Cucinelli penalizada na bolsa após revelações de potencial atividade empresarial na Rússia

As ações da Brunello Cucinelli SpA recuaram após os analistas da Morpheus Research terem acusado a marca italiana de caxemira de luxo de induzir em erro os investidores quanto ao seu negócio na Rússia e de recorrer a “descontos agressivos”.

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A Morpheus, que integra antigos membros da Hindenburg Research, afirmou que uma investigação de três meses que realizou mostrou que a Cucinelli continua operando lojas na Rússia, apesar da empresa ter dito que as encerrara. As vendas de bens de luxo na Rússia foram alvo de sanções da União Europeia desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, em 2022.

As ações caíram 5% em Milão antes de serem suspensas devido à volatilidade. Desde a sua oferta pública inicial em 2012, a Cucinelli tem tido um desempenho notável na bolsa, aumentando de valor cerca de 13 vezes nesse período.

Visitas discretas a lojas na Rússia revelaram que boutiques da Cucinelli estão vendendo artigos com etiquetas indicando que foram fabricados na Itália em 2024 e 2025, de acordo com um comunicado da Morpheus publicado online. A firma de venda a descoberto disse ter falado com ex-funcionários e parceiros e analisado dados comerciais como parte da sua investigação.

A Morpheus acrescentou que outras conclusões mostraram que a Cucinelli aplicava descontos agressivos aos seus produtos para gerir o seu “excesso de stock”, com artigos indo parar a lojas como a TJ Maxx, o que dilui a sua posição exclusiva no mercado de luxo.

“Mesmo ignorando as nossas conclusões, a Cucinelli é negociada a cerca de 46 vezes os lucros do próximo ano, um múltiplo superior ao de qualquer par no setor do luxo, apesar do abrandamento do crescimento das receitas, de margens operacionais medianas e do aumento da concorrência de marcas como a Khaite e a The Row, cada uma a registrar crescimento de três dígitos”, afirmou a Morpheus.

As alegações surgem pouco tempo após o gestor de hedge funds Pertento Partners ter dito ao Financial Times que a Cucinelli continua operando na Rússia, em violação das sanções da UE. A Cucinelli disse então que as suas lojas na Rússia estavam encerradas e que as vendas nesse país tinham diminuído. Segundo a empresa, as vendas limitadas nesse mercado cumprem as sanções.

Na quinta-feira, a Cucinelli não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre os descontos e remeteu para as declarações anteriores sobre a Rússia.

A Morpheus se apresentou como um “novo grupo de investigação dedicado a expor a má conduta e a fraude empresariais” numa publicação no X, de 14 de março. Nesse mesmo dia, Nate Anderson, que no início deste ano dissolveu a Hindenburg Research, afirmou que a Morpheus inclui alguns dos antigos membros da sua equipe.