Dsquared2 celebra 30 anos de magia nas passarelas e os gêmeos Dean e Dan Caten explicam como

Traduzido por

Helena OSORIO

Publicado em



26 de fevereiro de 2025

Na noite de terça-feira, 25 de fevereiro, Dean e Dan Caten celebraram o desfile dos 30 anos de sua marca e falaram com o Fashionnetwork.com sobre os momentos mais mágicos dessa trajetória de sucesso.

Os irmãos-gêmeos Caten – Courtesy

A dupla de 60 anos, nascida em Toronto, Ontario, no Canadá, deu início à sua vida nas passarelas em 1994. Já promotores de festas de sucesso em Milão, atraíram uma grande multidão para testemunhar o seu batismo na moda. No entanto, pessoalmente, só consegui assistir ao seu segundo desfile ou ao que chamam o seu “Cottage Country Show”, realizado em uma manhã amena perto dos Navigli, os famosos canais antigos de Milão.
 
Já se pressentia que o seu otimismo e o seu estilo energético tinham despertado em Milão e em outros locais o anseio de designers que realmente saíssem à noite e compreendessem o que a geração jovem queria verdadeiramente vestir.

Os Caten (diminutivo do apelido italiano Catenacci) acabaram por construir um negócio multimilionário. E vestiram todos, desde Madonna no seu icônico videoclipe ocidental, “Don’t Tell Me”, até Beyoncé para a sua atuação no Super Bowl. A dupla também tem um alcance impressionante, até vestir os quatro vezes campeões da primeira divisão inglesa, o Manchester City. E uma excelente sede, uma antiga fábrica de energia elétrica convertida em escritório, um espaço para shows, hostel, ginásio e restaurante no telhado com piscina. Tornaram-se uma das grandes instituições de moda da cidade, sem nunca perderem o DNA do Wild North. E são famosos pelas suas ovações, onde fazem a saudação em trajes combinando – quer sejam Disco Dragoons, Klondike Trappers ou ídolos de matinê.
 
 
Fashion Network: Este ano, celebra-se o 30.º aniversário do vosso primeiro desfile. Quais são as suas maiores recordações dessa coleção e desse desfile?
 
Dean e Dan Caten:
Todos e cada um dos nossos desfiles são como filhos para nós e, mesmo que digam que não se deve ter favoritos, nós temos. Começando pelo lançamento da coleção feminina com o desfile 24/7 para o outono-inverno 2003. Tínhamos um avião cor-de-rosa e a Naomi na abertura – foi um momento marcante que ficará para sempre icônico. E o outono-inverno 2017, a primeira vez que tivemos um desfile misto. Quando tivemos a Christina Aguilera na passerelle; o desfile de outono-inverno 2011 onde apresentamos as botas Iconic Skate que agora são conhecidas por todos; ter o Tyson Beckford desfilando para nós; as Charlie’s Angels para a primavera-verão 2009, com o trio de supermodelos Esther, Nadege e Fernanda…
 
Temos muita história e memórias, e é fantástico olhar para trás e ver o que fizemos ao longo dos anos, o que alcançamos.

Dsquared2 – Outono-Inverno2017/2018 – Menswear – Itália – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

FN: Lamento não ter ido ao primeiro desfile, mas creio que fui ao segundo. Tenho uma grande recordação de um desfile em junho, em um espaço aberto perto do Navigli, já cheio da sua energia e otimismo. O que lembram desse espetáculo?

D&D: Claro que se refere ao desfile Cottage Country. A situação era perfeita – aconteceu de manhã cedo, e lembramos que a luz nesse dia era incrível. O desfile teve como cenário um armazém e incluímos todos os elementos do Canadá e o que acontece lá durante o verão. Tínhamos uma casa de campo, mostramos uma coleção contemporânea e usável e houve também o primeiro vislumbre das primeiras mulheres Dsquared2.
 
Lembramo-nos dele como sendo divertido e atrevido, um desfile muito Dsquared2. 
 
FN: Quando iniciaram o caminho para serem designers, que objetivos estabeleceram para si?

D&D: Esforçamo-nos por nos divertirmos e sermos nós próprios – queremos ser inovadores, mas ao mesmo tempo mantermo-nos fiéis a nós próprios e à nossa visão. 
 
FN: Praticamente todas as grandes marcas de Milão foram lançadas, se não desenhadas, por um italiano.  Sendo uns dos poucos designers não italianos que construíram um verdadeiro império em Milão, como explicam o seu sucesso?

D&D: Sempre dissemos que combinamos a nossa herança canadense com um toque italiano e alfaiataria, e pensamos que essa tem sido a verdadeira chave do nosso sucesso nos últimos 30 anos. 
 
FN: Nunca tiveram medo de organizar desfiles grandes e arrojados. Qual é o seu ponto de partida antes de cada um deles?

D&D: Pensamos num momento ou numa história que nos inspira e que tem ressonância cultural, e partimos daí. Compreendemos realmente a força da passarela como um palco e é isso que nos distingue. Adoramos o show, estamos envolvidos nele em todos os aspetos e será sempre fabuloso. Gostamos de nos divertir e de entreter os nossos convidados. 
 
