‘Efeito DeepSeek’ é negativo para o dólar e bom para crescimento global, diz Deutsche Bank | Finanças

Se, em um primeiro momento, a reação do mercado ao anúncio do avanço da chinesa DeepSeek no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial (IA) com menor custo é de forte queda nas ações de tecnologia em Nova York, no longo prazo ela é positiva para o crescimento global, avalia George Saravelos, chefe global de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank. Ele, inclusive, ressalta que o impacto para o dólar é negativo.

Para o estrategista, o surgimento de uma nova tecnologia de IA com custo de desenvolvimento muito mais barato deve ser interpretado como um choque de oferta amplamente positivo. “Os benefícios da IA se disseminariam para a economia global em velocidade mais rápida e em maior escala, permitindo, em última análise, ganhos de produtividade mais rápidos. De uma perspectiva macro global, isso se traduz em maior crescimento, mas menos inflação, em última análise, positivo para os mercados de títulos e ações ao mesmo tempo”, afirma Saravelos em relatório.

Contudo, o estrategista pondera que, se a disseminação da tecnologia for mais global e reduzir uma vantagem tecnológica específica dos EUA, o impacto para o dólar deve ser marginalmente negativo.

Para o curto e médio prazo, Saravelos faz uma analogia clara com a reversão rápida das ações das empresas ‘DotCom’ dos anos 2000, quando um choque externo forçou uma grande queda nas ‘valuations’ e despesas de capital de empresas de tecnologia dos EUA com amplas implicações macroeconômicas.

Saravelos lembra que uma grande liquidação de ações se espalhou para a economia real e levou a uma recessão moderada nos EUA, liderada por uma reversão de despesas de capital. “Por extensão, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ficou mais propenso a cortar juros e o mercado de títulos se recuperou. Já o dólar ficou mais fraco devido a uma queda no fluxo de ações e ao estreitamento dos diferenciais de taxas em relação ao resto do mundo.

“Todos os itens acima precisam ser considerados no contexto de um novo governo dos EUA, com um presidente potencialmente mais ativista, onde adicionaríamos algumas implicações adicionais”, disse ele. Segundo o estrategista, as chances de uma flexibilização fiscal líquida mais agressiva provavelmente aumentariam, assim como as probabilidades de uma política de contenção potencialmente mais agressiva em relação à China, no contexto de uma redução da liderança tecnológica.

E, para ele, “as probabilidades de uma política tarifária mais agressiva para outros países além da China no contexto de maiores vulnerabilidades de crescimento dos EUA diminuiriam”. Ao considerar os pontos acima, Saravelos pondera que o dólar sofreria um impacto negativo.

Fonte: Valor

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