A infectologista Jéssica Fernandes Ramos, integrante do Núcleo de Infectologia do Hospital Sírio-Libanês, explica que a redução de plaquetas por conta da dengue, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é uma “manifestação comum da infecção, observada em cerca de 40% a 80% dos casos, variando de leve a grave”. Em casos de dengue hemorrágica, como era chamado anteriormente o agravamento da doença, isso pode ocasionar graves sangramentos.
As plaquetas, também conhecida como trombócitos, são fragmentos de células que circulam em nossas veias e artérias. Elas são essenciais para interromper vazamentos de sangue no corpo, possuindo uma função essencial de estancar sangramentos.
“[As plaquetas] são responsáveis principalmente pela nossa coagulação, ou seja, quando você sofre um ferimento como um pequeno corte elas são mobilizadas e ativam uma série de reações químicas que irão formar um coágulo em poucos segundos ou minutos, estancando o sangramento”, explicou o hematologista Luiz Felipe Becker.
Para que esses fragmentos estejam em pleno funcionamento, é preciso que a quantidade de plaquetas esteja em nível razoável. De acordo com Becker, para a maioria dos laboratórios o valor de referência para a normalidade costuma ficar entre 150.000 a 450.000 plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Esse diagnóstico é feito por um hemograma.
Quando a quantidade está entre 100.000 e 150.000/mm³, considera-se uma plaquetopenia leve; entre 50.000 e 100.000/mm³, moderada; e abaixo de 50.000/mm³, grave, segundo Ramos.
A médica pontuou que os sintomas variam de acordo com o grau de queda das plaquetas. “[Os sintomas] podem incluir manchas roxas na pele, além de sangramentos espontâneos no nariz ou nas gengivas. Também é comum a ocorrência de hematomas fáceis sem trauma aparente e sangramentos prolongados após pequenos cortes ou procedimentos. Em casos mais graves, pode haver sangue na urina ou nas fezes. Além disso, dor de cabeça intensa e persistente pode ocorrer, o que pode sugerir um sangramento intracraniano em situações extremas.”
Somente a presença do quadro de hemorragia na dengue não leva a óbito, dizem os especialistas ouvidos pelo Valor. Há diversos fatores no estágio avançado da doença que culminam na morte do paciente. Ramos diz que os principais fatores de risco para mortalidade incluem desidratação grave, choque circulatório, falência de órgãos e outros complicações secundárias.
*Estagiário sob supervisão de Diogo Max
Fonte: Valor