Curitiba não tem um Carnaval, mas sim vários Carnavais. Além da tradicional folia promovida pelos blocos carnavalescos (que estão nas ruas desde janeiro) e pelas escolas de samba (que há meses já estão fazendo seus ensaios e agora se preparam para o grande momento, no próximo sábado e domingo, com os desfiles na Rua Marechal Deodoro), vários outros eventos para públicos diversos vão agitar o feriadão na cidade. Vai ter Psycho Carnival (que começa nesta sexta e vai até terça-feira), Carnaval Nerd, Zombie Walk… Todos eventos que comprovam: sim, a capital paranaense tem (e tem muito) Carnaval! E o mais legal: a folia está cada vez melhor.
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“Por causa dessa falácia de que ‘Curitiba não tem carnaval’, Curitiba virou a cidade dos carnavais. Porque a gente não tem um só Carnbaval. A gente tem o Psycho Carnival, a gente tem o Garibaldis & Sacis e o pré-carnaval como um todo, com todos os blocos. A gente tem o próprio Carnaval dos quatro dias. E aí tem outras coisas que se somam, né? Teve o Carnavibe, que chegou a rolar, mas acabou não colando. Vamos ter o Carnaval Nerd, a Zombie Walk… Ou seja, Curitiba agora é a cidade dos carnavais”, sentencia Marcel Cruz, um dos responsáveis pelo Garibaldis & Sacis, bloco carnavalesco que neste ano celebrou 26 anos de história.
Mas quem vê o estado atual da folia curitibana muitas vezes não imagina a luta que foi até a festa popular voltar a ganhar a força e o reconhecimento merecido. Uma luta que envolveu muito suor e amor por parte daqueles que fazem do Carnaval a potência que ele é. A Fecomércio, por exemplo, estima que a festança movimente R$ 712,22 milhões no Paraná neste ano, 3,6% a mais do que no ano anterior. Além disso, a folia deve gerar 2.288 vagas temporárias de trabalho, principalmente relacionadas ao turismo.
“Curitiba tem Carnaval e nós podemos provar”
Integrante da Mocidade Azul, que vai desfilar no próximo sábado na Marechal Deodoro pelo Grupo Especial, Ricardo Garanhani participa desde 2010 do Carnaval curitibano. Segundo ele, que é também um estudioso da festa popular, a capital paranaense já teve um carnaval muito grande nos anos 1970 e 1980, uma coisa que, em função de questões políticas, foi sendo desvalorizada nas décadas seguintes.
“O Carnaval foi levado para a João Negrão e depois para a Cândido de Abreu. Saiu do Centro da cidade, quase como uma forma de esconder isso, deixar em segundo plano. Mas a coisa da cultura popular é tão forte que ela se mantém resistente e eu acho que ela vem retomando essa força há algum tempo. Eu acho que está crescendo e tem muito que crescer ainda. Até foi tema do nosso enredo ano passado falar que ‘sim, Curitiba tem Carnaval e nós podemos provar”, diz o folião, apontando que a cada ano o número de pessoas interessadas em participar dos ensaios ou mesmo entrar como componente da escola vem crescendo. “A cada ano a gente fica louco aqui, porque aumenta mais a procura”, emenda.
Rodrigo Vidal, diretor de harmonia da Imperatriz da Liberdade, participa desde 2013, quando tinha apenas 10 anos de idade, do Carnaval curitibano. E sua fala reforça o que já foi apontado por Garanhani. “Falar que o carnaval não evoluiu, não melhorou, é mentira. O fato de ter voltado para a Marechal já foi uma evolução e hoje em dia o carnaval é um evento muito grande, que comporta facilmente 100 mil pessoas. Já existem mais bloquinhos, mais escolas de samba, e a cada dia temos mais escolas de samba querendo participar, mais escolas sendo fundadas. Mas ainda tem muita coisa para ser melhorada, a gente precisa de mais investimento”, aponta.

Capital já conta com pelo menos 20 blocos carnavalescos
No longínquo ano de 1999, uma provocação lançada num programa de rádio acabou sendo o estopim para o surgimento do mais tradicional bloco carnavalesco de Curitiba, o Garibaldis & Sacis. E a história do bloco, que neste ano celebrou 26 anos de folia, e o crescimento do pré-Carnaval como um todo são também um importante elemento que evidencia o fortalecimento da festa popular na capital paranaense.
“Soltaram no rádio essa de que aqui em Curitiba parecia não ter Carnaval e aí o Itaércio, que foi um dos fundadores do Garibaldis, ao ouvir isso, falou ‘pera aí, mas se isso for verdade, o que nunca foi, é porque talvez as pessoas não sejam preparadas para o Carnaval. Então bora fazer um pré-Carnaval, porque quando chegar o Carnaval daí as pessoas vão estar preparadas para receber os quatro dias da festa do Momo”, conta Marcel Cruz, que é hoje um dos responsáveis pelo Garibaldis.
De início, o que houve foi um encontro entre amigos (cerca de 17 pessoas), que se reuniam na frente do Saci Bar e depois partiam até a Praça Garibaldi. O trajeto, inclusive, explica o nome do grupo. “Quem olha agora acha que sempre foi assim, mas não foi. Tiveram anos que o Itaércio, estava ele e uma caixinha, subindo e descendo o Largo da Ordem. Inclusive o horário do Garibaldis era no horário da feira para ter gente. A adesão foi acontecendo aos poucos. E essa adesão, ela só tornou esse boom a partir de 2009, 2010.”
E o que explica, afinal, essa explosão? Segundo Marcel, o advento das redes sociais, o que permitiu a divulgação da folia sair do boca a boca e ir para bocas e bocas. “A partir dali a coisa tomou outra dimensão. A gente tem coisas hoje que há 10 anos eram impensáveis. Sexta-feira vamos ter o encontro dos blocos, e eu marquei 20 blocos na postagem. Então assim, a gente tem no mínimo 20 blocos ativos na cidade. E o pré-Carnaval deste ano, pelo menos nas saídas dos Garibaldis, foi tudo muito gostoso, muito legal e com muito mais gente. O próprio bloco cresceu. No grupo do Garibaldis temos 180 pessoas, mas tocando mesmo são cerca de 100 pessoas. É muita gente”, celebra Marcel.
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Fonte:Bem Paraná