Um curso de escrita oferecido pela BBC tem uma professora inusitada: a autora Agatha Christie. Só tem um detalhe: a inglesa, uma das maiores best-sellers de todos os tempos, faleceu em 1976. Trata-se de uma versão recriada com auxílio de inteligência artificial.
São 11 aulas sobre escrita de mistérios, especialidade da criadora de Assassinato no Expresso do Oriente. Segundo a BBC, o conteúdo foi retirado de escritos e entrevistas com a própria Agatha, com curadoria de especialistas em sua obra.
A masterclass, oferecida no serviço BBC Maestro, foi autorizada por familiares e pelo espólio da autora. Uma das exigências era que a IA fosse usada somente para recriar sua aparência e voz. Todas as dicas e conselhos de escrita presentes no curso seriam da própria Agatha.
Como Agatha Christie foi recriada?
Para desenvolver essa versão da escritora, a equipe utilizou imagens licenciadas, filmagens e gravações de áudio restauradas. Mas o vasto material não seria suficiente, ainda era preciso uma pessoa real atuando como Agatha.
Assim, entrou em cena a atriz Vivien Keene. Ela estudou os registros disponíveis para reproduzir os maneirismos e expressões faciais da autora. Sua performance foi sobreposta pela recriação do rosto e da voz de Agatha Christie.
A técnica é semelhante à que foi usada na propaganda estrelada pela cantora Elis Regina, em 2023. Na época, o deepfake levantou discussões éticas sobre o uso de pessoas mortas na publicidade.
Curiosamente, no caso do curso de escrita da BBC Maestro, a palavra “deepfake” não é usada. No site, o conteúdo é descrito como tendo melhorias visuais e de áudio feitas com IA.
A explicação para isso pode ser o peso negativo da tecnologia de deepfake, frequentemente associada em crimes. Explicar a recriação de Agatha Christie em termos mais genéricos, simplesmente a partir de “inteligência artificial”, evitaria associações problemáticas.
O vídeo abaixo detalha o processo e mostra parte do resultado (ainda um pouco esquisito, vamos combinar).
Fonte: Tecnoblog