FN: Falem-me dos seus três desfiles favoritos até hoje?

D&D: Bem, um deles tem certamente de ser o nosso primeiro desfile de moda feminina com a Naomi correndo em direção ao jato cor-de-rosa – é um momento icônico para nós e algo que iremos sempre recordar. A Christina Aguilera fechando o nosso desfile de moda masculina de primavera-verão 2005 em um minivestido de cabedal ficará para sempre gravada nos nossos cérebros, assim como a Brittany Murphy para o outono-inverno 2007 – adoramos a teatralidade desse desfile. Este é mais recente, mas estamos orgulhosos do outono-inverno 2024 e da máquina de transformação. Mas, na verdade, adoramos todos os nossos desfiles porque todos eles narram uma história específica que queremos contar. 
 
FN: Vocês são famosos pelo seus look conjunto em cada final. Quem é que decide o que vestir?

D&D: Nunca há qualquer conflito – somos uma mente dividida em dois corpos; pensamos da mesma forma e gravitamos instintivamente para as nossas escolhas únicas sem sequer termos de comunicar.
 
FN: Sendo os mais novos de dois irmãos e cinco irmãs, sei que os laços familiares podem ser complicados. Qual é o segredo de sua ligação fraternal criativa?

D&D: A nossa ligação sempre foi a nossa força – uma mulher disse uma vez que partilhávamos a mesma alma, e acreditamos mesmo que isso é verdade. Crescemos juntos a aprender um com o outro e criamos a marca juntos. A Dsquared2 é sobre duas forças criativas – toda a criatividade, a beleza e tudo o que escolhemos reflete a nossa paixão e visão partilhadas.

Dsquared2 – Outono-Inverno2024/2025 – Menswear – Itália – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

FN: Como definem o DNA da Dsquared2?

D&D: Todas as nossas coleções são sobre ser corajoso e correr riscos – é um cliché mas queremos sempre que o nosso público espere o inesperado. Gostamos de combinar contrastes, muitas vezes colocando duas coisas que podem ser diametralmente opostas juntas – masculino e feminino, casual e glamour, maximalista e contido… tudo estilizado de uma forma quase de bricolage com um aceno à cultura Pop.
 
FN: Quando as pessoas olharem para trás, para a Dsquared2, para a sua criatividade e legado, de que forma gostariam que se lembrassem da marca?

D&D: Gostaríamos que nos lembrassem por sermos corajosos, corrermos riscos e sermos nós próprios, sem remorsos. Desenvolvemos um sentido estético distinto e um estilo de marca que reflete quem somos, como vivemos e o que amamos
 
FN: As semanas da moda na Europa em janeiro – tanto de moda masculina como de alta costura – tiveram muitas manifestações de apoio à comunidade LGBTQ, uma comunidade que muitos designers consideram estar sendo atacada por um novo autoritarismo furioso. Qual é a sua opinião sobre isso?

D&D: Em tempos difíceis, gostamos muito de continuar a ser positivos; sempre infundimos a aceitação e um sentido de comunidade em tudo o que fazemos.

Desfile do 30.º aniversário da DSquared2 em Milão

Dsquared2 – Outono-Inverno2025/2026 – Womenswear – Itália – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

A dupla canadense é responsável por um desfile épico, com o elenco saindo de uma garagem de tijolo destruída ou chegando em uma série de rodas poderosas. Desde veículos blindados e Ford Mustang descapotáveis até um DeLorean todo prateado e um Rolls Royce antigo – todos se revezaram na chegada ao enorme armazém, que parecia um clube noturno.
 
Todos os grandes arquétipos dos Caten tiveram uma saída. Jovens loucas e atrevidas, com calças gigantes e muitas pernas; um trio de roqueiros com maquiagem gótica Kiss, mas com ternos de três peças; garimpeiras de ouro Klondike que vão a uma rave que dura toda a noite; deusas do Rock sensuais e vampirescas, com calças de cabedal e casacos de pele com caudas; e uma bela jovem afro dos rodeo com um mini cocktail feito de tiras de cintos western.

Dsquared2 – Outono-Inverno2025/2026 – Womenswear – Itália – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

Dois caras vestido de couro como figurantes de Querelle e Isabeli Fontana em um vestido túnica de chiffon preto cortado do ombro ao tornozelo para revelar hectares de pele. Antes de Naomi Campbell, inevitavelmente, pisar forte na passarela com botas pretas de couro na coxa e uma jaqueta de motociclista de couro, ostentando o maior afro descolado já visto em uma passarela.

Levando à chegada com sirenes de carro de polícia de Nova York, do qual uma capitã de polícia de couro dominatrix interpretada por Brigitte Nielsen escoltou dois criminosos de colarinho branco. Você adivinhou – Dean e Dan.

E em meio a grandes rugidos,  as rappers afroamericanas JT e Doechii tomaram a palavra em um dueto de chamada e resposta cercadas por todo o elenco.

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Fonte: Fashion Network

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