A Embraer tem mantido confiança na sua operação mesmo diante da forte turbulência provocada pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As sinalizações foram dadas pelos executivos da empresa, que estimaram um impacto de 0,9 ponto percentual na margem Ebit (resultado operacional) diante das tarifas.
Em conferência com analistas, nesta terça-feira (6), entretanto, afirmaram que o grupo é capaz de mitigar esse efeito adverso com algumas ações já em andamento. “Ainda não sabemos tudo. Lançamos nossa primeira estimativa. Os 90 pontos base estão mais concentrados na aviação executiva e serviço de suporte”, disse o Antonio Garcia, vice-presidente executivo financeiro e relações com investidores.
O executivo explicou que apesar da sinalização de uma tributação de 10% para os aviões brasileiros, parte significativa das peças usadas na produção por aqui é importada dos Estados Unidos, o que abre espaço para redução do tributo. Segundo Garcia, com isso, a tributação cai para algo na casa de 6%, a depender da aeronave. Além disso, o responsável por pagar o tributo é o importador.
“O primeiro trimestre não foi afetado pelas tarifas. E esperamos um impacto limitado e por isso reiteramos nosso ‘guidance’ [projeção] para o ano”, disse Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer.
Sobre a manutenção das projeções, o vice-presidente financeiro disse que a empresa já havia liberado uma projeção modesta. Na época, entretanto, a preocupação estava mais ligada a questões inflacionárias.
“A companhia decidiu esperar e ver o que acontece. Não crescemos capacidade sem uma visão clara”, disse. “Como uma empresa brasileira, temos crises todos os anos. Não sabemos todos os efeitos. Ainda é prematuro. Por isso que, se a gente encontrar algo diferente no segundo ou terceiro trimestres, vamos lançar novos números”, disse.
A empresa fechou o primeiro trimestre com a maior receita desde 2016, totalizando R$ 6,4 bilhões, alta de 44% na comparação anual. O Ebit ajustado atingiu R$ 359 milhões, com margem de 5,6% no trimestre. No período, a margem Ebitda ajustada foi de 9,7%, a maior dos últimos cinco anos.
O grupo registrou ainda sua maior carteira de pedidos na história, totalizando US$ 26,4 bilhões. A companhia também reiterou suas projeções para 2025, em que prevê entregas entre 77 e 85 aeronaves na aviação comercial. Já na executiva a previsão é entregar entre 145 e 155 aeronaves.
Fonte: Valor