É óbvio que atentar contra a democracia é crime, diz Alckmin sobre julgamento de Bolsonaro | Política

Chamado de “companheiro Alckmin” por uma plateia repleta de sindicalistas, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta sexta-feira (21) que o país sofreu o risco de um golpe militar. Alckmin fez uma ampla defesa da democracia e disse que só o sistema democrático pode permitir a eleição de um sindicalista por três vezes, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vice-presidente afirmou ainda que “é óbvio” que atentar contra a Constituição é crime, ao falar sobre o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal, que começará na terça-feira (25).

“O que divide mesmo [a população] é quem tem apreço pela democracia e quem não tem. Essa é a grande divisão. O Brasil ia sofrer um golpe. Golpistas! Tinham um objetivo do povo: tirar o direito do povo de decidir o seu destino e construir o seu futuro”, afirmou Alckmin. Em seguida, saudou a democracia e disse que as ditaduras suprimem a liberdade em nome do “pão”.

“Não dão o pão que prometeram e nem devolvem a liberdade que tomaram. Viva a democracia, em que o povo é protagonista”, disse, ao fazer uma palestra a sindicalistas reunidos na sede da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo/Mogi das Cruzes, em São Paulo. O vice-presidente ressaltou ainda que a democracia atrai investimentos para um país e dá segurança e previsibilidade.

Ao ser questionado depois da palestra sobre o julgamento da denúncia contra Bolsonaro, Alckmin afirmou que não é uma ação política. “Esse é um tema do Judiciário, não é político, é legal. Agora é óbvio que atentar contra a Constituição brasileira, contra a democracia, é óbvio que é crime. Agora essa é uma tarefa que cabe ao Judiciário”, disse ao Valor.

Na terça (25) e quarta-feira (26), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal vai analisar a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro, para decidir se vai aceitá-la ou não. Se for aceita, o ex-presidente e os demais sete denunciados passam a condição de réus e uma ação penal será aberta.

Bolsonaro é acusado de cometer cinco crimes: organização criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado com uso de violência e grave ameaça; deterioração de patrimônio tombado. O ex-presidente pode ser condenado a 43 anos de prisão. O ex-presidente nega envolvimento com a trama e sua defesa critica a falta de acesso aos autos do processo, além de afirmar que não há provas contra Bolsonaro.

Citado por lideranças de esquerda como um possível nome para disputar o governo de São Paulo em 2026, Alckmin desconversou ao ser questionado se voltaria a concorrer no Estado. O vice-presidente comandou São Paulo por quatro mandatos. “Só talvez, no futuro, não agora, como presidente do Santos Futebol Clube”, brincou, ao falar se voltaria para o Estado.

Vice-presidente Geraldo Alckmin participa de lançamento do livro sobre a história do sindicalismo de SP — Foto: Cristiane Agostine/Valor
Vice-presidente Geraldo Alckmin participa de lançamento do livro sobre a história do sindicalismo de SP — Foto: Cristiane Agostine/Valor

Fonte: Valor

Compartilhar esta notícia