais foram os seus principais desafios, seja na passarela, TV ou na música?
“Enfrentei muitos desafios, mas cada um deles me fortaleceu e me trouxe até aqui. Em todas essas áreas, o maior desafio foi sempre me reinventar, continuar crescendo e abrir caminhos para que outras pessoas também possam sonhar e realizar”.
Cris Vianna
Foto: Lucas Mennezes
Gla: Quem é Cris Vianna?
“Cris Vianna é uma mulher que acredita na força dos seus passos e na importância de ocupar espaços com verdade, talento e essência. Sou atriz, cantora, apresentadora, mas, acima de tudo, sou uma artista que ama contar histórias. Venho de uma trajetória de resiliência e luta. Tenho muito orgulho de ter construído minha carreira com base na dedicação e na paixão pelo que faço”.
Gla: Você também falou sobre a pressão de ser mãe. Mesmo não querendo ter filhos ao longo de sua vida, você ainda pensa nessa possibilidade?
“Durante muito tempo me perguntaram quando eu ia ser mãe, como se isso fosse um caminho obrigatório. Mas eu sempre fui muito honesta comigo e com os meus desejos. Ser mãe precisa ser uma escolha consciente, não uma imposição. Tenho um amor enorme por cuidar, por nutrir afetos, mas isso pode acontecer de muitas formas. E todas são válidas”.
Gla: Que ensinamento você aprendeu com seus ancestrais (mãe, pai, avó) que carrega em seu coração e pode compartilhar com outras pessoas?
“Aprendi com eles que dignidade, força e fé são pilares que ninguém pode tirar da gente. Levo comigo o valor do respeito, da humildade e da importância de olhar para o outro com empatia. Eles me ensinaram a andar de cabeça erguida, mesmo diante das dificuldades, e a nunca esquecer de onde eu vim. São ensinamentos que me moldaram como mulher, como artista e que compartilho com orgulho, porque acredito que é nessa conexão com as nossas raízes que a gente encontra a verdadeira potência”.
Cris Vianna
Foto: Lucas Mennezes
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Fonte: Glamour

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