Bruno Pimentel, Sanny Elias e Victor Miranda falam sobre o exercício de criar sintonia entre personalidade e imagem de grandes artistas Em um tapete vermelho, Law Roach sussurrou para Zendaya que os flashes captavam a sua totalidade e não a fama. Relatada no livro do stylist How to Build a Fashion Icon, a conversa ao pé do ouvido se tratava de mais uma etapa da sua “arquitetura de imagem”. A técnica, detalhada na publicação, curiosamente, deixa os looks em segundo plano, dando autonomia para quem realmente importa: as pessoas.
“Antes de começar a pensar em qualquer roupa que você acha que te fará um ícone da moda, é importante entender que ela é apenas uma forma de comunicação. Você está falando com o mundo sem abrir a boca”, alerta sobre o que deve ser a sua fórmula de sucesso.
Seguindo valores semelhantes ao do norte–americano, uma cena de stylists brasileiros ascende nos bastidores do entretenimento. Em conversa com Bruno Pimentel, Sanny Elias e Victor Miranda, a Glamour mergulha nesse universo criativo e de montação, que dá vida ao estilo de artistas e personalidades midiáticas.
Bruno Pimentel
Stylists de estrelas revelam bastidores da carreira
Acervo pessoal
Quem vê os palcos e sets que Bruno Pimentel ocupou não vê os corres por trás da vida do stylist. O maior deles foi se reconhecer como tal em meio à insegurança. “Demorei muito tempo para poder assumir esse cargo. A palavra sempre teve um peso grande, por ser uma profissão em que você assume a responsabilidade da imagem de outra pessoa”, confessa o carioca fascinado pelo universo das artes, especialmente da música. “É difícil transformar a imagem em som, que você não pega, não vê, só ouve e sente. Materializar isso em roupa e colocar num palco é um dos maiores desafios, mas também uma viagem que amo”, diz o responsável por figurinos de artistas como Majur, Rafaela Azevedo e Gaby Amarantos, e também a deputada federal Erika Hilton.
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Acervo pessoal
A cantora paraense, por sinal, instigou Bruno justamente por essa relação tão única com suas apresentações. “É um lugar sagrado e que pertence a ela. A Gaby é uma mulher preta, nortista e fora da curva, mas não só do padrão estético, ela é uma potência fashion e artística.” Quando pergunto se o desabafo do stylist Law Roach sobre marcas evitarem vestir pessoas negras também é uma realidade no Brasil, Bruno reflete: “É exaustivo. Alguns demoram para responder, outros criam barreiras e por vezes precisamos lidar com as sobras. Parece que normalizamos não ser uma coisa leve”. As batalhas que fazem os olhos dele reluzirem e merecem espaço são os criativos, como o look espacial usado por Gabi no Baile da Vogue em 2024. “Precisei sair da minha zona de conforto do brilho para criar uma estrutura que girava e saía fumaça. No meio do processo, quase me arrependi, mas tudo passa quando você vê o resultado final”, conta sobre o vestido exibido na sala da casa da artista.
Sanny Elias
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Acervo pessoal
Traduzir coleções desfiladas nas principais semanas de moda para a vida de celebridades é um movimento de atenção para Sanny Elias. “Procuro sempre escutar o que a pessoa deseja e, a partir disso, acrescentar o meu olhar estético para a construção da imagem”, diz a profissional, que começou a carreira em Nova York e, atualmente, se divide entre o Brasil e a Big Apple.
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Trilhando o estilo de uma nova geração de personalidades, como Camila Queiroz, Jade Picon e Bella Campos, a criativa segue uma metodologia para encontrar o look perfeito. “Começo o processo entendendo a demanda do trabalho para trazer um direcionamento na construção dele com pesquisas referenciais e de materiais, produção de croquis, consultoria”, explica Sanny, que dispensa assinaturas de estilo para privilegiar a liberdade das mudanças.
Victor Miranda
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Acervo pessoal
A mudança de rota na faculdade evitou que Victor Miranda se afastasse do seu real interesse, a moda. O diploma de publicitário chegou junto a uma formação autodidata em estilo, abriu portas para experiências editoriais, sendo a Vogue uma delas. “A partir disso, passei a trabalhar também com imagem de moda para personalidades da música, como Pabllo Vittar, Criolo, Pedro Sampaio, Liniker e Banda Uó, que assinei meus primeiros looks”, conta o stylist, que há cinco anos dirige os visuais de Luísa Sonza.
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Acervo pessoal
O tempo para maturar essa relação, segundo ele, trouxe cumplicidade e entendimento mútuo. Além da troca com o artista, há um pensar coletivo dos grandes para chegar aos looks, principalmente de projetos robustos como álbuns visuais e turnês. “Em Escândalo Íntimo, ela, o Flávio Verne, coreógrafo e diretor criativo, e eu pensamos em como as roupas contariam as histórias daquelas músicas em eventos, programas de TV e nos próprios shows”, explica Victor, que calcula desde os rasgos das produções destroyed de Sonza às montações mais suntuosas, como o do clipe de “Modo Turbo”. Um dos favoritos e também dos mais complexos, o look dos estilistas Camila Pedrosa e Caio Vinícius passou por um trabalho manual minucioso, envolvendo metal soldado e bordado. A produção foi avaliada em R$ 60 mil. “No Brasil, o stylist descobre muita coisa na prática, criando, pintando, bordando com peças de marcas nacionais criativas e fortes. Mesmo sem investimento no segmento, conseguimos nos equiparar a artistas internacionais e até ser referência”, observa o profissional ao lembrar de Tyla usando Bravo e Katy Perry de Artemisi.
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Fonte: Glamour