É quase impossível não contemplar possibilidade de recessão no cenário global, diz Nilton David | Finanças

Sobre o cenário global atualmente, que contempla a política de tarifas comerciais dos Estados Unidos, o diretor ressaltou que haverá uma redução da atividade na maior economia do mundo e “provavelmente para o resto do planeta”.

David destacou que as tarifas miram a segunda maior economia do planeta, a China. “É redução de nível de atividade nos Estados Unidos com certeza, provavelmente para o resto do planeta, estamos falando de 25% do PIB mundial, 10% do comércio”, disse David.

As tarifas foram miradas na segunda maior economia do planeta, então temos 40% do PIB mundial nessa bagunça, por assim dizer. Então é quase impossível não contemplar a possibilidade de ter uma recessão”, acrescentou David.

O diretor pontuou que é “impossível” que a situação não permeie a economia brasileira. “Então sim, esperamos que isso seja uma fonte de desaquecimento em nível de atividade também”, disse.

David ressaltou que os Estados Unidos e China, cada país tem por volta de 10% do comércio global. “Por agora só quero relembrar a todo mundo que é difícil garantir que o que vimos nas últimas duas ou três semanas vai ser a norma”, disse.

O diretor ressaltou que a informação até agora é que vai haver um aumento de preços interno nos Estados Unidos e ao mesmo tempo vai tirar renda disponível nas pessoas de renda mais baixa. “O que vai ser feito com a tarifas ainda não sabemos”, disse.

David apontou que, com o passar do tempo, em vez de a incerteza se reduzir, ela aumentou. “Sabemos que os preços nos Estados Unidos têm que subir, se vai ter inflação ou não, isso ainda vai ser visto por conta da renda disponível sendo tirada”, disse.

No cenário interno, o diretor de política monetária ressaltou que a atividade econômica em um “platô” é um sinal de que a política monetária está funcionando. “Há sinais de que a política monetária está definitivamente funcionando”, disse.

Ao tratar da política monetária, David ressaltou que o entendimento é que está em território restritivo, e já estava na virada do ano, e a decisão foi ir além, e por isso houve a decisão de três altas seguidas de 1 ponto percentual (p.p.).

“Para se ter uma ideia, essa é a política monetária mais restritiva que tivemos em tempos recentes para não dizer décadas”, afirmou.