Curitiba fechou o ano de 2024 com mais de 4 mil pessoas cadastradas como vivendo em situação de rua no município. É o que revelam dados do Cadastro Único (CadÚnico), os quais apontam que em dezembro do ano passado 4.237 famílias cadastradas como não tendo um lar. Em um ano, o número de cadastros desse tipo teve crescimento de 13,5% na Capital (em dezembro de 2023, eram 3.734 famílias).
E onde, afinal, estão essas pessoas pela cidade? Para tentar mapear isso, o Bem Paraná apelou para a base de dados da Central 156, levantando os dados sobre solicitações à Fundação de Ação Social (FAS) que envolvem abordagens sociais de rua. Dentro desse serviço estão situações que envolvem adultos desaparecidos, pessoas flagradas alcoolizadas ou drogadas em via pública, pessoas dormindo ou caídas na rua, gente esmolando, perdida ou desorientada, e pessoas ou famílias em desabrigo na rua.
Neste começo de 2025, desde 1º de janeiro até a última quarta-feira (5 de fevereiro), 3.274 solicitações desse tipo foram registradas pela Central 156. A maior parte das demandas (2.142 registros) diz respeito à pessoas/famílias em desabrigo. Em seguida aparecem os casos de pessoas dormindo/caídas na rua (756), perdida/desorientada (167), adulto desaparecido (77), pessoas alcoolizadas/drogadas (74) e pessoas esmolando (58).
Para se ter uma dimensão do que isso representa, nos primeiros 36 dias do ano a Central 156 registrou, em média, 91 solicitações de abordagem social de rua. Isso equivale, ainda, a uma demanda chegando a cada 16 minutos, aproximadamente.
Os bairros com mais registros
Neste começo de ano, 71 dos 75 bairros curitibanos (o equivalente a 94,7% do total) já registraram alguma demanda envolvendo pessoas em situação de rua.
Entre as localidades que não registraram solicitações estão alguns dois dos menores bairros da cidade, o Riviera e a Lamenha Pequena. Os outros dois são um pouco mais populosos: Augusta e Bigorrilho.
Por outro lado, os dez bairros com mais registros concentram mais da metade (57,4%) das solicitações em toda a Capital.
Os bairros com mais demandas são os seguintes: Centro (430), Jardim Botânico (258), Cajuru (209), Centro Cívico (197), Rebouças (184), Água Verde (147), Cristo Rei (124), Bacacheri (120), Alto Boqueirão (118) e Sítio Cercado (93).
No Paraná, mais de 5 mil pessoas moram em tendas, barracas ou até carros
Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados no final do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que mais de 5,6 mil pessoas em todo o Paraná vivem em domicílios improvisados, como tendas, barracas de lona, dentro de algum estabelecimento em funcionamento ou até mesmo num carro, caminhão ou barco.
O levantamento classifica como domicílios particulares improvisados aquelas residências localizadas em edificações que não tenham dependências destinadas exclusivamente à moradia, em estruturas comerciais ou industriais degradadas ou inacabadas, calçadas, praças ou viadutos e em abrigos naturais, bem como as estruturas móveis (como veículos e barracas).
No Paraná, um total de 5.631 pessoas foram encontradas residindo em domicílios particulares improvisados. Isso equivale a 0,05% da população paranaense, uma proporção que ainda fica abaixo da média nacional. No Brasil, há 160.485 pessoas vivendo em domicílios improvisados, o equivalente quase 0,08% de toda a população contada no Censo.
Proposta polêmica quer proibir abrigos provisórios para não tirar “a beleza” de Curitiba
Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) pretende proibir a construção de abrigos provisórios nas ruas da cidade. A iniciativa é de autoria do vereador Eder Borges (PL), que argumenta em sua proposta que este tipo de moradia temporária causa poluição visual e a depredação do patrimônio público, além de favorecer o aumento da criminalidade.
Com apenas três artigos, a proposta veda o uso de barracas, colchões e outros objetos similares em vias públicas ou em qualquer outro local que não seja destinado à instalação de abrigos temporários. “Os espaços públicos devem assegurar a urbanidade do trânsito de pedestres, veículos e acesso para as atividades afins, conforme estabelecidas em leis, que não moradias irregulares”, complementa o texto.
Protocolado em 9 de janeiro, o PL ainda aguarda a instrução da Procuradoria Jurídica (Projuris) da CMC para, então, seguir para a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso acatada, a proposição será encaminhada para os outros colegiados permanentes, indicados pela CCJ de acordo com o tema da matéria. Só depois de concluída toda essa tramitação que a matéria poderá ser votada em plenário, mas não há um prazo regimental para a tramitação completa da proposta.
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Fonte:Bem Paraná